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O que diz o livro que os católicos citam sem ler

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Há poucos dias publiquei aqui o artigo intitulado "A terrível, monstruosa e abominável Inquisição Protestante", onde investigo o principal livro utilizado pelos apologistas católicos para sustentar – mediante um único parágrafo pincelado, distorcido e recortado – a existência de uma suposta “inquisição protestante”, da qual o autor do livro realmente nunca falou. Como eu mostrei no artigo em questão, o autor citado pelos apologistas católicos para embasar uma suposta “inquisição protestante”:

Nunca descreveu a guerra dos camponeses como sendo uma “inquisição”, muito menos protestante.

Nunca disse qualquer coisa sobre aquilo ser fruto de intolerância religiosa (os camponeses eram, inclusive, simpatizantes de Lutero, que tentava convencê-los na base do diálogo a deixar a bandidagem).

Nunca retratou esses camponeses como “inocentes”. Ao contrário: disse que eram bandidos, saqueadores, que depredavam as igrejas, quebravam as imagens, destruíam as bibliotecas e tentavam criar uma «nova sociedade comunista-terrorista»!

Nunca disse que Lutero foi o “responsável” pela morte dos camponeses no campo de batalha. Ao contrário, disse que a opinião de Lutero era irrelevante, porque de qualquer forma os príncipes iriam defender seus territórios assim mesmo.

Nunca disse que Lutero cometeu um erro ao ficar do lado do poder civil e contra os camponeses revolucionários. Ao contrário, ressaltou que Lutero era um exemplo de caráter, genuíno, espiritual e digno de estima.

Mas para expor de uma vez por todas ainda mais a safadeza e canalhice de Fernando Nascimento, Montfort, Paulo Leitão, Cris Macabeus, Oswaldo Garcia e o caramba a quatro que copiam a mesma citação em todos os sites católicos do Brasil (sem jamais terem lido o livro que citam em seus artigos), vou transcrever aqui para os católicos o que este livro que eles citam diz, para que eles pensem duas vezes antes de continuar usando este historiador como autoridade.


O que Veit Valentin tem a dizer sobre a jurisdição do bispo de Roma no início da Igreja:

“Uma contingência memorável e única tinha feito papa do bispo de Roma – desse bispo que no começo era só um bispo como os outros e que dentro em pouco gozou dum imenso prestígio como senhor da comunidade da velha capital do mundo, como dirigente da ação dos estados dos príncipes apostólicos”[1]


O que Veit Valentin tem a dizer sobre as falsificações da Igreja Romana:

“Por esse tempo deu-se em Roma também uma das mais célebres falsificações da história, a chamada Doação de Constantino, pela qual Constantino, o Grande, conferia ao papa ascendência sobre todos os patriarcas, concedia-lhe inúmeras honrarias e presenteava-o com a posse de toda a Itália e territórios ocidentais. Essa falsificação mostra a que extremos as ambições de poder do papa poderiam chegar[2]


O que Veit Valentin tem a dizer sobre a criação da Igreja Romana atual:

“Havia muito que fazer: a muito recomendada ruptura com a Igreja grega [em 1054 d.C] foi agora definitivamente ultimada, o que tornou possível a criação da nova Igreja Romana, sem nenhuma ligação com a outra[3]


O que Veit Valentin tem a dizer sobre o progresso nos países católicos-romanos medievais:

“Bizâncio e reinos islamitas apresentavam, comparados com a modéstia agrária e atraso dos Estados germânicos, especialmente os do norte dos Alpes, economicamente uma enorme superioridade”[4]

“Esse mundo oriental, a cujas portas estava Constantinopla ávida de lucros, parecia ao primitivo e rude mundo ocidental como um empório inesgotável dos tesouros da terra!”[5]


O que Veit Valentin tem a dizer sobre a sede de poder dos papas:

“O papado, assim se expressou ele [Inocêncio III], está colocado entre Deus e a humanidade como o governo de Cristo; exerce por isto o verdadeiro principado sobre toda a terra, tem o direito de admoestar todos os cristãos e por isto o direito de arbitragem e o de exercê-lo em todas as disputas profanas e perante todos os governos terrenos. O papa é ao mesmo tempo o bispo máximo e o imperador sobre a terra. Era a velha doutrina do imperador e Sumo Pontífice”[6]

“Herdeiro do antigo poder absoluto romano, profeta espiritual e temporal, exercendo uma soberania ao mesmo tempo ocidental e ecumênica. O papa [Gregório VII], foi ele o primeiro que o quis e conseguiu, seria o rei dos reis e imperador dos imperadores; assim como todo o sacerdote deve ter primazia sobre o rei e o duque e o papa sobre todos os poderes terrestres. Se São Pedro é o senhor do mundo terreno e os apóstolos dispõem do céu e da eternidade com tanto mais certeza disporão das coisas deste mundo, dos seus bens e de tudo o que diz respeito à vida secular”[7]

“O papa, como senhor absoluto, impunha sua autoridade sobre todas as coisas, a vida e a salvação eterna e podia exercer uma influência decisiva sobre os destinos humanos, o prestígio, a felicidade conjugal, o sucesso e até obre as consciências, os bispos, abades, padres até ao último capelão dentro dos limites de suas circunscrições não só exigiam o respeito natural, como a obediência incondicional”[8]


O que Veit Valentin tem a dizer sobre o saque de Constantinopla:

“Constantinopla foi ultrajada e saqueada. Cristãos romanos se atiraram com incrível ferocidade contra os cristãos gregos, para eterna vergonha de sua confissão e de seus créditos de cavaleiros. Nesta rapina ignominiosa perderam-se tesouros insubstituíveis, herança da antiguidade. Mais ainda, a Roma Ocidental vingava-se tardiamente da Roma Oriental, destruía na sua cegueira o último baluarte do Império contra o islamismo e erigia em lugar do enfraquecido Império grego algo muito mais fraco: aquele Império latino, uma instituição artificial, improvisada com elementos heterogêneos, balda de ideias e tradições, uma criação inerte”[9]


O que Veit Valentin tem a dizer sobre o dízimo cobrado pela Igreja Católica:

“A Igreja manteve por toda a parte com grande êxito a luta pelos dízimos. Donativos, dispensas, as espórtulas e os emolumentos dos serviços espirituais aumentavam notavelmente as rendas do clero”[10]


O que Veit Valentin tem a dizer sobre a falsificação de relíquias medievais:

“A feição mais triste do mundo religioso da época era a falta de escrúpulos com que se falsificavam relíquias e documentos muitas vezes dum modo lamentavelmente grosseiro, outras com perfeição, mas que a escassa crítica dos tempos deixava passar como provas suficientes para justificar uma veneração ou assegurar o direito a uma posse. A própria Cúria romana dava disso o mais eloquente exemplo”[11]


O que Veit Valentin tem a dizer sobre a perseguição da Igreja Católica aos valdenses:

“Diante da crescente secularização e corrupção tinha que acentuar-se a necessidade dum espírito e dum modo de proceder mais verdadeiramente cristãos. Um mercador lionês, Pedro Valdo, distribuiu todos os seus bens em 1173 e entregou-se a uma vida de pobreza apostólica, mendigando e pregando a penitência. Muitos aderiram a ele e, embora perseguidos, conseguiram manter-se nos vales alpinos ocidentais mais obedientes ao seu Deus do que aos homens”[12]


O que Veit Valentin tem a dizer sobre a perseguição da Igreja Católica aos albigenses:

“Recorreu à abominável matança de inocentes sob a liderança de clérigos, complicando-se a luta com a mistura de interesses inteiramente seculares e ambições de mando e predomínio e deixando cair devastado nas mãos dos monarcas franceses o belo e infeliz Meio-dia. Tudo isso se fez em nome e sob sinal da cruz! Talvez tenha sido ainda mais vergonhoso o extermínio dos infelizes camponeses ‘stadinghs’ pela cruzada contra eles. Não quiseram pagar o dízimo ao arcebispo de Bremen e foram por isso eliminados como hereges”[13]


O que Veit Valentin tem a dizer sobre a Inquisição:

“O frade espanhol Domingos fez da luta contra os hereges a tarefa primordial de sua vida. Um homem douto, combativo, pregador emérito, organizador incomparável – a Ordem Dominicana era obra instituída de conformidade com princípios de direito romano pela Cúria, para combater a heresia. Conrado de Marburgo, o fanático e bárbaro carcereiro de Sta. Izabel, inebriou-se com as sangrentas fantasias da cruzada como primeiro inquisidor alemão. O Santo Ofício quase não permitia a defesa do infeliz acusado; recorria à prova do fogo e da água, à tortura também e servia-se dum abominável sistema de espionagem contra o qual nenhum velho costume tradicional e nenhum resto de antigas crenças estava seguro, mandava os culpados para a fogueira do poder civil e enriquecia-se com uma parte de seus bens. As consequencias desse terror tinham que ser a destruição do sentimento de justiça, o ódio e o pavor”[14]


O que Veit Valentin tem a dizer sobre a cristandade romana:

“A cristandade romana era unidade e caos, ambicionava o domínio universal e estava manchada pelo fraticídio, afirmava a sagrada justiça com a autoridade da espada, mas suspirava realmente entre a contradição dos dois direitos, o canônico e o temporal”[15]

“A alegre tranquilidade e a segurança tornaram-se uma irrealidade, a vida conforme a harmonia terrena e divina só pôde ser realizada por alguns indivíduos ou grupos. Para a coletividade deixara de existir, para ela só ficara a velha senda do vácuo. A realidade tornou-se dura, bárbara, em parte desenfreada e malfazeja. A Igreja Romana não pôde absolutamente, com o seu estilo de Cristianismo, criar uma forma tolerável, absolutamente superior para a vida da humanidade em comum. E por isso nesta transição de época reinam o desespero, a perturbação, a renúncia ao antigo. Contra a Igreja pontífica surge a reforma confessional, contra o império a instituição dos principados, contra a universidade da cristandade latina a evolução nacional das culturas particulares dos povos, contra o feudalismo agrário o espírito mercantil burguês das cidades, contra o escolasticismo dos teólogos a livre investigação científica”[16]

“O respeito nas famílias estava muito fora de moda. Os filhos riam dos pais. A rebelião do filho contra o pai era comum na Idade Média, isto agora porém era novidade. O matrimônio era desdenhado como uma servidão desprezível; a Igreja Romana, mesmo com a santificação do matrimônio como um sacramento, nunca conseguiu alcançar a realização prática da monogamia”[17]


O que Veit Valentin tem a dizer sobre a perseguição a Wycliffe e seus seguidores:

“Os tribunais de heresias perseguiam desapiedadamente o espírito de Oxford. Muitos de seus membros foram abalados por terríveis ameaças, outros foram queimados; a despeito dessas perseguições os adeptos de Wycliffe, os Lollards, mantiveram-se fieis à doutrina de seu grande pregador; até ao fim do século quinze o lollardismo continuou como uma corrente subterrânea, e o espírito do grande reformador preparou o caminho para a Reforma”[18]


O que Veit Valentin tem a dizer sobre a venda de indulgências:

“O comércio das indulgências era, havia muitos anos, uma fonte de lucros para a Igreja Romana. Que o jovem príncipe Hohenzollern Alberto, arcebispo eleitor de Maiença, tivesse de pagar a Cúria devido à acumulação de cargos uma contribuição extra de 10.000 ducados e que para pagar a metade dessa soma se tivesse comprometido a vender as indulgências concedidas pela Bula o Jubileu da Igreja de S. Pedro não tinha em si nada de extraordinário; mas os abusos, a má aplicação do produto desse comércio, exploração da ingênua credulidade por intermédio de grosseiros propagandistas da Ordem Dominicana podiam proporcionar os elementos para uma eficiente e justificada campanha”[19]


O que Veit Valentin tem a dizer sobre Lutero e o luteranismo:

“Sua influência crescia, todos lhe pressentiam a superioridade não só no saber, e na consciência, como no caráter. O caráter alemão personificado em ação, genuíno, desprendido, espiritual, sobretudo moralmente seguro de si, impregnado do sentimento nacional, estava concentrado nele humana e espontaneamente e por isso mesmo mais arrebatador”[20]

“Surgiu assim a nova doutrina do verdadeiro Cristianismo. O que ele aspirava sempre, o que continuava pedindo, foi e ficou sendo espiritual, a pureza religiosa devia ser recuperada, independente da hierarquia. Das forças temporais não esperava senão a proteção para essa liberdade cristã”[21]

“Lutero, este verdadeiro alemão, é, num sentido elevado, digno de estima. Nele cascateava caudalosa a torrente de Deus; nisto foi único, não tendo tido sucessores”[22]

“O luteranismo conservou sempre algo de quietista; era, se não um isolamento monástico do mundo, um isolamento do grande no pequeno mundo, um renunciar às lutas políticas históricas para entregar-se ao tranquilo convívio de todos os dias com os seus pequenos e agradáveis prazeres”[23]


O que Veit Valentin tem a dizer sobre o trabalho na perspectiva protestante:

“Se o supremo ideal católico era o ascetismo, a fuga do mundo, o protestantismo adquire no novo conceito de profissão uma consagração do trabalho cotidiano, dignifica-o, elevando-o como algo altamente moralizador, como algo que deve ser feito espontaneamente. Lutero na sua tradução da Bíblia dera à palavra ‘profissão’ esta nova e eloquente significação. Não é o moderno capitalismo como tal que tem um pronunciado caráter protestante e sim esse sentido ético do ofício, da profissão, que, alheio aos gozos da vida, é a afirmação do trabalho metódico racional como tal”[24]


O que Veit Valentin tem a dizer sobre o caráter e o modus operandi de Inácio de Loyola:

“Realiza-se assim com desígnio político, uma racionalização de toda a ética, perigosa não só pelos processos como pela degeneração que podem facilmente produzir-se. O próprio Loyola declarava explicitamente que para combater o demônio podia-se recorrer a todos os meios de que este se servia para perder as almas”[25]


O que Veit Valentin tem a dizer sobre o massacre dos protestantes na Noite de São Bartolomeu:

“Foi esse negregado acontecimento histórico, manchado pela mais bestial sede de sangue e cegueira, pela vil cobiça pessoal e vergonhoso regozijo pelo mal alheio, um triunfo político para a causa do catolicismo”[26]

É nisso que dá quando um bando de jumentos copia uns dos outros um trecho recortado e distorcido de um livro que eles nunca leram, citando como autoridade um autor que desce o cacete no catolicismo no livro todo, e que jamais compactuaria com o revisionismo hipócrita desses “apologistas” de meia tigela.

Toda vez que você ver analfabetos obscenos como o Macabeus, velhacos moribundos como o Fakenando, palhaços de circo como o Leitão e astronautas como o saco de pancadas oficial do protestantismo citando o mesmo trecho recortado do mesmo livro, pode apostar duas coisas: que nenhum deles leu o livro e que estão citando como autoridade um autor que desconhecem completamente, cruzando os dedos e rezando o terço para que ninguém leia o livro citado e desmascare a fraude.

A não ser que os palhaços da apologética católica estejam dispostos a admitir cada palavra que Veit Valentin citou no livro que eles não leram – inclusive que a Igreja Católica falsificava documentos, assassinava inocentes, promovia chacinas, recorria à tortura, lucrava com venda de indulgências e fomentava o terror –, que deixem de citar como autoridade um autor que teria nojo de uma apologética tão nefasta, mentirosa, falsa e descarada como a moderna apologética católica no Brasil, representada por sujeitos da mais baixa índole e moral.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,


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[1] VALENTIN, Veit. História Universal – Tomo I. 6ª ed. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1961, p. 262.
[2]ibid, p. 264-265.
[3]ibid, p. 302.
[4] VALENTIN, Veit. História Universal – Tomo II. 6ª ed. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1961, p. 20.
[5]ibid, p. 21-22.
[6]ibid, p. 42-43.
[7] VALENTIN, Veit. História Universal – Tomo I. 6ª ed. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1961, p. 306-307.
[8] VALENTIN, Veit. História Universal – Tomo II. 6ª ed. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1961, p. 60.
[9]ibid, p. 45-46.
[10]ibid, p. 59.
[11]ibid, p. 60-61.
[12]ibid, p. 61.
[13]ibid, p. 61.
[14]ibid, p. 62.
[15]ibid, p. 77.
[16]ibid, p. 86.
[17]ibid, p. 96.
[18]ibid, p. 129-130.
[19]ibid, p. 251.
[20]ibid, p. 252.
[21]ibid, p. 257-258.
[22]ibid, p. 274.
[23]ibid, p. 278.
[24]ibid, p. 273.
[25]ibid, p. 288.
[26]ibid, p. 321-322.

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