
Não há nada mais insuportável, cansativo, nauseante e tedioso do que debater teologia com zumbis tridentinos, daquele estilo papagaio que só sabe repetir os devaneios e sandices dos tios Paulos: o Leitão e o Ricardo. A lavagem cerebral feita na cabeça dos fanáticos é tão evidente que não importa o conteúdo do post, eles sempre repetem as mesmas coisas já explicadas e refutadas milhões e milhões de vezes: cânon e divisão. Isso foi tudo o que eles aprenderam do titio Paulo Ricardo e do titio Paulo Leitão. Então o zumbi tridentino age da seguinte maneira:
a) Entre em um artigo qualquer, de qualquer tema que seja.
b) Não leia absolutamente nada do que foi escrito no artigo.
c) Não refute absolutamente nada do que foi escrito no artigo.
d) Vá direto correndo para a caixa de comentários praticar trollagem e vandalismo.
e) Fale sobre o cânon bíblico, a divisão protestante, ou as duas coisas juntas (mesmo se o artigo tratar sobre qualquer outro tema, não importa).
f) Se for possível, acrescente que o protestante é um “filho da serpente” e um “descendente do dragão”, para garantir que você é um demente mesmo.
g) Mantenha a pose arrogante, como se você tivesse mesmo refutado alguma coisa na vida.
Todos, repito, TODOS os comentários feitos por católicos neste blog desde a sua fundação seguem este esquema. Dos milhares de comentários já feitos, não tem UM ÚNICO que não siga à risca o esquema da lavagem cerebral repetida à exaustão pelos zumbis tridentinos. Agora veio mais um com um “desafio”, em um artigo que trata sobre confissão auricular:
“Lendo um dos seus artigos vc disse que Irineu de Lião era adepto do sola scripture...no entanto, quando Irineu estava vivo o cânon nem havia se formado. Ou seja, não existia Bíblia. Como então Irineu pode ser adepto de algo que nem existia? Me mostre qual era o Novo Testamento que Irineu seguia”
Vou ignorar o fato de que nenhum zumbi tridentino sabe o que Sola Scriptura significava para os reformados, porque 100% deles acham que se não tem cânon na Bíblia então lá se foi a Sola Scriptura. Dá pena. Este aí está mais perdido ainda, porque nem escrever “Sola Scriptura” sabe, colocando um “e” no final. Na cabeça do sujeito, “não existia Bíblia” antes do cânon ter “se formado”, ou seja, a Escritura passou a surgir em um passe de mágica a partir do dado momento em que o concílio de Hipona (393) decidiu que “existiria”. É tanta canalhice que não perde em nada para as teorias da conspiração neo-ateístas, de que “Constantino inventou a Bíblia”, e sandices semelhantes. E o camarada, por fim, solta a pérola de que Irineu não podia crer na Sola Scriptura, já que o cânon não estava totalmente formado na época!
São tantas tolices que eu mal consigo pensar por onde começar. Vamos começar assim: a Escritura já existia na época de Irineu, o que não existia ainda era a delimitação final do cânon, mas ninguém da época precisava esperar por séculos até um concílio se reunir e tratar a questão para finalmente descobrir: “Puxa vida, isso daqui é Escritura!”. Na cabeça do papista, ninguém podia reconhecer por exemplo que o Evangelho de Lucas era “Escritura”, até que o bendito concílio de Hipona se reunisse e decidisse que “é Escritura”. A Escritura, na cabeça do papista, surge em um passe de mágica, de uma hora pra outra. Ninguém fazia a mínima ideia do que era Escritura e do que não era, e de repente puft – este livro se torna “Escritura”!
É lógico que nem os apóstolos nem os Pais da Igreja de data anterior ao concílio de Hipona pensavam desta maneira. Pedro não precisou esperar concílio nenhum para escrever claramente que as epístolas de Paulo eram “Escritura”, assim como os escritos do Antigo Testamento:
“Tenham em mente que a paciência de nosso Senhor significa salvação, como também o nosso amado irmão Paulo lhes escreveu, com a sabedoria que Deus lhe deu. Ele escreve da mesma forma em todas as suas cartas, falando nelas destes assuntos. Suas cartas contêm algumas coisas difíceis de entender, as quais os ignorantes e instáveis torcem, como também o fazem com as demais Escrituras, para a própria destruição deles”(2ª Pedro 3:15-16)
O apóstolo Paulo também não precisou esperar concílio nenhum para saber que o evangelho de Lucas era Escritura:
“Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino. Pois a Escritura declara: ‘Não amordaces o boi, quando pisa o trigo’. E ainda:‘O trabalhador é digno do seu salário’” (1ª Timóteo 5:18)
A primeira citação da “Escritura” encontra-se em Deuteronômio 25:4, mas a segunda, “o trabalhador é digno do seu salário”, não se acha em nenhum lugar do Antigo Testamento. Ela ocorre, porém, em Lucas 10:7, que diz:
"Ficai nessa casa, comendo e bebendo do que eles tiverem; pois o trabalhador é digno do seu salário. Não andeis de casa em casa” (Lucas 10:7)
Portanto, Paulo não precisou esperar até o ano 393 para “descobrir” que o evangelho de Lucas era Escritura Sagrada. Ele já sabia, mesmo sem concílio nenhum ter se reunido para tratar a questão!
Ao avançarmos para os escritos dos primeiros Pais, vemos o mesmo cenário aparecendo. Policarpo (69-155), que conviveu com João, já considerava as epístolas de Paulo como “Escritura”, pois ele disse:
“Creio que sois bem versados nas Sagradas Letras e que não ignorais nada; o que, porém, não me foi concedido. Nessas Escrituras está dito: ‘Encolerizai-vos e não pequeis, e que o sol não se ponha sobre vossa cólera’. Feliz quem se lembrar disso. Acredito que é assim convosco”[1]
Onde encontramos a referência que Policarpo diz que era da Escritura?
Aqui:
“...Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira” (Efésios 4:26)
Policarpo precisou esperar até o concílio de Hipona (em 393) para então começar a citar algo do Novo Testamento como “Escritura”? Não. Ele já sabia que Efésios era, mesmo sem concílio nenhum ter se reunido para tratar a questão! Por que os apologistas católicos não condenam Policarpo, alertando que “não existia Escritura” naquela época? Por que Policarpo cita algo do Novo Testamento como Escritura, se nosso amigo católico garante que não era possível saber o que era Escritura até finais do século IV, quando de repente “surgiu” a Bíblia?
Eu não vou perder tempo mostrando todas as outras milhares de citações dos Pais da Igreja mencionando o Novo Testamento como Escritura muito antes do concílio de Hipona. Para não tornar este artigo demasiadamente longo, passarei aqui apenas a lista de Atanásio (296-373), que corresponde aos exatos 27 livros que temos hoje em nossas Bíblias. Atanásio declara:
“Não é tedioso repetir os [livros] do Novo Testamento. São os quatro Evangelhos, segundo Mateus, Marcos, Lucas e João. Em seguida, o Atos dos Apóstolos e as sete Epístolas [chamadas ‘católicas’], ou seja: de Tiago, uma; de Pedro, duas; de João, três; de Judas, uma. Em adição, vêm as 14 Cartas de Paulo, escritas nessa ordem: a primeira, aos Romanos, as duas aos Coríntios, uma aos Gálatas, uma aos Efésios, uma aos Filipenses, uma aos Colossenses, duas aos Tessalonicenses, uma aos Hebreus, duas a Timóteo, uma a Tito e, por último, uma a Filemom. Além disso, o Livro da Revelação de João”[2]
Atanásio morreu décadas antes do concílio de Hipona se reunir, e já sabia perfeitamente bem quais eram os livros do Novo Testamento. O jeito que ele se expressa passa nitidamente a noção de que os cristãos já sabiam há muito tempo quais eram os livros do Novo Testamento, porque ele começa dizendo que “não é tedioso repetir os livros do Novo Testamento...”, passando claramente a ideia de que os cristãos daquela geração já sabiam perfeitamente bem quais eram os livros, tanto ao ponto de chegar a ser tedioso repetir a lista!
Não obstante, na cabeça dos zumbis tridentinos, foi somente em Hipona, décadas e décadas mais tarde, que de repente “surgiu” a Escritura, em um passe de mágica, ao maior estilo adbacadabra. Alguém precisa urgentemente ensinar história da Igreja a este povo, que os liberte do lixo superficial e mentiroso oferecido pelos “Paulos”.
Mas e quanto a Irineu? Embora Irineu claramente já admitisse a existência da Sagrada Escritura e muitos de seus livros, é perfeitamente razoável que alguns poucos livros canônicos fossem considerados “duvidosos” para ele, porque o Cânone de Muratori, na mesma época de Irineu, considerava canônicos quase todos os livros do Novo Testamento que temos hoje, com exceção da epístola aos Hebreus e de 3ª João, que não são mencionados. Supondo que Irineu também tivesse dúvidas quanto a Hebreus e a 3ª João, será que isso impugna a Sola Scriptura? Só se for no mundo de fantasia romanista.
Dizer que a Escritura não existia só porque naquela época alguns poucos livros do Novo Testamento ainda tinham canonicidade incerta seria o mesmo que dizer que a Igreja Católica Romana também não existia antes do século XIX, porque só dali em diante que surgiram dogmas como a infalibilidade papal, a imaculada conceição e a assunção de Maria. Mas nenhum católico romano admitiria uma conclusão dessas. Para eles, a Igreja Romana já existia mesmo antes destas três doutrinas serem tidas como dogmas na Igreja. Perceba então a “lógica” do papista: a Igreja Romana já existia antes destas três doutrinas serem tidas como dogmas, mas a Escritura “não existia” antes de Hebreus e 3ª João serem tidos como canônicos. Alguém antes do século XIX podia crer na Igreja Romana (mesmo sem os dogmas mais recentes), mas ninguém antes do século IV podia crer na Escritura.
Se isso ainda não ficou claro o suficiente, pensemos na analogia da casa. Eu já vivo nesta casa há doze anos, mas nos primeiros anos ela só tinha a parte inferior, e a parte superior só foi construída depois de uns cinco anos. Será que alguém que não fosse demente afirmaria que “não existia casa” nos primeiros cinco anos, e que eu não morava em “lugar nenhum” por causa disso? Será que alguém seria tão insano em supor que a minha casa só passou a existir depois que a parte de cima foi construída também? É lógico que não (a não ser que você seja um zumbi tridentino).
Eu morava somente na minha casa, mesmo antes dela se tornar “completa” como está hoje. Da mesma forma, os cristãos da época de Irineu criam somente na Escritura, mesmo antes dela se tornar “completa” como está hoje. A verdade é bastante simples para quem não está desesperado em corrompê-la a fim de seguir os “Paulos”.
Mas como ter certeza que Irineu cria mesmo na Sola Scriptura? Primeiro, ele disse que as Escrituras são o pilar e o fundamento da nossa fé:
"De nada mais temos aprendido o plano de nossa salvação, senão daqueles através de quem o evangelho nos chegou, o qual eles pregaram inicialmente em público, e, em tempos mais recentes, pela vontade de Deus, nos foi legado por eles nas Escrituras, para que sejam o fundamento e pilar de nossa fé”[3]
Segundo, ele cria que a doutrina tinha que estar em diligente harmonia com as Escrituras, sem adição nem subtração:
"O verdadeiro conhecimento é a doutrina dos apóstolos, e a antiga constituição da Igreja em todo o mundo, e a manifestação distinta do Corpo de Cristo conforme as sucessões dos bispos, pelas quais eles transmitiram aquela Igreja que existe em todos os lugares, e chegou até nós, sendo guardada e preservada sem nenhuma falsificação nas Escrituras, por um sistema muito completo de doutrina, e sem receber adição nem subtração; e a leitura [da Palavra] sem falsificação, e uma exposição lícita e diligente em harmonia com as Escrituras, sem perigo nem blasfêmia, e o preeminente carisma do amor, o qual é mais precioso do que o conhecimento, mais glorioso do que a profecia, e que excede todos os outros dons"[4]
Terceiro, Irineu cria que na Escritura estava toda a doutrina que Jesus ensinou:
“Leia com maior diligência aquele evangelho que nos foi dado pelos apóstolos; e leia com maior diligência os profetas, e você encontrará cada ação e toda a doutrina de Nosso Senhor neles pregados”[5]
Quarto, Irineu rejeitava as tradições orais dos gnósticos, porque elas não estavam de acordo com a Escritura:
“Leem coisas que não foram escritas e, como se costuma dizer, trançando cordas com areia, procuram acrescentar às suas palavras outras dignas de fé, como as parábolas do Senhor ou os oráculos dos profetas ou as palavras dos apóstolos, para que as suas fantasias não se apresentem sem fundamento. Descuidam a ordem e o texto das Escrituras e enquanto lhes é possível dissolvem os membros da verdade. Transferem, transformam e fazendo de uma coisa outra seduzem a muitos com as palavras do Senhor atribuídas indevidamente a fantasias inventadas”[6]
Quinto, Irineu repudiava aqueles que acrescentavam algo que não estava no evangelho:
“São, pois, fúteis, ignorantes e presunçosos os que rejeitam a forma sob a qual se apresenta o evangelho, ou introduzem no evangelho um número de figuras maior ou menor do que o referido”[7]
Sexto, sempre quando Irineu falava da tradição ele se referia a uma tradição bíblica, e nuncaa uma tradição oral fantasmagórica que supostamente dá base a um monte de doutrina que não se encontra na Bíblia. Quem quiser conferir isso, é só ler este artigo:
E, por fim, todos os outros Pais da Igreja criam no mesmo conceito de Irineu: da Escritura como sendo a autoridade suprema e final, e da tradição como submetida à Bíblia e a ela condicionada. Embora eu saiba que será totalmente inútil eu passar o link do meu livro que nenhum zumbi tridentino irá ler (mas que irá criticar assim mesmo) já que a lavagem cerebral implica em só ler o material dos “Paulos”, ainda assim irei passar aqui para os evangélicos que se interessam pelo tema, e também para os católicos honestos (não-tridentinos):
O problema dos tridentinos é que eles se deixam doutrinar pelos “Paulos” errados. Se ao invés do Ricardo e do Leitão ouvissem mais o apóstolo com o mesmo nome, não estariam postando sandices aqui, mas se convertendo a Jesus Cristo.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
Por Cristo e por Seu Reino,
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