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Os protestantes odeiam a Virgem Maria?

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Quando estamos debatendo com esquerdistas fanáticos, é comum ter que lidar com dissimulações. Por exemplo, se dissermos que somos contra a homossexualidade ou o casamento gay, o militante LGBT imediatamente nos acusa de sermos homofóbicos e preconceituosos, ainda que ressaltemos um milhão de vezes que não temos nada contra a pessoa em si, mas sim contra a prática. Mas é mais fácil rotular que todos os cristãos “odeiam gays” do que entrar de fato no campo dos debates. Para eles, ou você concorda com a cartilha do ativismo gay, ou você é um “homofóbico”.

A mesma coisa ocorre quando tentamos levar uma discussão sadia com um comunista de carteirinha. Não adianta você discutir sobre livre mercado, liberalismo econômico ou conservadorismo cristão, porque ele só vai entender uma coisa: que você odeia pobres. E mesmo que você prove por A mais B que a sua teoria ajuda mais os pobres do que a dele, ele vai continuar repetindo: você odeia os pobres, odeia os pobres, odeia os pobres. Ou você concorda com o estatismo e socialismo, ou você é da “elite branca opressora”, que, é claro, “odeia os pobres”.

Com os católicos fanáticos é a mesma coisa, só que pior, porque neste caso estamos lidando teoricamente com cristãos (ou pelo menos com quem pensa ser um), os quais já deveriam ter aprendido a não dar falso testemunho. Só que o nível de difamação, vitimização e calúnia entre os fanáticos papistas é muito maior. Os protestantes que não concordam com a idolatria à Maria são rotineiramente taxados de pessoas que “odeiam a Virgem Maria”. Ou você concorda com os dogmas marianos criados tardiamente e que contradizem ferrenhamente a Bíblia, ou você “odeia a Virgem Maria”. É dissimulação e picaretagem que não acaba mais.

No fundo, o militante gay sabe que você não odeia gays, mas ele quer pintar essa imagem assim mesmo, para favorecer seu lobby. O militante comunista também sabe que quem é da direita não “odeia os pobres”, mas ele faz questão de tentar passar essa noção ao público, para passar a ideia de que ele está “do lado do povo”. E, da mesma forma, o católico desonesto que acusa os protestantes de “odiarem Maria” também sabe que nós não a odiamos, mas ele tenta transmitir este conceito assim mesmo, para que todos pensem que ele está no “eixo do bem”, defendendo a dignidade da Virgem, enquanto os protestantes malvados estão no “eixo do mal”, atacando a mãe de Jesus.

Até pouco tempo atrás, eu pensava que este nível de calúnia e falsidade só estava presente em catoleigos debatedores de fundo de quintal que discutem com evangélicos durante o recreio, mas nos últimos dias descobri que até um certo velho decadenteusa este argumento falso e ridículo para atacar os evangélicos. Em seu mural no Facebook, ele repete diversas vezes que está “defendendo a honra da Virgem Maria” contra esses protestantes malignos que “a odeiam”. O interessante é que o charlatão não mostrou nenhuma citação de ódio a Maria vindo de um protestante. Basta um evangélico dizer que “todos pecaram” (Rm.3:23), incluindo Maria, que já é rotulado de “odioso”. Basta a um crente afirmar que Maria não é uma deusa para ser adorada, que o cretino já parte para a vitimização, como se estivessem atacando a “honra” de Maria, e ele, o bom samaritano, fosse lá defendê-la.

Eu debato há muitos anos com católicos, quase todos os dias, e já estou acostumado a lidar com este tipo de dissimulação e picaretagem. Em todo este tempo, eu nunca vi um crente de fato ofender Maria, ou odiá-la. Eu nunca vi um protestante usar os palavrões que o Mestre vomita todos os dias e direcioná-los à Virgem. Eu nunca vi um protestante negar que Maria seja bem-aventurada e agraciada, como diz a Bíblia. Eu nunca vi um evangélico negar que Maria tenha tido um papel especial por ter sido a mãe de Jesus. E no mural do velho decadente, também não vi nenhum exemplo disso. Os evangélicos diziam que é errado adorar Maria, que ela é uma criatura como todos nós, e lá ia o velho dissimulado acusá-los de “odiar a Virgem”.

Tudo não passa de técnicas de persuasão para enganar incautos, numa tentativa infame e descarada de tentar colocar os evangélicos contra a mãe de Jesus e os católicos a favor, para ver se assim consegue ganhar algumas poucas almas à sua causa nefasta antiprotestante. Neste artigo, irei mostrar o que os evangélicos realmente pensam sobre Maria, e veremos que nós não pensamos nada a mais e nada a menos do que a Bíblia afirma a respeito dela. Em seguida, veremos o que os evangélicos pensam que Maria não é, e veremos que nós não creditamos a ela algo que a Bíblia não diz sobre ela – e que os católicos fantasiam, indo “além daquilo que está escrito” (1Co.4:6).


O que os evangélicos creem sobre Maria

Nós, cristãos evangélicos, não temos absolutamente nenhum problema ou hesitação em afirmar sobre Maria aquilo que a Bíblia efetivamente diz que ela foi. A Bíblia diz que Maria era bendita entre as mulheres, e nós concordamos:

“Em alta voz exclamou: Bendita é você entre as mulheres, e bendito é o filho que você dará à luz!” (Lucas 1:42)

A Bíblia também diz que Maria era “agraciada” ou “cheia de graça” (dependendo da tradução polêmica do kecharitomene), e nós concordamos:

“O anjo, aproximando-se dela, disse: ‘Alegre-se, agraciada! O Senhor está com você!’ Maria ficou perturbada com essas palavras, pensando no que poderia significar esta saudação. Mas o anjo lhe disse: ‘Não tenha medo, Maria; você foi agraciada por Deus!’” (Lucas 1:28-30)

A Bíblia diz que Maria seria chamada de “bem-aventurada” por todas as gerações, e nós concordamos, e consideramos Maria certamente muito bem-aventurada:

“Então disse Maria: ‘Minha alma engrandece ao Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, pois atentou para a humildade da sua serva. De agora em diante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada, pois o Poderoso fez grandes coisas em meu favor; santo é o seu nome’” (Lucas 1:46-49)

A Bíblia diz que Maria deu à luz a Jesus enquanto ainda era virgem, e nós concordamos também:

“E José, despertando do sono, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu a sua mulher; e não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe por nome Jesus” (Mateus 1:24-25)

Só pelo fato de Maria ter sido a mãe de Jesus, o Filho de Deus, já seria mais que o suficiente para considerá-la de fato bem-aventurada, bendita e agraciada, como a Bíblia lhe confere. Embora a Bíblia diga que Maria era bendita entre as mulheres, e não mais que as mulheres, eu afirmo sem hesitação que ela era mais bendita que todas as mulheres também, em função deste fato único e singular. E embora a tradução mais provável do kecharitomene seja de “agraciada” e não de “cheia de graça”, eu creio sem sombra de dúvidas que Maria era “cheia de graça” também. E isso não é nenhum recuo: no dia 7 de setembro de 2012 eu já escrevia um artigo afirmando isso, que você pode ler clicando aqui.

Pense comigo: quem é que considera uma pessoa cheia de graça, bendita entre as mulheres, bem-aventurada e serva de Deus, e que a odeia? Quem, em sã consciência, iria “ofender a honra” de alguém para quem tem um apreço tão grande, considerando tudo o que a Bíblia efetivamente diz a seu respeito? Ninguém. No entanto, na cabeça do papista desvairado, “ofender Maria” significa não crer nos dogmas marianos inventados por Roma, que vão totalmente além daquilo que a Bíblia diz a respeito da mãe de Jesus. Como o mariano fanático tem uma imagem em mente na qual Maria é mais que uma mera criatura, mas é como uma deusa, então qualquer evangélico que discorde que Maria seja uma “deusa-mãe” está automaticamente “odiando Maria” (na cabeça do militante católico, é claro).

Isso significa que se você disser sobre Maria tudo aquilo que a Bíblia fala a respeito dela, então você “a odeia”. A Bíblia, por esta ótica, “odeia Maria”, porque nós só afirmamos sobre ela o que a Bíblia diz sobre ela! Afirmar sobre Maria apenas aquilo que a Bíblia diz sobre Maria é odioso, e para “honrar” a mãe de Jesus devemos crer também em todas as tradições romanistas tardias que vão além – e em muitos casos até contrariam – daquilo que a Bíblia diz. É claro que um mariano fanático vai acusar o protestante de ser “biblista”, mas deixe que acusem. É melhor ser um biblista do que ser um idólatra.


O que os evangélicos não creem sobre Maria

O que os evangélicos não creem que Maria seja? Nada a mais do que aquilo que a Bíblia não diz sobre ela, e que a tradição romana extrabíblica arroga a respeito dela. Em primeiro lugar, a Bíblia não diz que Maria foi “a maior criatura terrestre que já existiu”. A Bíblia diz que no tempo da antiga aliança o maior foi João Batista:

"Digo-lhes a verdade: Entre os nascidos de mulher não surgiu ninguém maior do que João Batista; todavia, o menor no Reino dos céus é maior do que ele"(Mateus 11:11)

Em segundo lugar, a Bíblia não diz que Maria foi assunta aos céus de corpo e alma, como afirma a Igreja Romana. Não há base sólida para isso nem na Bíblia, nem na história. Os primeiros Pais da Igreja simplesmente não afirmaram absolutamente nada a respeito de uma “assunção” de Maria, e Epifânio, no século IV, disse explicitamente não saber qual fim que Maria teve. Mesmo assim, em pleno século XX a Igreja Romana teve uma “luz dos céus”, e, de repente, descobriu que Maria foi assunta de corpo e alma, e que agora está intercedendo por nós no Céu! Aquilo que antes era especulação de um ou outro Pai da Igreja de data tardia se transformou, subitamente, em um dogma – daqueles que você precisa crer para não ser considerado um “herege”!

Em terceiro lugar, existem certas passagens na Bíblia que parecem existir justamente com a única finalidade de que ninguém prestasse uma honra maior a Maria do que lhe é devida, porque, embora fosse a mãe de Jesus, ainda não deixava de ser criatura, nem tampouco devia tomar o lugar do Criador. Quando Maria notificou Jesus que não havia mais vinho, ele respondeu desta forma:

"E, faltando vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Não têm vinho. Disse-lhe Jesus: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora. Sua mãe disse aos serventes: Fazei tudo quanto ele vos disser" (João 2:3-5)

Dentre todos de Israel, a pessoa em quem Jesus encontrou mais fé não foi Maria, mas um centurião:

"Ouvindo isto, cheio de admiração, disse Jesus aos presentes: Em verdade vos digo: não encontrei semelhante fé em ninguém de Israel" (Mateus 8:10)

Quando uma mulher tentou glorificar Maria em meio à multidão, Jesus respondeu que todos aqueles que ouvem e praticam a palavra de Deus são bem-aventurados “antes” que Maria:

"E aconteceu que, dizendo ele estas coisas, uma mulher dentre a multidão, levantando a voz, lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que mamaste. Mas ele disse:Antes, bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guarda" (Lucas 11:27-28)

Quando Maria e os irmãos de Jesus lhe buscavam do lado de fora, Jesus não apenas recusou sair, mas colocou sua família espiritual acima de sua família natural, dizendo:

"E a multidão estava assentada ao redor dele, e disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos te procuram, e estão lá fora. E ele lhes respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos? E, olhando em redor para os que estavam assentados junto dele, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Porquanto, qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, e minha irmã, e minha mãe" (Marcos 3:32-35)

O catoleigo, o tridentino e os seguidores do velho decadente geralmente sequer conhecem essas passagens, ou as ignoram, ou tentam perverter grosseiramente o significado óbvio delas, tentando passar um significado totalmente distinto do sentido natural e claro dos textos. Eles fazem isso porque a idolatria a Maria já está tão enraizada em seus corações que não são capazes de admitir as coisas que Jesus disse nos textos acima. Então eles fingem que estes textos não existem, ou os distorcem sem piedade.

O mais engraçado é que o velho decadente pede aos protestantes a prova de que Maria pecou, invertendo pateticamente o ônus da prova. Como Paulo disse que “todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus”(Rm.3:23), o ônus da prova deveria estar com eles, e não conosco. São eles que têm que provar que Maria não faz parte do “todos”, e não nós que devemos provar o óbvio! Mas o charlatão inverte grosseiramente o ônus da prova, pedindo aos protestantes o texto bíblico que mostra o pecado de Maria. A coisa chega a ficar tão ridícula que este senhor não deve nem saber que a Bíblia também não mostra um pecado cometido por Daniel, ou por José, ou por Abel, ou por Estêvão, ou por Esdras, ou por tantos outros personagens bíblicos.

Se alguém pedisse ao velho decadente a prova bíblica de que esses e outros personagens pecaram, ele não teria um texto descrevendo claramente o ato pecaminoso. O católico simplesmente deduz que eles pecaram porque “todos pecaram”. Mas quando a questão chega a Maria, eles invertem o ônus da prova mediocremente, como se fôssemos nós que devêssemos provar que houve pecado, e não eles que devessem provar que não houve! Pelo fato de a natureza humana ser totalmente inclinada ao pecado e de todos terem pecado segundo Paulo, isso já deveria bastar. Mas como se não bastasse, a Bíblia diz claramente que Maria precisava de um Salvador, e quem não tem pecado não precisa de salvação:

“Então disse Maria: ‘Minha alma engrandece ao Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador’ (Lucas 1:46-47)

“Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim para chamar justos, mas pecadores (Marcos 2:17)

Além disso, no Apocalipse ninguém foi achado “digno” de abrir o livro e nem mesmo de olhar para ele, exceto Jesus:

“Vi um anjo poderoso, proclamando em alta voz: ‘Quem é digno de romper os selos e de abrir o livro?’ Mas não havia ninguém, nem no céu nem na terra nem debaixo da terra, que podia abrir o livro, ou sequer olhar para ele. Eu chorava muito, porque não se encontrou ninguém que fosse digno de abrir o livro e de olhar para ele. Então um dos anciãos me disse: ‘Não chore! Eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos’” (Apocalipse 5:2-5)

Além disso, a própria Maria se reconhecia como pecadora pela oferta que deu no templo:

“E para darem a oferta, segundo o que está dito na Lei do Senhor, um par de rolas, ou dois pombinhos” (Lucas 2:24)

Pela lei era desta maneira que era expiada a iniquidade da mulher que tinha dado à luz:

"E, quando forem cumpridos os dias da sua purificação, seja por filho ou por filha, trará um cordeiro de um ano para holocausto, e um pombinho ou uma rola para oferta pelo pecado, à porta da tenda da revelação, ao sacerdote, o qual o oferecerá perante o Senhor, e fará, expiação por ela; então ela será limpa do fluxo do seu sangue. Esta é a lei da que der à luz menino ou menina. Mas, se as suas posses não bastarem para um cordeiro, então tomará duas rolas, ou dois pombinhos: um para o holocausto e outro para a oferta pelo pecado; assim o sacerdote fará expiação por ela, e ela será limpa" (Levítico 2:6-8)

Além disso, em certa ocasião Maria e os irmãos de Jesus achavam que ele estava “fora de si”, isto é, “louco”. Se achar que Jesus está louco não é pecado, então eu não sei o que é:

“Quando seus familiares ouviram falar disso, saíram para apoderar-se dele, pois diziam: ‘Ele está fora de si’ (Marcos 3:21)

“Então chegaram a mãe e os irmãos de Jesus. Ficando do lado de fora, mandaram alguém chamá-lo” (Marcos 3:31)

Note que a Bíblia não faz nenhuma exceção quando diz que os familiares de Jesus achavam que ele estava “fora de si”. Os mariólatras que excetuam Maria são praticantes natos de eisegese, os quais querem injetar no texto aquilo que não está ali.

Por fim, se Maria cumpriu toda a lei, então Jesus sequer era necessário. É exatamente porque ninguém foi capaz de cumprir toda a lei que Deus teve que enviar o Seu Filho unigênito “para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo.3:16). Se Maria, ou qualquer ser humano do mundo tivesse conseguido viver sem cometer nenhum pecado, cumprindo plenamente toda a lei, e ter nascido sem a mancha do pecado original, então Jesus seria desnecessário: bastaria que aquela pessoa morresse e nos salvasse. Não é estranho então que alguns mariólatras mais doentes como Paulo Leitão afirmem sem medo de errar que Maria é “co-redentora” – o que chega a ser blasfêmico (cf. At.4:12).

Pior ainda é ver o velho decadente “desafiando” os protestantes em seu mural, quando ele bloqueia todos os que entram lá para refutar o cretino. Eu vi vários evangélicos postando artigos do meu blog nos comentários. O velhote não refutou nenhum e bloqueou todos. E depois de bloquear todos que o refutam, ainda tem a safadeza de dizer que ninguém o refutou. É canalhice que não acaba mais!

E para piorar ainda mais a situação do idólatra mariano, a Bíblia silencia completamente sobre Maria após os evangelhos. A razão para isso é simples: Maria não tem uma função doutrinária. A doutrina é Cristocêntrica, voltada em Cristo, por Cristo e para Cristo. A mãe de Jesus é citada várias vezes nos evangelhos, especialmente nos contextos que falam do nascimento de Jesus, mas depois disso desaparece lentamente da Bíblia, saindo totalmente de foco.

Em Atos dos Apóstolos, ela só é mencionada uma única vez, logo no início, quando Lucas diz que Maria e os irmãos de Jesus estavam reunidos no cenáculo junto aos discípulos (At.1:13-14). Depois disso, Maria não é mencionada nominalmente nenhumavez em Atos, e também:

• Maria não é mencionada nenhumavez em Romanos.

• Maria não é mencionada nenhumavez em 1ª Coríntios.

• Maria não é mencionada nenhumavez em 2ª Coríntios.

• Maria não é mencionada nenhumavez em Gálatas.

• Maria não é mencionada nenhumavez em Efésios.

• Maria não é mencionada nenhumavez em Filipenses.

• Maria não é mencionada nenhumavez em Colossenses.

• Maria não é mencionada nenhumavez em 1ª Tessalonicenses.

• Maria não é mencionada nenhumavez em 2ª Tessalonicenses.

• Maria não é mencionada nenhumavez em 1ª Timóteo.

• Maria não é mencionada nenhumavez em 2ª Timóteo.

• Maria não é mencionada nenhumavez em Tito.

• Maria não é mencionada nenhumavez em Filemom.

• Maria não é mencionada nenhumavez em Hebreus.

• Maria não é mencionada nenhumavez em Tiago.

• Maria não é mencionada nenhumavez em 1ª Pedro.

• Maria não é mencionada nenhumavez em 2ª Pedro.

• Maria não é mencionada nenhumavez em 1ª João.

• Maria não é mencionada nenhumavez em 2ª João.

• Maria não é mencionada nenhumavez em 3ª João.

• Maria não é mencionada nenhumavez em Judas.

• Maria não é mencionada nenhumavez no Apocalipse (embora os papistas pervertam o sentido de Apocalipse 12 para fazer com que a simbologia aplicada a Israel se relacione à pessoa de Maria – clique aquipara ler a respeito).

A única vez em que Maria aparece indiretamente nas cartas é quando Paulo diz:

“Mas, quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo da lei, a fim de redimir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a adoção de filhos” (Gálatas 4:4-5)

Note que Paulo nem sequer faz questão de citar o nome da mulher. Ele somente diz de passagem que Jesus nasceu “de mulher, debaixo da lei”, para mostrar que Deus quis que Jesus fosse realmente um homem. O foco não ia para Maria nem mesmo quando ela tinha que ser citada! Claramente, a concepção de Paulo era “protestante” (leia-se “Cristocêntrica”), em direto contraste com a visão papista (leia-se “mariocêntrica”).

Quando avançamos para os escritos dos primeiros Pais da Igreja, é o mesmo cenário que sucede. Inácio de Antioquia escreveu sete cartas. Em cinco, Maria nem sequer é mencionada. Ela é citada três vezes na carta aos efésios e uma vez na carta aos tralianos, mas somente de passagem, em contextos onde o foco estava em Jesus, e era apenas dito que ele nasceu de uma virgem chamada Maria. Nenhum dogma mariano é mencionado.

Dos outros Pais da Igreja, o resultado é esse:

• Aristides não cita Maria nominalmente nenhumavez.

• Policarpo não cita Maria nominalmente nenhumavez.

• Clemente de Roma não cita Maria nominalmente nenhumavez.

• Hermas não cita Maria nominalmente nenhuma vez.

• Taciano não cita Maria nominalmente nenhumavez.

• Papias não cita Maria nominalmente nenhumavez.

• Teófilo não cita Maria nominalmente nenhuma vez.

• Barnabé não cita Maria nominalmente nenhumavez.

• A Didaquê não cita Maria nominalmente nenhumavez.

• Polícrates não cita Maria nominalmente nenhumavez.

• Justino não cita Maria nominalmente nenhumavez em sua 1ª Apologia, nenhuma vez em sua 2ª Apologia, nenhumavez em seu Oratório aos Gregos, nenhuma vez em sua obra sobre o Governo de Deus, nenhumavez em sua obra sobre a Ressurreição, nenhuma vez em seus fragmentos, nenhumavez em seu Discurso aos Gregos, e nove vezes em seu Diálogo com Trifão, em contextos onde contava a Trifão a história do nascimento de Jesus ou onde dizia que Jesus nasceu de uma virgem, sem citar absolutamente nenhum dogma mariano papista.

Compare isso tudo com os pedantes católicos dos dias de hoje, que citam Maria até na introdução de uma simples carta (“Salve Maria”), independentemente do teor ou conteúdo da mesma!

Foi só depois de a imortalidade da alma ter sido introduzida na Igreja cristã em finais do século II, e posteriormente com ela a doutrina da intercessão dos santos, e mais tarde do culto aos mortos, que Maria começou a ganhar cada vez mais destaque, ênfase e “títulos”. Ela, que antes era citada pouquíssimas vezes e apenas de passagem, passou a virar o centro das atenções e o receptáculo de inúmeras honrarias idólatras. Mesmo assim, o desenvolvimento completo da idolatria mariana só se deu séculos mais tarde, e hoje se vê presente na Igreja Romana em seu nível máximo de apelação idólatra. Nem mesmo a Igreja Ortodoxa admite todos os dogmas marianos – ela rejeita a imaculada conceição e a assunção de Maria, além de ser contra a confecção de imagens de escultura e de procissão.  

Além de não glorificar, exaltar ou “honrar” Maria (no sentido romanista do termo) em lugar nenhum, Paulo ainda fazia questão de alertar contra toda forma de idolatria, onde o homem troca o Criador por uma criatura:

“Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis... trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém”(Romanos 1:22,23,25)

O temor de Paulo desde sempre foi que o evangelho puro e sincero de devoção única a Cristo fosse maculado, com a introdução de outros “senhores” ou “senhoras”:

"O mesmo zelo que Deus tem por vocês eu também tenho. Porque vocês são como uma virgem pura que eu prometi dar em casamento somente a um homem, que é Cristo. Pois, assim como Eva foi enganada pelas mentiras da cobra, eu tenho medo de que a mente de vocês seja corrompida e vocês abandonem a devoção pura e sincera a Cristo"(2ª Coríntios 11:2-3)

“Pois mesmo que haja os chamados deuses, quer no céu, quer na terra, (como de fato há muitos ‘deuses’ e muitos ‘senhores’), para nós, porém, há um único Deus, o Pai, de quem vêm todas as coisas e para quem vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, por meio de quem vieram todas as coisas e por meio de quem vivemos” (1ª Coríntios 8:5-6)

Um só Senhor – Jesus Cristo –, não senhoras. Uma só devoção – a devoção pura e sincera a Cristo, não a senhoras. Era este o evangelho Cristocêntrico bíblico do qual o catolicismo romano se afastou tanto, e continua se afastando cada vez mais. Lobos em pele de cordeiro, em decadência ou não, continuam sendo usados pela serpente para glorificar a homens e louvar imagens.

“Eu sou o Senhor; esse é o meu nome! Não darei a outro a minha glória nem a imagens o meu louvor” (Isaías 42:8)

É muito fácil atacar, caluniar e difamar os protestantes brasileiros enquanto mora na Virgínia, na zona do “cinturão bíblico” americano, formado por séculos e mais séculos de protestantismo, protestantismo e mais protestantismo. Quando alguém foge do país mais católico do mundo para se salvaguardar em uma das zonas mais protestantes do planeta, e depois disso começa a atacar o protestantismo o tempo todo, é hora de pensar seriamente em aposentadoria. Talvez assim ainda sobre alguns poucos neurônios que ainda não foram afetados com o vírus do fanatismo católico antiprotestante.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.lucasbanzoli.com)


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O Concílio do papa Dâmaso e o tiro no pé católico

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Quando a gente pensa que os argumentos romanistas já estão tão ruins que não tem como piorar mais... tem sim. Em meu artigo sobre o velho decadente, um papista entrou na caixa de comentários com todos aqueles ataques-clichê que todo bom católico admirador de sites espetaculares como o “Macabeus Insanidades” e o “Astronautas Católicos” tem para dar. Começou argumentando que o cânon do NT “refuta” a Sola Scriptura, e foi refutado. Depois disse que sem a Igreja Romana não teríamos como saber o cânon da Bíblia, e foi refutado de novo. E, por fim, soltou a pérola: o cânon do NT foi definido pelo papa Dâmaso, em 381 d.C (na verdade foi 382), durante o concílio de Roma!

Há apenas um probleminha técnico com este argumento: a lista de Dâmaso esquece completamente o livro de 2ª Coríntios. Mesmo assim, o argumentador papista crê que 2ª Coríntios é um livro canônico, como de fato é. Isso, por si só, já é o bastante para mostrar que o cânon do NT não foi de modo algum definido pelo “papa” no século IV. Para o lixo este argumento.

Mas a situação piora ainda mais para o papista, a partir do momento em que vemos que a palavra do bispo romano não teve autoridade final na Igreja, como os romanistas atribuem hoje. Isso porque, pouco mais de dez anos após o concílio de Roma, dois outros sínodos se reuniram no norte da África para tratar a questão do cânon. Um foi o de Hipona (393), e o outro o de Cartago (397). Três coisas chamam a atenção aqui. Primeiro, que se aqueles cristãos do norte da África pensassem que a decisão do papa romano fosse final, autoritativa ou infalível, então eles não teriam se reunido tão pouco tempo depois para tratar a mesma questão. Que autoridade teria dois sínodos locais africanos depois que o próprio “Sumo Pontífice” e “bispo dos bispos” já tivesse tratado a mesma questão poucos anos antes?

Se o papa disse que aqueles eram os livros canônicos do NT, então aqueles eram os livros canônicos e pronto. Fim de papo. O fato de eles terem se reunido, ainda por cima duas vezes, poucos anos depois do papa ter dado um veredicto em um concílio romano sobre o tema, mostra que os cristãos da época de modo algum imaginavam que as decisões do bispo romano fossem infalíveis ou que servissem como autoridade final e normativa. Não serviam. O que o “papa” decidia podia ser alterado, discutido, contradito e até mesmo modificado. Se fosse hoje, algum católico que decidisse algo depois do papa já ter se pronunciado sobre a questão seria considerado insolente e rebelde. Seria um... rebelado. Onde será que eu já li isso?

Em segundo lugar, impressiona ainda mais o fato de que aqueles dois concílios africanos não ratificaram a lista do papa, mas fizeram uma alteração providencial, que é precisamente o livro de 2ª Coríntios, que o papa Dâmaso havia deixado de fora em seu concílio romano. Isso mostra, mais uma vez, que aqueles cristãos não consideravam as decisões papais infalíveis, pois se eles achassem que o concílio de Roma ou a decisão do bispo romano fosse infalível ou que servisse como autoridade final sobre a questão eles obviamente não teriam mudado livro nenhum, mas teriam apenas repetido a mesma lista de livros já presente na lista do papa. Se eles ousaram mudar o que o papa já tinha decidido antes, é porque eles não consideravam o papa romano infalível. Ele era tão falível quanto qualquer outro bispo, cujas decisões poderiam ser contestadas, revisadas e alteradas.

Em terceiro lugar, e o ponto que eu particularmente considero o mais impressionante, é que a própria Igreja Romana atual adota o cânon dos sínodos africanos, e não do papa Dâmaso! A lista oferecida pelo Concílio de Trento (1545-1563) inclui o livro de 2ª Coríntios, seguindo a linha do Concílio de Cartago e do Concílio de Hipona, e contrariando a própria lista do papa e do Concílio de Roma! Isso mostra claramente que os concílios africanos prevaleceram sobre o concílio de Roma, o que seria absolutamente absurdo e incogitável se fosse nos dias de hoje.

Na cabeça do papista atual, o bispo de Roma era um papa infalível com jurisdição universal, e os bispos da África não tinham nenhuma autoridade fora daquela jurisdição, e estavam sujeitos ao pontífice romano. Nada disso faz sentido tendo em vista a suposta primazia do bispo romano! O que vemos em todo este episódio é que a palavra do papa podia ser contestada, podia ser discutida, podia ser alterada e de modo algum era tida como final, normativa ou autoritativa para toda a Igreja. Mais do que isso: concílios regionais do norte da África prevaleceram sobre um concílio do próprio papa “infalível” romano.

Isso não apenas joga no lixo a argumentação católica em torno do cânon, como também joga na mesma lata do lixo a argumentação católica em torno da suposta primazia universal do bispo romano, que, aliás, já foi refutada por mim neste artigo:


Antes de terminar, passo aqui as três objeções feitas pelo Bruno Lima a qualquer papista que queria entrar aqui sem refutar de novo absolutamente nada do que foi aqui exposto, e repetindo ad nauseam as mesmas falácias e embustes de sempre:


É nisso que dá quando alguém se rebaixa a copiar argumentos de apologistas do naipe de Rafael Rodrigues, Cris Macabeus ou Paulo Leitão. Copiam mentiras, distorcem a história e por fim atiram no próprio pé.

Fim da fraude.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.lucasbanzoli.com)


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Quem é a mulher de Apocalipse 12?

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A identificação da “mulher” de Apocalipse 12 tem sido alvo de constante debate. Três linhas de interpretação têm sido propostas na tentativa de resolver a questão. A primeira identifica a mulher como sendo a Igreja (interpretação mais comum entre os amilenistas). A segunda identifica a mulher como sendo Israel (interpretação mais comum entre os dispensacionalistas). E a terceira identifica a mulher como sendo Maria (interpretação oficial da Igreja Romana).

Linha 1
Linha 2
Linha 3
A mulher é a Igreja
A mulher é Israel
A mulher é Maria
  
Dado o caráter altamente alegórico do livro, a terceira linha tem sido considerada a menos provável. Isso porque ela implicaria em uma linguagem de caráter mais literal que não condiz com o teor geral do livro, que trabalha por meio de figuras de linguagem e simbolismos por toda a parte. Embora em sentido literal quem deu à luz a Jesus foi Maria, o Apocalipse não é de modo algum um livro que pretende trazer as coisas no sentido literal. As revelações de João eram altamente alegóricas, o que nos evita pensar que Maria realmente estivesse “gritando de dor” quando deu a luz a Jesus:

“Apareceu no céu um sinal extraordinário: uma mulher vestida do sol, com a lua debaixo dos seus pés e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça. Ela estava grávida e gritava de dor, pois estava para dar à luz” (Apocalipse 12:1-2)

Além disso, nenhum elemento que consta no verso 1 se aplica claramente a Maria. A mãe de Jesus nunca é descrita na Bíblia como sendo vestida do sol. Em parte alguma é dito que ela tem a lua debaixo dos seus pés. E em lugar nenhum é declarado que ela tem doze estrelas na cabeça. Levando em consideração que uma das principais características de João era pegar ilustrações e conceitos presentes no Antigo Testamento e trazê-los para seu livro, seria extremamente estranho se ele trouxesse tantos conceitos inexistentes na literatura bíblica para identificar a mãe de Jesus. Isso no máximo confundiria, não ajudaria. Faria com que as pessoas procurassem por um paralelo bíblico, sem encontrar nada. Ou pior: que chegassem ao local errado.

O verso 6 é outro problema para os que pensam que se trata de Maria:

“A mulher fugiu para o deserto, para um lugar que lhe havia sido preparado por Deus, para que ali a sustentassem durante mil duzentos e sessenta dias”(v. 6)

Mil duzentos e sessenta dias é o equivalente a três anos e meio, que é reconhecidamente a primeira metade da grande tribulação (que no total dura sete anos). Mas não faz sentido algum a pessoa de Maria ser perseguida durante a primeira metade da grande tribulação. Talvez os apologistas católicos interpretem os três anos e meio figurativamente, mas ainda assim não há nenhum relato bíblico de Maria fugindo para o deserto. Nada parece fazer sentido algum se interpretado à maneira “mariana”.

A parte final do capítulo é a que menos faz sentido dentro da perspectiva mariana:

“Quando o dragão viu que havia sido lançado à terra, começou a perseguir a mulher que dera à luz o menino. Foram dadas à mulher as duas asas da grande águia, para que ela pudesse voar para o lugar que lhe havia sido preparado no deserto, onde seria sustentada durante um tempo, tempos e meio tempo, fora do alcance da serpente. Então a serpente fez jorrar da sua boca água como um rio, para alcançar a mulher e arrastá-la com a correnteza. A terra, porém, ajudou a mulher, abrindo a boca e engolindo o rio que o dragão fizera jorrar da sua boca. O dragão irou-se contra a mulher e saiu para guerrear contra o restante da sua descendência, os que obedecem aos mandamentos de Deus e se mantêm fiéis ao testemunho de Jesus” (Apocalipse 12:13-17)

Note que a descendência da mulher não são os que guardam o “testemunho de Maria”, mas os que guardam o testemunho de Jesus. Se a descendência da mulher fossem os devotos de Maria, como alegam os teólogos romanos, seria imprescindível que esses descendentes fossem os “servos de Maria”, como os mariólogos se intitulam. Mas, ao que tudo indica, essa descendência da mulher só guardava os mandamentos de Deus e se mantinham fieis ao testemunho de Jesus. Não tinham nenhuma devoção especial à “mulher” em si.

Por outro lado, a Linha 1 sofre de um problema crônico: se a mulher é a Igreja, como pode a Igreja ter dado a luz a Cristo? Embora Paulo tenha dito que em certo sentido os cristãos “geram” Jesus (Gl.4:19), aqui parece se adequar muito mais a Israel do que à Igreja. E o que torna a Linha 2 ainda mais evidente são todas as descrições específicas que são feitas no verso 1. Leiamos novamente:

“Apareceu no céu um sinal extraordinário: uma mulher vestida do sol, com a lua debaixo dos seus pés e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça” (v. 1)

Onde mais achamos um relato do sol, da lua e de doze estrelas? Já vimos que sobre a pessoa de Maria isso não aparece em lugar nenhum. Sobre a Igreja também não. Mas sobre Israel há uma descrição bem específica – na verdade, é a única parte da Bíblia onde estes três elementos aparecem juntos, no mesmo contexto:

“E teve José outro sonho, e o contou a seus irmãos, e disse: Eis que tive ainda outro sonho; e eis que o sol, e a lua, e onze estrelas se inclinavam a mim” (Gênesis 37:9)

No sonho de José, ele via o sol, a lua e onze estrelas (em Apocalipse 12 estão doze estrelas, porque inclui o próprio José, que era uma das doze tribos de Israel). O sol representava seu pai Jacó (Gn.37:10). Deus deu a Jacó o nome de Israel (Gn.35:10). A lua representava sua mãe Raquel, e as onze estrelas representavam cada um de seus onze irmãos (Gn.37:10), dos quais temos as tribos de Israel. Em outras palavras, toda a simbologia que envolve o sol, a lua e as doze estrelas têm como plano de fundo um mesmo significado: Israel. É por isso que aparecem “doze” estrelas, porque doze eram as tribos de Israel. 

Israel é retratado alegoricamente inúmeras vezes como uma "mulher" no Antigo Testamento (Jr.3:8; Ez.23:1-22; 16:28; 16:24), e Paulo ilustra Israel como uma "mulher" em Gálatas 4:22-25. Isaías faz ainda uma descrição sobre Israel que é enormemente semelhante a Apocalipse 12:2:

"Como a mulher grávida, quando está próxima a sua hora, tem dores de parto, e dá gritos nas suas dores, assim fomos nós diante de ti, ó Senhor!" (Isaías 26:17)

O verso 2 de Apocalipse 12 diz que a mulher (Israel) estava grávida do Messias (v.5), que de fato provém de Israel, mais especificamente da tribo de Judá (Hb.7:14). Então o dragão persegue a “mulher”, que foge para o deserto. A imagem do deserto também está diretamente relacionada a Israel ao longo de toda a sua trajetória. Foi no deserto que Israel peregrinou por quarenta anos, em busca da terra prometida. Mesmo depois de alcançar a terra de Canaã, os profetas continuavam frequentemente associando Israel à figura do deserto, seja como lembrança ou como advertência (Jr.2:6; 31:2; Ez.20:10; Am.2:10; Sl.136:16; 2Cr.24:9).

A perseguição do dragão contra a mulher se manifesta até hoje. Basta ver a quantidade gigantesca de antissemitas que existe em nosso mundo, mesmo quando este antissemitismo vem mascarado sob a forma de antissionismo. Ninguém foi tão perseguido na história quanto o povo judeu. Eles foram escravos no Egito, prisioneiros na Babilônia, dominados pelo império romano, suas terras foram tomadas por várias vezes, foram perseguidos e massacrados aos milhões por Hitler, e até hoje existe um enorme antissemitismo no mundo inteiro. O dragão nunca deixou de perseguir a “mulher”!

O relato bíblico prossegue dizendo que Deus continua ajudando Israel (Ap.12:14-16), confirmando Paulo quando disse que Deus não rejeitou o seu povo (Israel), em Romanos 11:2. Paulo chama Israel de “povo de Deus” e diz que Ele não o rejeitou, e é somente isso que explica o porquê que Israel ainda não foi tirado do mapa, mesmo com tanta perseguição que já sofreu até hoje, e com tantos inimigos hostis à sua volta. Mas o diabo também tem um outro inimigo além de Israel. Além de guerrear contra a “mulher” (Israel), ele também luta contra “os seus descendentes”:

“O dragão irou-se contra a mulher e saiu para guerrear contra o restante da sua descendência, os que obedecem aos mandamentos de Deus e se mantêm fiéis ao testemunho de Jesus” (Apocalipse 12:17)

Quem são os “descendentes” de Israel? Obviamente, os descendentes de Israel não podem ser o próprio Israel. Tem que ser outra coisa. Biblicamente, a resposta é simples: a Igreja. A Igreja é chamada de o “Israel de Deus” (Gl.6:16), a descendência espiritual de Abraão (Gl.3:7), os filhos da promessa (Gl.4:28). A Igreja surge a partir de um contexto judaico, com um líder judeu que tinha doze discípulos judeus, que se reuniam no templo de Jerusalém (At.2:46) e eram chamados de “seita dos nazarenos” (At.24:5), considerada uma facção do judaísmo.

Sim, a Igreja “descende” de Israel, e é por isso que Paulo diz que a Igreja foi “enxertada” na oliveira de Israel:

“Afinal de contas, se você [cristão] foi cortado de uma oliveira brava por natureza e, de maneira antinatural, foi enxertado numa oliveira cultivada, quanto mais serão enxertados os ramos naturais [israelitas] em sua própria oliveira?”(Romanos 11:24)

E para deixar claro que esta Igreja não é uma instituição religiosa de placa A ou B, João a define como sendo “os que obedecem aos mandamentos de Deus e se mantêm fieis ao testemunho de Jesus” (v.17), ou seja, os verdadeiros cristãos, os devotos de Jesus. Portanto, a lição primordial que temos em Apocalipse 12 é que tanto Israel quanto os verdadeiros cristãos estão na mira do dragão, que os perseguirá implacavelmente na grande tribulação, assim como já persegue até hoje. A razão pela qual israelitas e crentes genuínos permanecem existindo até hoje é somente pela proteção especial de Deus nos momentos mais difíceis:

“Então a serpente fez jorrar da sua boca água como um rio, para alcançar a mulher e arrastá-la com a correnteza. A terra, porém, ajudou a mulher, abrindo a boca e engolindo o rio que o dragão fizera jorrar da sua boca”(Apocalipse 12:15-16)

Se não fosse por isso, os judeus e os cristãos sinceros já teriam sido dizimados há muito, muito tempo.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.lucasbanzoli.com)


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Meu novo livro - "Exegese de Textos Difíceis da Bíblia"

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Sinopse

A Bíblia é o livro mais vendido, mais lido e mais comentado no mundo todo, e é justamente pela sua importância singular que é necessária uma interpretação igualmente qualificada. Por ser o livro sagrado de milhões de cristãos, são muitas as polêmicas, os debates e as interpretações de cada lado, e o leitor sincero, em busca da verdade, muitas vezes acaba sendo enganado pela interpretação errônea que um pastor, padre ou rabino possa lhe dar. De gente que terceiriza a tarefa de interpretação colocando-a por inteiro nas mãos de uma pessoa falível, até pessoas que vão ao extremo oposto e desprezam as riquezas da história eclesiástica, é necessário recorrer a parâmetros que sirvam de norte ao leitor que busca honestamente a verdade.

Para isso, este livro disponibiliza dez princípios exegéticos básicos que devem ser aplicados pelo intérprete, além de vinte exemplos práticos em torno de textos considerados polêmicos na Bíblia, que dividem opiniões e entendimentos. Em uma linguagem simples mas não simplista, o leitor mais modesto e o já estudioso poderão se aprofundar na arte da hermenêutica bíblica, ampliando seus horizontes e descobrindo os métodos que guiam uma teologia séria e pautada pela verdade.


Sumário

Introdução  
CAP. 1– Princípios básicos para uma boa exegese       
• Análise do contexto          
• Análise da linguagem      
• Análise de normatividade           
• Análise de anacronismo  
• Análise de eisegese          
• Análise do sentido
• Análise do fundo cultural
• Análise do original grego ou hebraico  
• Análise da história
• Análise de comentários bíblicos 
CAP.2– Quem eram os filhos de Deus, de Gênesis 6:1-4?
CAP. 3– Jefté sacrificou sua filha?
CAP. 4– O dom de línguas em 1ª Coríntios 14
CAP. 5– Um será levado, o outro será deixado
CAP. 6– O que é o batismo com fogo?
CAP. 7– Pedro disse que a Escritura não pode ser interpretada individualmente?
CAP. 8– O que é o batismo pelos mortos?
CAP. 9– Tatuagem, véu, roupas, cabelo comprido e barba
CAP. 10– Quem são os 144 mil?
CAP. 11– O que é o corpo espiritual de 1ª Coríntios 15:44?
CAP. 12– 1ª Coríntios 3:15 fala do purgatório?
CAP. 13– O nome do diabo é Lúcifer?
CAP. 14– Ausente do corpo para habitar com o Senhor
CAP. 15– Enoque morreu?
CAP. 16– A Igreja é a coluna e sustentáculo da verdade?
CAP. 17– A proibição ao homossexualismo em Levítico 18:22 já chegou ao fim?
CAP. 18– João Batista era a reencarnação de Elias?
CAP. 19– Os discípulos podiam perdoar pecados?
CAP. 20– Quem é a mulher de Apocalipse 12?
CAP. 21– Samuel apareceu a Saul em En-Dor?
Considerações Finais


Download do e-book gratuito

O download do PDF completo pode ser baixado em um destes dois links:

• Opção 1:


• Opção 2:


Se alguém não conseguir baixar o arquivo em nenhum destes dois links, ou se deseja receber o arquivo em Word e não em PDF, é só enviar um e-mail para mim (lucas_banzoli@yahoo.com.br) que eu mando por anexo.


Compra do livro em impresso

Para quem quiser comprar o livro em impresso, poderá fazê-lo através do site Clube de Autores, comprando online neste link:


Após a compra, o livro chega por correio na casa de cada um, dentro de uma ou duas semanas (é só seguir as orientações do site).

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.lucasbanzoli.com)


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Semelhanças e diferenças entre protestantes e ortodoxos

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Perguntaram-me recentemente sobre a relação entre Igreja Ortodoxa e Protestantismo, embora este blog seja voltado à análise do catolicismo romano e não do ortodoxo. Como eu achei a pergunta muito boa, não poderia ter deixado apenas poucas linhas em uma caixa de comentários, e decidi escrever um artigo com base naquilo que eu entendo serem as qualidades e os defeitos da ortodoxia. Este artigo, obviamente, apresentará a Igreja Ortodoxa sob o viés protestante. Se o leitor entrar num site papista, verá a mesma analisada sob um prisma romanista, e se quiser ver o que os ortodoxos creem de si mesmos e dizem acerca de sua própria história, doutrina e visão de mundo pode conferir neste extenso artigo:


Explanarei aqui dez pontos que considero positivos, e dez pontos que considero negativos. Importante ressaltar: este artigo não vai refutar nem defender doutrina nenhuma. Cada um dos pontos que eu considero negativos já foram devidamente explanados em dezenas e dezenas de artigos no blog, especificamente sobre eles. O que eu farei aqui é apenas acentuar cada um, sob meu ponto de vista. Comecemos com os pontos positivos.


DEZ QUALIDADES DA IGREJA ORTODOXA


1º A Igreja Ortodoxa não tem um tirano ou ditador como líder supremo

Enquanto a Igreja Romana tem o papa, que é considerado infalível e a quem o Catecismo Católico arroga que possui “poder pleno, supremo e universal”[1]na Igreja, a Ortodoxa possui patriarcas para cada uma das 14 igrejas autocéfalas, aos quais não é dado qualquer título de infalibilidade “ex cathedra”, nem é dito ser um “vigário” (substituto) de Cristo, nem alegam ser eles os únicos representantes de Deus na terra. E seu bispo maior, o patriarca da igreja de Constantinopla, não é considerado um “bispo universal” com poderes ilimitados, mas apenas um primus inter pares, ou seja, “primeiro entre iguais”.


2º A Igreja Ortodoxa não tem imagens de escultura em seus templos

Seguindo a tradição da igreja primitiva, que não cultuava imagens, as igrejas ortodoxas não admitem imagens de escultura nos templos, mas apenas ícones, ou seja, figuras, pinturas, como também ocorre em algumas igrejas protestantes. Ela entende que as imagens de escultura católicas proporcionam “um passo para antropomorfizar a representação e deslizar para a idolatria” (veja aqui).


3º A Igreja Ortodoxa não tem uma mariologia tão forte como a Romana

Embora exista o culto aos santos (incluindo a Maria) na Igreja Ortodoxa, a mariologia não é tão “desenvolvida” quando é na Igreja Romana. Os ortodoxos não creem na imaculada conceição de Maria, por exemplo, a qual é considerada tão importante na Igreja Romana que a descrença no dogma tem pena de excomunhão. Você dificilmente vai ver um ortodoxo com slogans tão toscos e tacanhos como “pede à mãe que o filho atende”. Embora entendam Maria como intercessora no Céu, não chegaram ao ponto (ainda) de afirmar que ela é co-redentora, onipotência suplicante ou superior a todos os homens e anjos juntos. Se existe idolatria a Maria, é em um nível bem mais moderado do que a coisa exacerbada, descarada e totalmente fora de controle que há na Igreja Romana.


4º A Igreja Ortodoxa não tem uma doutrina formal de transubstanciação

Eles creem naquilo que chamam de “presença real” de Cristo na eucaristia, mas não criaram nenhum dogma formal como a transubstanciação, preferindo considerar um “mistério” a forma pela qual isto se dá. Os luteranos também creem na presença real de Cristo, mas em consubstanciação, em vez de transubstanciação. Os calvinistas também creem na presença real de Cristo, mas de forma espiritual, em vez de física. Só a visão pentecostal se distancia categoricamente da ortodoxa neste quesito, pois entende a eucaristia como mera lembrança ou simbolismo. Além disso, eles fazem a comunhão em ambas as espécies (pão e vinho), e não apenas com o pão (como em Roma).


5º A Igreja Ortodoxa nega a existência de limbo e purgatório

Não há muito o que expandir neste ponto. Nas vezes em que algum teólogo ortodoxo fala sobre um estado pós-morte que não é nem Céu e nem inferno, eles não estão falando do purgatório católico, mas de uma especulação ou hipótese teológica, nunca como um dogma formal (como ocorre na Igreja Romana em relação ao purgatório). E a maioria dos ortodoxos crê apenas em Céu e inferno, assim como os protestantes.


6º A Igreja Ortodoxa não possui celibato obrigatório

Assim como no protestantismo, a questão do celibato é opcional para o sacerdote ortodoxo, ou seja, o padre casa se quiser, e não casa se não quiser. Ninguém é obrigado a ser solteiro para ser sacerdote.


7º A Igreja Ortodoxa crê em apenas um juízo para cada indivíduo

Enquanto a Igreja Romana inventou a existência de um “juízo individual” que precede o “juízo geral”, a Igreja Ortodoxa mantém a crença em um único juízo para cada indivíduo.


8º A Igreja Ortodoxa crê em batismo por imersão

O título é auto-explicativo.


9º As doutrinas da Igreja Ortodoxa não estão “em andamento”

Assim como os evangélicos, os ortodoxos também não creem em “desenvolvimento da doutrina”, como os romanistas creem. Isso significa que a doutrina que eles creem hoje será a mesma que eles crerão daqui mil anos, sem mutação. No romanismo nada é seguro – basta ver que no século passado dogmatizaram a assunção de Maria, e no anterior fizeram o mesmo com a imaculada conceição e com a infalibilidade papal. O católico romano tem que estar sempre preparado para encarar qualquer novidade pela frente e de ser obrigado a aceitá-la mesmo se atestar contra sua consciência individual, e neste caso terá que optar entre abdicar à razão ou desobedecer ao papa. Felizmente, o ortodoxo e o protestante não correm este risco.


10º A Igreja Ortodoxa nunca se envolveu nos escândalos e sandices romanas

Exemplos: a Igreja Ortodoxa, diferentemente da Romana, nunca vendeu indulgências para o perdão dos pecados, nunca inventou um tribunal do Santo Ofício para exterminar quem não fosse ortodoxo, nunca vendeu relíquias “sagradas” (ex: dez toneladas de pedaços da cruz de Cristo) para enganar os trouxas, nunca fez uma Cruzada para saquear e matar romanos (enquanto os romanos saquearam Constantinopla na Quarta Cruzada), não tem um exército de padres pedófilos, etc. Se por um lado ela possui doutrinas errôneas, por outro lado é uma igreja decente, digna, que leva a fé com seriedade.

Vamos agora aos defeitos.


DEZ DEFEITOS DA IGREJA ORTODOXA

1º A Igreja Ortodoxa cultua os mortos

Ela crê em intercessão dos santos, e faz preces aos mortos para obter a intercessão deles no Céu. Ela também tem uma lista de “santos canonizados”, embora em muitos casos diferente da lista da Igreja Romana.


2º A Igreja Ortodoxa também restringe a consciência individual

Embora não tanto como na Igreja Romana, também há um certo grau de negação à consciência individual na Igreja Ortodoxa. Dificilmente alguém que não crê em imortalidade da alma (como eu) seria aceito na Igreja Ortodoxa, uma vez que isso é tido como dogma fundamental de fé (que dá base à sua crença no culto aos mortos). Embora em tese o patriarca não tenha todos os poderes que o papa tem, na prática torna-se muito difícil ser um ortodoxo discordando do patriarca, muito mais do que um evangélico que discorde de seu pastor.


3º A Igreja Ortodoxa batiza bebês

Ignore este ponto se você for presbiteriano :)


4º A Igreja Ortodoxa rejeita a Sola Fide

Semelhantemente aos romanos, os ortodoxos não creem na justificação pela fé, mas na justificação pela soma de fé + obras, onde as obras são vistas não como um produto da salvação, mas como parte dela.


5º A Igreja Ortodoxa rejeita a Sola Scriptura

O conceito de autoridade na Igreja Ortodoxa se distingue tanto do paradigma romano quanto do protestante. Eles não creem na Sola Scriptura, mas na soma de Escritura + Tradição. No entanto, não definem a tradição como sendo um conjunto de doutrinas ensinadas oralmente que não se encontram em parte nenhuma da Bíblia (tal como os romanos definem), mas sim de interpretações daquilo que está na Bíblia (o que se aproxima do conceito reformado sobre “tradição”). No entanto novamente, eles acabam usando essa tradição como uma forma de decidir o que a Bíblia diz e o que ela não diz, ao invés de usar a exegese da própria Bíblia.

No fim das contas, não é a Bíblia que serve de critério para a tradição, mas a tradição que serve de critério para validar algo da Bíblia. Assim sendo, em enquanto os protestantes creem em “Sola Scriptura” (tudo condicionado à Bíblia), na prática os romanistas creem em “Sola Eclesia” (tudo condicionado à interpretação do papa) e os ortodoxos em “Sola Tradição” (tudo condicionado à tradição do oriente). Este conceito ortodoxo sobre tradição e Escritura pode ser visto neste artigo do arcipreste George Florovsky.


6º A Igreja Ortodoxa não crê na atualidade de todos os dons

Embora neste quesito os ortodoxos estejam de acordo com os evangélicos mais tradicionais, é importante ressaltar que eles não creem no dom de línguas da forma como é manifesto nas igrejas evangélicas pentecostais, o que será um ponto negativo da perspectiva do pentecostal.


7º A Igreja Ortodoxa tem uma visão distorcida de “Igreja”

Não vou discorrer muito sobre isso porque já escrevi dezenas de artigos sobre o significado primordial de “Igreja”. Basicamente, basta dizer que o ortodoxo crê na Igreja no mesmo sentido institucional que o romano também crê. A diferença é que o ortodoxo crê que essa instituição é a ortodoxa, e o romano crê que é a dele (é claro). Isso conflita com o sentido primário e fundamental de “Igreja” à luz da Bíblia – a reunião de todos os crentes em Jesus Cristo, em qualquer parte do mundo.


8º A Igreja Ortodoxa crê em oração pelos mortos

E, além disso, creem que é possível ganhar ou perder a salvação depois da morte (mesmo pra quem foi ao inferno), o que pode ser bastante esquisito para quem tem uma mente ocidental, seja protestante ou papista.


9º A Igreja Ortodoxa crê em alguns dogmas marianos

Os ortodoxos não creem que os irmãos de Jesus tenham sido “primos” dele (como a crença romanista proveniente da tese de Jerônimo), mas acham que os irmãos de Jesus eram filhos de José de um casamento anterior, e por isso creem na virgindade perpétua de Maria. Eles tiraram isso principalmente de um livro apócrifo do século II, que ficou muito famoso nos primeiros séculos e que influenciou o pensamento de alguns Pais da Igreja. Eles também creem na assunção de Maria, embora de forma distinta dos romanos. A assunção é na verdade mais propriamente uma ressurreição, que teria ocorrido três dias após a morte dela, e essa crença não é tida como um dogma, como é na Igreja de Roma.


10º A Igreja Ortodoxa crê em sete sacramentos

Os sete sacramentos são os mesmos da Igreja Romana. As igrejas reformadas entendem que há apenas dois sacramentos: a Ceia e o batismo.


• Considerações Finais

A pergunta final que me foi feita foi: “Por que os Reformadores não se aproximaram da Igreja do Oriente?”. Na verdade, eles tentaram fazer isso. Melanchthon, pelo menos, escreveu uma carta ao patriarca Joasaph II, a qual nunca foi respondida. Atualmente, a Igreja Ortodoxa mantém distância das igrejas protestantes, com exceção à Igreja Anglicana, a qual possui mais ligações doutrinárias com a ortodoxa, e tem tido uma constante aproximação.

De qualquer forma, uma aproximação maior ao ponto de unir as duas em uma só seria impossível, visto que a Igreja Ortodoxa, embora conserve em grande parte o conteúdo da fé apostólica e seja muito melhor que a Romana, ainda assim defende doutrinas contrárias aos principais pilares da Reforma – em especial à Sola Fide e à Sola Scriptura. Se unir aos ortodoxos num sentido ecumênico do termo implicaria em abrir mão de dois pontos importantíssimos para os reformados, o que com certeza nenhum protestante estaria disposto.

Definir em que ponto se encontra a Igreja Ortodoxa não é tarefa tão simples. Embora possa parecer fácil dizer que ela é um intermediário entre o protestantismo e o romanismo, isso vai depender de qual igreja evangélica e de qual movimento católico que se tem como parâmetro. Uma igreja protestante como a anglicana possui muito mais proximidade com a ortodoxia do que a Igreja Romana, mas uma igreja neopentecostal possui certamente uma distância monumental. Da mesma forma, embora o papa tenha se mostrado bem disposto a assinar acordos ecumênicos (não apenas com os ortodoxos, mas também com os evangélicos), há uma legião de romanos tridentinos que consideram os ortodoxos tão “hereges” quanto os “protestantes satânicos”. Por isso essa tarefa não é nada fácil, mas depende de pontos de vista.

Em todo caso, e falando agora apenas por mim, não vejo qualquer razão consistente para deixar o protestantismo para se unir à Igreja Ortodoxa, por maior que seja nossa consideração para com os irmãos orientais. Há erros grosseiros em algumas igrejas protestantes? É claro que sim. Mas um erro não se resolve com outro erro, mas com um acerto. E eu não entendo que o acerto seja aderir à Igreja Ortodoxa – que também tem erros sérios – mas voltar ao Cristianismo primitivo puro e simples, ou ao mais próximo que possamos chegar dele.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.lucasbanzoli.com)


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[1]§882 do Catecismo Católico.

Os discípulos podiam perdoar pecados?

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A Igreja Romana baseia seu ensino da confissão auricular em cima de João 20:22-23, que diz:

“Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos”(João 20:22-23 – Versão Ave-Maria)

Com base nisso, ela declara que os sacerdotes romanos têm autoridade para reter ou perdoar os pecados efetivamente, sendo meios pelos quais devemos passar para obtermos o perdão dos nossos pecados. Os evangélicos, no entanto, entendem que podemos confessar nossos pecados diretamente a Deus.

Linha 1
Linha 2
Os discípulos poderiam perdoar ou reter efetivamente os pecados individuais
Os discípulos proclamam o perdão ou a retenção do perdão dos pecados através do Espírito Santo

Antes de entrarmos na análise de João 20:22-23 em si, é necessário analisarmos a veracidade ou não da crença que os católicos baseiam em vista deste texto, que é a confissão auricular. Se esta doutrina for falsa, dificilmente João 20:22-23 estaria dizendo aquilo que os romanistas insistem que está. Para entendermos o quão gritantemente antibíblica é a doutrina da confissão auricular, basta ver o que um dos mais proeminentes apologistas católicos no Brasil, Alessandro Lima, afirmou:

“O desejo de Cristo de que o perdão dos pecados deve ser obtido através da Igreja é bem claro. É um grande erro crer que o pecado pode ser confessado diretamente a Deus. Não foi este o desejo do Nosso Senhor. Da mesma forma que sem Cristo não há perdão, sem a Igreja também não há, já que ela é o Cristo na terra”[1]

Sim, foi isso mesmo o que você leu. Não se assuste. É um “grande erro” crer que o pecado possa ser confessado diretamente a Deus!

Não obstante, para qualquer leitor honesto da Bíblia, muitos dos mais extraordinários personagens bíblicos cometeram este “grande erro”, como Davi, que disse:

Confessei-te o meu pecado, e a minha maldade não encobri. Dizia eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado" (Salmos 32:5)

Ou Davi estava mentindo, ou os pecados podem ser confessados direto a Deus!

Esdras, outro grande errôneo, igualmente afirmou:

“Agora confessem ao Senhor, o Deus dos seus antepassados, e façam a vontade dele”(Esdras 10:11)

No Novo Testamento, vemos Jesus dizendo:

“Mas quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está no secreto. Então seu Pai, que vê no secreto, o recompensará” (Mateus 6:6)

Não há sequer uma única linha ou prescrição na Bíblia ordenando os fieis a confessarem seus pecados secretos aos sacerdotes, como um pré-requisito imprescindível para encontrar o perdão divino. Isso seria realmente absurdo caso o perdão dos pecados (algo indispensável para a salvação) dependesse da aprovação de um sacerdote. Ao contrário, vemos Jesus dizendo claramente:

“Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso”(Mateus 11:28)

Se confessarmos os nossos pecados diante de Deus, “ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça” (1Jo.1:9). Ao invés de João dizer que se alguém pecar tem o sacerdote para fazer a confissão, ele diz que “se alguém pecar temos um advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo” (1Jo.2:1).

A interpretação papista das passagens selecionadas por eles na tentativa de colocar o conceito delesde confissão auricular na Bíblia são absurdamente contrárias ao bom senso e à boa exegese. A mais usada está em Tiago 5:16, que diz:

“Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz” (Tiago 5:16)

Qualquer principiante em exegese consegue perceber claramente que o texto não está falando nada sobre confessar o pecado ao sacerdote em específico, mas sim sobre confessar “uns aos outros”, ou seja, entre nós mesmos. Tiago não disse: “confessem seus pecados ao sacerdote”, mas sim: “confessem seus pecados uns aos outros”. Se o termo “uns aos outros” deve ser entendido como sendo “somente ao sacerdote”, então deveríamos entender também que João queria que amássemos somente os sacerdotes quando disse: “amem uns aos outros” (1Jo.4:7).

Enquanto os pecados pessoais (secretos) devem ser confessados exclusivamente a Deus e ninguém mais precisa saber deles, os pecados que cometemos contra outras pessoas exigem que peçamos perdão também para a própria pessoa, e os pecados que afetam coletivamente um grupo (como quando um tesoureiro rouba o dinheiro das ofertas) exigem que se peça perdão a todo este grupo que esteve envolvido. Esta é a fórmula bíblica na questão do pecado:

"Se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão; mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano” (Mateus 18:15-17)

Mesmo quando alguém cometia um pecado público, que envolvia toda a comunidade, quem exercia juízo e punição sobre ele não era o sacerdote em especial, mas o voto da maioria da própria comunidade:

“Se alguém tem causado tristeza, não o tem causado apenas a mim, mas também, em parte, para eu não ser demasiadamente severo, a todos vocês. A punição que lhe foi imposta pela maioriaé suficiente. Agora, pelo contrário, vocês devem perdoar-lhe e consolá-lo, para que ele não seja dominado por excessiva tristeza”(2ª Coríntios 2:5-7)

E é digno de nota o fato de Paulo dizer que perdoava aquele a quem “vocês” (no plural, se referindo às pessoas a quem ele escrevia a carta) perdoaram:

Se vocês perdoam a alguém, eu também perdôo; e aquilo que perdoei, se é que havia alguma coisa para perdoar, perdoei na presença de Cristo, por amor a vocês, a fim de que Satanás não tivesse vantagem sobre nós; pois não ignoramos as suas intenções”(2ª Coríntios 2:10-11)

Ele não disse: “se o sacerdote perdoou, eu também perdôo”, mas sim: “se vocês perdoaram, eu também perdôo”. Há uma diferença enorme entre uma coisa em outra. O resumo do que a Bíblia ensina sobre isso é o seguinte:

• Pecados secretos e pessoais só precisam ser confessados para Deus.

• Pecados que envolvem alguma outra pessoa devem ser confessados a Deus e também a esta pessoa (ex: alguém que adulterou tem que confessar seu pecado à sua esposa).

• Pecados que envolvem toda uma comunidade devem ser confessados diante de toda a comunidade, e o perdão e a punição dependem da decisão da comunidade que foi ofendida, e não do sacerdote em especial.

Tendo isso em mente, voltemos então à análise de João 20:22-23. Embora algumas traduções coloquem o tempo verbal no futuro, o texto grego original está no particípio perfeito passivo, como pode ser visto na tradução do Novo Testamento Interlinear:

"E isto tendo dito (depois de dizer isto), soprou em (eles) e diz-lhes: Recebei Espírito Santo ([o] Espírito Santo). Se de alguns (de quem quer que) perdoeis (perdoais) os pecados, perdoados foram a eles (perdoados lhes hão sido); se de alguns (de quem quer que) retenhais (retendes), retidos foram (hão sido retidos)” (João 20:22-23)

O teólogo Charles B. Williams, erudito do grego bíblico, nos informa que “o verbo no texto original está no particípio perfeito passivo, referindo-se a um estado de já ter sido proibido ou permitido[2]. Assim sendo, podemos inferir que, ao receberem o Espírito Santo, os discípulos poderiam afirmar que os pecados de alguém foram perdoados, porque realmente já foram perdoados, e que os pecados de alguém não foram perdoados, porque de fato não foram.

Como vemos, não é o fato dos discípulos proclamarem que alguém está perdoado que torna alguém perdoado; ao contrário, é o fato de alguém já ter sido perdoado que faz com que os discípulos, sob a orientação e revelação do Espírito Santo, possam declarar que a pessoa já está perdoada. Da mesma forma, se não perdoarem, é porque a pessoa não foi perdoada por Deus. A ênfase é que a ação do perdão está no passado ou em andamento, mas não no futuro, conforme a teologia católica. O texto não está nem de longe dizendo que o perdão dos pecados está condicionado ao fato de um padre querer perdoar ou não, e muito menos com o pagamento de penitência, de 10 rezas do Pai Nosso e de 55 “Ave-Marias” para o recebimento do perdão!

Os sacerdotes têm o discernimento de proclamar o perdão dos pecados para aqueles que foram perdoados por Deus, e de reterem os pecados daqueles que não foram perdoados. Não se trata de reter o perdão de alguém que foi perdoado ou de perdoar aquele que não foi, mas sim de proclamar aquilo que Deus já decidiu através da Sua Palavra, com o discernimento do Espírito Santo. Por exemplo, se alguém disser que está vivendo com uma amante e que não está disposto a largar dela, o sacerdote deve proclamar que os pecados daquela pessoa estão retidos, porque ela está vivendo deliberadamente em condição pecaminosa. Dizer que os pecados dessa pessoa estão perdoados é simplesmente iludi-la.

Por outro lado, se alguém já não está vivendo no pecado e busca o perdão com sinceridade, o anúncio do perdão deve ser proclamado. O perdão ou a falta dele, efetivamente, já foi decidido por Deus, e é essa a razão do particípio perfeito passivo. A tarefa do sacerdote não é decidir o que Deus já decidiu, mas meramente de proclamar a decisão que Deus já tomou, sendo orientado por meio do Espírito Santo e dos princípios cristãos em cada caso. Os sacerdotes são comunicadores da Palavra do Senhor, e não mediadores da graça, como se para obter o perdão fosse necessário passar primeiro pela figura do sacerdote religioso.

A interpretação católica do texto não apenas corrompe seu significado, mas se mete em enormes e drásticas consequencias práticas. Samuel Vila citou um caso em seu livro:

“Recordo o caso de um jovem católico degenerado e pervertido, que era alvo de muitas e severas repreensões por parte de seu confessor, mas ele continuava entregue ao pecado, até que um dia, cansado de se zangar em vão, este piedoso sacerdote sentiu em sua consciência que não podia dar a absolvição a quem de tal maneira estava brincando com o sacramento da confissão, e assim reteve o perdão. O jovem se levantou emburrado do confessionário, mas logo ao pisar na rua pensou: ‘Bom, não faltaria na Igreja sacerdotes que queiram me absolver’. Com efeito, foi se confessar a outro clérigo que não conhecia sua história, e recebeu a absolvição. Então ele ficou tranquilo e satisfeito, seguro de que havia sido perdoado”[3]

Sob a perspectiva católica, este jovem realmente foi perdoado, porque o sacerdote pode efetivamente perdoar os pecados, ainda que o indivíduo viva atolado no pecado pensando que basta se confessar depois e pronto: resolvido! Sob a mesma ótica, como bem mostrou Vila, o poder de “reter os pecados” se torna completamente inútil, uma vez que qualquer outro sacerdote de outra paróquia daria a absolvição, anulando a decisão do padre anterior. Não é preciso ser muito inteligente para saber que Jesus não estava falando nada disso em João 20:22-23. Quem perdoa os pecados efetivamente é só Deus (Mc.2:7), e por isso quem brinca com o pecado será inevitavelmente condenado (Gl.6:7).

O poder que Jesus soprou especificamente sobre os seus discípulos era para reconhecer a legitimidade do perdão diante de Deus ou o não-perdão. O tempo verbal no grego deixa implícito que a pessoa não iria receber o perdão no futuro, depois de já ter pago os 10 Pais-Nosso e as 55 Ave-Marias, mas sim no passado, isto é, se ela já se arrependeu verdadeiramente diante de Deus, em um arrependimento e quebrantamento de coração diante Daquele que é o único que pode efetivamente perdoar os pecados, pois só Ele conhece o coração do homem para saber se o arrependimento foi sincero ou não.

Jesus nunca pediu o pagamento da penitência católica a alguém quando perdoou pecados. O que ele sempre dizia era: “vá, e não peques mais” (Jo.8:11), e não: “vá, reze 25 Ave-Marias e o rosário, e então estará perdoada”! Após declarar perdoados os pecados do paralítico (Mc.2:5), ele não disse nada sobre penitências que deveriam ser pagas dali em diante, para realmente receber este perdão divino. A única condição para o perdão era o arrependimento simples e genuíno, nunca o pagamento de indulgências.

A oração com fé já é suficiente para Deus perdoar os pecados. Tiago disse:

“E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados(Tiago 5:15)

Aqui, claramente quem cura e perdoa é Deus, e a única condição exposta para isso é a oração de fé.

Jesus também disse:

“E ele lhe disse: Filha, a tua fé te salvou; vai em paz, e sê curada deste teu mal"(Marcos 5:34)

O que “salvou” a mulher não foi o pagamento de penitência após a confissão, mas sim a sua fé.

Deve-se observar também que os discípulos só tiveram o poder de declarar alguém já perdoado (ou não-perdoado) por Deus depois de receberem o sopro do Espírito Santo (Jo.20:22). Mas a Igreja Romana afirma que até mesmo um sacerdote que esteja pessoalmente envolvido em pecado mortal pode ainda perdoar pecados no confessionário:

"A Igreja pede que um sacerdote que absolva um penitente esteja em estado de graça. Isto não quer dizer, entretanto, que um sacerdote em estado de pecado mortal não possua o poder de perdoar pecados ou que, quando exercido, não seja eficaz para o penitente"[4]

Isso significa que até mesmo um padre pedófilo pode continuar perdoando os pecados da criança a quem molestou, assim como os pecados das outras pessoas! Ele pode ser adúltero, estuprador, assassino ou um pervertido sexual que pode continuar perdoando pecados de forma legítima, e de fato nenhum leigo poderá saber se o sacerdote para quem está confessando está envolvido nestes pecados ou não! Mas, biblicamente, os discípulos só puderam reconhecer o perdão dos pecados depois de possuírem o Espírito Santo (Jo.20:22), algo que pedófilos e adúlteros não possuem – Judas, por exemplo, não poderia perdoar, mesmo se quisesse.

Pensemos, portanto, no dilema que a confissão auricular do catolicismo nos proporciona. Um padre em pecado mortal não poderia legitimamente perdoar os pecados de ninguém, pois não possui o Espírito Santo, já que o Espírito Santo só habita em pessoas santificadas por Deus. Assim sendo, milhares de fieis que se confessam diante de padres pedófilos na verdade não tem seus pecados legitimamente perdoados, já que o padre em questão não está em posição legítima diante de Deus para perdoar os pecados. Mas nenhum católico sabe exatamente qual padre é pedófilo e qual não é, nem se está em pecado mortal em uma vida dupla ou se está em santidade.

O resultado disso é que o católico nunca poderia saber realmente quando foi perdoado ou não, se o perdão dos pecados depende da figura do sacerdote para quem se confessou. Pior ainda, durante todo o tempo em que se confessou a um padre pedófilo não foi perdoado e não teria nem como ser perdoado, já que ele não pode pedir perdão direto a Deus, mas tem que passar pelo sacerdote pedófilo! A conclusão é terrível: o católico não poderia ser perdoado!

Em contrapartida, os cristãos não precisam se preocupar com isso, já que confessam seus pecados diante de Jesus Cristo, o nosso verdadeiro e único advogado no Céu (1Jo.2:1), aquele que viveu de forma imaculada na terra (Hb.4:15), que morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para a nossa justificação (Rm.4:25), e que intercede por nós junto ao Pai (Rm.8:34). Assim, nós não precisamos nos preocupar com a figura de um homem pecador, nem se o nosso pastor está vivendo em santidade ou em pecado, pois sabemos que Aquele para quem nos confessamos é “Santo, Santo, Santo, e toda a terra está cheia da sua glória” (Is.6:3).

Podemos simplesmente nos arrepender de coração puro e sincero diante de Deus, dispostos a mudar de vida, e então descansar no Senhor, em confiança, sabendo que o preço pago por Jesus naquela cruz “nos purifica de todo o pecado” (1Jo.1:7). É Ele quem nos ouvirá, quem nos perdoará e quem nos santificará no curso de nossa caminhada cristã, pois nós “não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb.4:15).

Como é bem sabido, a confissão auricular era absolutamente desconhecida pelos Pais da Igreja, e só foi inventada como dogma no Concílio de Latrão, em 1215, durante o pontificado do papa Inocêncio III. As tentativas dos apologistas católicos em distorcerem as declarações patrísticas em favor da confissão auricular nos primeiros séculos é tão risível que até o ex-padre católico Chiniquy teve que explicar:

“Sei que os defensores da confissão auricular apresentam aos seus incautos ouvintes várias passagens dos escritos dos Santos Pais, onde se diz que os pecadores iam diante de um sacerdote ou de um bispo para confessar seus pecados: mas é um modo desonesto de apresentar o fato – pois é evidente para todos os que conhecem um pouco da história da Igreja daqueles tempos que aquilo se refere apenas às confissões públicas das transgressões públicas por meio do ofício da penitenciaria... que era assim: Em cada grande cidade, um sacerdote ou um ministro era especialmente encarregado de presidir os encontros da igreja, em que os membros que tivessem cometido pecados públicos eram obrigados a vir e confessar publicamente diante da assembléia, para ser restaurado em seus privilégios como membro da igreja... isso estava perfeitamente de acordo com o que Paulo recomendou no tocante ao indivíduo envolvido no caso de incesto em Corinto; aquele pecador, que envergonhou o nome dos cristãos, após confessar e expor seus pecados diante da igreja, obteve o perdão, não de um sacerdote, para quem tivesse contado todos os detalhes do relacionamento incestuoso, mas de toda a igreja reunida... Há tanta diferença entre tais confissões públicas e as confissões auriculares quanto entre o Céu e inferno, entre Deus e seu grande adversário, Satanás”[5]

Ele também observa que nas Confissões de Agostinho “é inútil procurar no livro uma única palavra sobre a confissão auricular. Aquele livro é um testemunho indiscutível de que tanto Agostinho quanto sua santa mãe, Mônica, que é mencionada freqüentemente, viveram e morreram sem nunca terem ido a um confessionário. Aquele livro pode ser chamado de a mais esmagadora evidência para provar que 'o dogma da confissão auricular'é uma impostura moderna”[6].

Agostinho (354-430) contestou a ideia de que o homem fosse capaz de fazer alguma coisa para se curar espiritualmente, ou perdoar os pecados de seus irmãos:

"O que devo fazer com os homens para que devam ouvir minhas confissões, como se pudessem curar minhas enfermidades? A raça humana é muito curiosa para conhecer a vida das outras pessoas, mas muito preguiçosa para corrigi-la”[7]

Em suas Confissões, ele diz também:

“Assim, pois, minha confissão em Tua presença, Deus meu, é calma e não silenciosa; calma quanto ao ruído (das palavras), clamorosa quanto à fé”[8]

“Que tenho, pois, eu a ver com os homens, para que ouçam minhas confissões, como se eles fossem sarar todas as minhas enfermidades?”[9]

Em outra obra, ele escreve:

“Eu confessarei meus pecados a meu Deus; e ele me perdoará todas as iniquidades do meu coração; não é com a boca, senão unicamente com o coração, como esta confissão há de ser feita. Ainda não abri minha boca para confessar os pecados e já estão perdoados, porque Deus ouviu verdadeiramente a voz do meu coração”[10]

E, por fim, ele declara:

“Por que iria eu expor aos homens as chagas da minha alma? É o Espírito Santo que perdoa os pecados; o homem não pode fazer isso porque tem necessidade de médico da mesma maneira que aquele que nele busca remédio. E se me dizes: ‘Como se realiza a promessa que Cristo fez aos apóstolos, que tudo o que desligares na terra será desligado nos céus?’, contesto que o Senhor prometeu enviar seu Espírito, por meio do qual deveriam ser perdoados os pecados. É o Seu Espírito que Ele envia, e nós somos seus servos. Como o Espírito Santo é Deus, então é Deus quem perdoa os pecados, e não vós”[11]

João Crisóstomo (347-407) é ainda mais explícito ao dizer repetidas vezes que não nos confessamos a homens, mas somente a Deus:

“Não pedimos que confesse seus pecados a qualquer um de seus semelhantes, mas apenas a Deus... Você não precisa de testemunhas para sua confissão. Reconheça secretamente seus pecados e permita que somente Deus ouça a confissão”[12]

“Não é necessário que haja testemunho algum de vossa confissão. Reconhecei vossas iniquidades, e que Deus somente, sem que ninguém o saiba, ouça vossa confissão”[13]

“Assim, eu vos suplico e os conjuro a confessar seus pecados a Deus constantemente. Eu não os demando, de nenhuma maneira, que confessem seus pecados aos homens: é a Deus a quem vocês devem mostrar as chagas de vossa alma, e somente a Ele vocês devem esperar a cura. Ide a Ele, e Ele não os rechaçará. Ele conhece tudo”[14]

“Confessai vossos pecados todos os dias em vossa oração... o que pode nos fazer duvidar de obras assim? Eu não os mando a ir confessar a um homem pecador como vocês, que poderia desprezá-los se lhes contassem vossas faltas; mas conte elas a Deus, que pode perdoá-las”[15]

“Dize-me: Por que vocês têm vergonha de confessar seus pecados? Por acaso alguém os obriga a revelá-los a um homem, que poderia desprezá-lo? Alguém pede que vocês se confessem a um de vossos semelhantes, que poderia publicá-los e desonrá-los? A única coisa que demandamos é que mostrem vossas chagas a vosso Mestre e Senhor, que é vosso amigo, vosso guardião e vosso médico”[16]

Comentando o Salmo 37, Basílio (329-379) também assinala:

“Não venho diante do mundo para fazer uma confissão com minha boca. No entanto, fecho os olhos, e confesso meus pecados do fundo do meu coração. Diante de ti, ó Deus, derramo meus lamentos, e apenas tu és a testemunha. Meus gemidos estão dentro da minha alma. Não há necessidade de muitas palavras para confessar: pesar e arrependimento são a melhor confissão. Sim, as lamentações da alma, que te agradam ouvir, são a melhor confissão”[17]

Jerônimo (347-420), em sua carta ao presbítero Nepociano, escreve:

“Não esteja nunca sozinho com mulher, sem testemunha ocular. Se você tem alguma coisa particular para falar, que fale a alguma outra pessoa da casa: donzela, viúva ou casada, e não seja tão ignorante das regras de conveniência, para ousar comunicar coisas que aos outros não comunicaria”[18]

Além disso, ao analisarmos a história dos primeiros Pais e santos da Igreja, nada sobre confissão auricular é mencionado. O historiador eclesiástico Teófilo Gay corretamente alega:

“Todos os Pais da Igreja dos primeiros quatro séculos viveram sem se confessar segundo o sistema católico-romano e sem haver tampouco se confessado a ninguém. Na vida dos santos posteriores a Inocêncio III (1161-1216) frequentemente encontramos menções de que eles se confessavam, mas nas dos santos anteriores àquela época não existe nem a mais mínima menção da confissão”[19]

Alguns exemplos que podemos citar rapidamente são: (a) Paulo de Tebas, de quem temos detalhes sobre sua vida, mas nenhuma linha sobre confissão auricular; (b) Maria do Egito, de quem temos relatos sobre suas orações e jejuns, mas nada sobre se confessar a um sacerdote; (c) Cipriano, que teve sua vida detalhada por Pôncio, onde novamente nenhuma descrição de confissão auricular é feita; (d) Gregório e Basílio de Cesareia, que foram biografados por Gregório de Niceia, que jamais mencionou uma única confissão deles a um sacerdote; (e) João Crisóstomo, que foi detalhadamente biografado por Teodoreto, o qual também jamais mencionou coisa alguma sobre confissão auricular; (f) Ambrósio, que foi biografado por Paulino; (g) Martín de Tours, que teve a história da sua vida escrita por Sulpício Severo – em nenhuma biografia há qualquer relato sobre confissão particular dos pecados a um sacerdote[20].

Finalmente, a confissão auricular do catolicismo resulta em vergonha e medo por parte daqueles que se veem obrigados a se confessar diante de um homem pecados que não confessaria nem ao seu melhor amigo. Rebecca A. Sexton fala sobre isso nas seguintes palavras:

“Essa falsa doutrina provoca culpa, vergonha, medo, desgraça, imoralidade sexual e hipocrisia naqueles que precisam participar dela. O medo e culpa ocorrem porque uma jovem não pode expor diante de qualquer homem coisas que não ousaria revelar às suas melhores amigas. Vergonha e desgraça ocorrem se ela confessar esses pecados secretos. O abuso de mulheres solitárias, mal orientadas e espiritualmente fracas por seus confessores é reconhecido pela Igreja Católica (...) Em muitos outros incidentes na vil história da confissão auricular, os sacerdotes usaram o confessionário para seduzir e destruir mulheres jovens e maduras, casadas e solteiras. O confessionário tem sido usado para encontrar os indivíduos mais fracos que então passam a ser controlados e/ou molestados pelo confessor”[21]

Não, Deus não deseja que passemos por medo e vergonha na exposição de nossas vidas diante de um desconhecido que se coloca no lugar de Cristo. Ele deseja que nos confessemos diante do próprio Senhor Jesus, a quem podemos chegar com confiança, diante de seu trono de graça, e não diante de um confessionário para um homem pecador:

“Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno”(Hebreus 4:14-16)

É como disse João Crisóstomo:

“O que devíamos mais admirar não é que Deus perdoa nossos pecados, mas que não os expõe para ninguém, nem deseja que façamos isso. O que requer de nós é que confessemos nossas transgressões a ele somente para obtermos o perdão”[22]

Em suma, a evidência esmagadora é que não existia confissão auricular particular a um sacerdote como nos dias de hoje, uma vez que ninguém interpretava João 20:22-23 de forma tão completamente errônea como faz a Igreja Romana atual. A prova mais irrefutável de que nem mesmo Pedro entendeu as palavras de Jesus da maneira papista está em Atos 8:22, texto no qual Simão Mago se mostra arrependido diante dele, e este responde:

“Arrependa-se dessa maldade e ore ao Senhor. Talvez elelhe perdoe tal pensamento do seu coração” (Atos 8:22)

Pedro, ao invés de “perdoar” ou “reter o perdão” a Simão, fez exatamente aquilo que todo evangélico faz, pedindo que a pessoa confesse seu pecado diretamente a Deus. A atitude de Pedro demonstra claramente que ele não entendeu as palavras de Cristo em João 20:22-23 como uma referência à moderna confissão auricular católica, nem tampouco se insurgia contra a confissão de pecados diretamente a Deus como ocorre hoje nas igrejas evangélicas, uma vez que ele próprio determinou isso a Simão Mago.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.lucasbanzoli.com)


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[2]Charles B. Williams. The New Testament: A Translation.
[3]Samuel Vila. A las Fuentes del Cristianismo.
[4]Peace of Soul (Paz da Alma), Bispo Fulton J. Sheen, 136; 1949; McGraw Hill, Nova York.
[5]O Sacerdote, a Mulher e o Confessionário. Chiniquy, pág. 116.
[6]ibid.
[7]Confissões, Livro III.
[8] Confissões, Livro X, c. 2.
[9] Confissões, Livro X, c. 3.
[10] Homília sobre o Salmo 31.
[11] Sermão 99, De Verb. Evang. Lucas 7.
[12]De Paenitentia, volume IV.
[13] Homília sobre o arrependimento, tomo IV, coluna 901.
[14] Homília V, Sobre a natureza incompreensível de Deus. Vol. I, pág. 490.
[15] Homília sobre o Salmo 1.
[16] Homília sobre Lázaro, tomo I, pág. 757.
[17]Comentários ao Salmo 37.
[18] Epíst. a Nepociano, vol. 2, pág. 203.
[19] Diccionario de Controversia, pág. 143.
[20]Pare ler mais sobre a confissão auricular nos Pais da Igreja, confira em: http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/08/os-pais-da-igreja-contra-confissao.html
[22]Catethesis ad Illuminandos, Volume 2, pág. 210.

Não existia Escritura na época de Irineu; logo, ele não cria na Sola Scriptura!

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Não há nada mais insuportável, cansativo, nauseante e tedioso do que debater teologia com zumbis tridentinos, daquele estilo papagaio que só sabe repetir os devaneios e sandices dos tios Paulos: o Leitão e o Ricardo. A lavagem cerebral feita na cabeça dos fanáticos é tão evidente que não importa o conteúdo do post, eles sempre repetem as mesmas coisas já explicadas e refutadas milhões e milhões de vezes: cânon e divisão. Isso foi tudo o que eles aprenderam do titio Paulo Ricardo e do titio Paulo Leitão. Então o zumbi tridentino age da seguinte maneira:

a) Entre em um artigo qualquer, de qualquer tema que seja.

b) Não leia absolutamente nada do que foi escrito no artigo.

c) Não refute absolutamente nada do que foi escrito no artigo.

d) Vá direto correndo para a caixa de comentários praticar trollagem e vandalismo.

e) Fale sobre o cânon bíblico, a divisão protestante, ou as duas coisas juntas (mesmo se o artigo tratar sobre qualquer outro tema, não importa).

f) Se for possível, acrescente que o protestante é um “filho da serpente” e um “descendente do dragão”, para garantir que você é um demente mesmo.

g) Mantenha a pose arrogante, como se você tivesse mesmo refutado alguma coisa na vida.

Todos, repito, TODOS os comentários feitos por católicos neste blog desde a sua fundação seguem este esquema. Dos milhares de comentários já feitos, não tem UM ÚNICO que não siga à risca o esquema da lavagem cerebral repetida à exaustão pelos zumbis tridentinos. Agora veio mais um com um “desafio”, em um artigo que trata sobre confissão auricular:

“Lendo um dos seus artigos vc disse que Irineu de Lião era adepto do sola scripture...no entanto, quando Irineu estava vivo o cânon nem havia se formado. Ou seja, não existia Bíblia. Como então Irineu pode ser adepto de algo que nem existia? Me mostre qual era o Novo Testamento que Irineu seguia”

Vou ignorar o fato de que nenhum zumbi tridentino sabe o que Sola Scriptura significava para os reformados, porque 100% deles acham que se não tem cânon na Bíblia então lá se foi a Sola Scriptura. Dá pena. Este aí está mais perdido ainda, porque nem escrever “Sola Scriptura” sabe, colocando um “e” no final. Na cabeça do sujeito, “não existia Bíblia” antes do cânon ter “se formado”, ou seja, a Escritura passou a surgir em um passe de mágica a partir do dado momento em que o concílio de Hipona (393) decidiu que “existiria”. É tanta canalhice que não perde em nada para as teorias da conspiração neo-ateístas, de que “Constantino inventou a Bíblia”, e sandices semelhantes. E o camarada, por fim, solta a pérola de que Irineu não podia crer na Sola Scriptura, já que o cânon não estava totalmente formado na época!

São tantas tolices que eu mal consigo pensar por onde começar. Vamos começar assim: a Escritura já existia na época de Irineu, o que não existia ainda era a delimitação final do cânon, mas ninguém da época precisava esperar por séculos até um concílio se reunir e tratar a questão para finalmente descobrir: “Puxa vida, isso daqui é Escritura!”. Na cabeça do papista, ninguém podia reconhecer por exemplo que o Evangelho de Lucas era “Escritura”, até que o bendito concílio de Hipona se reunisse e decidisse que “é Escritura”. A Escritura, na cabeça do papista, surge em um passe de mágica, de uma hora pra outra. Ninguém fazia a mínima ideia do que era Escritura e do que não era, e de repente puft – este livro se torna “Escritura”!

É lógico que nem os apóstolos nem os Pais da Igreja de data anterior ao concílio de Hipona pensavam desta maneira. Pedro não precisou esperar concílio nenhum para escrever claramente que as epístolas de Paulo eram “Escritura”, assim como os escritos do Antigo Testamento:

“Tenham em mente que a paciência de nosso Senhor significa salvação, como também o nosso amado irmão Paulo lhes escreveu, com a sabedoria que Deus lhe deu. Ele escreve da mesma forma em todas as suas cartas, falando nelas destes assuntos. Suas cartas contêm algumas coisas difíceis de entender, as quais os ignorantes e instáveis torcem, como também o fazem com as demais Escrituras, para a própria destruição deles”(2ª Pedro 3:15-16)

O apóstolo Paulo também não precisou esperar concílio nenhum para saber que o evangelho de Lucas era Escritura:

“Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino. Pois a Escritura declara: ‘Não amordaces o boi, quando pisa o trigo’. E ainda:‘O trabalhador é digno do seu salário’” (1ª Timóteo 5:18)

A primeira citação da “Escritura” encontra-se em Deuteronômio 25:4, mas a segunda, “o trabalhador é digno do seu salário”, não se acha em nenhum lugar do Antigo Testamento. Ela ocorre, porém, em Lucas 10:7, que diz:

"Ficai nessa casa, comendo e bebendo do que eles tiverem; pois o trabalhador é digno do seu salário. Não andeis de casa em casa” (Lucas 10:7)

Portanto, Paulo não precisou esperar até o ano 393 para “descobrir” que o evangelho de Lucas era Escritura Sagrada. Ele já sabia, mesmo sem concílio nenhum ter se reunido para tratar a questão!

Ao avançarmos para os escritos dos primeiros Pais, vemos o mesmo cenário aparecendo. Policarpo (69-155), que conviveu com João, já considerava as epístolas de Paulo como “Escritura”, pois ele disse:

“Creio que sois bem versados nas Sagradas Letras e que não ignorais nada; o que, porém, não me foi concedido. Nessas Escrituras está dito: ‘Encolerizai-vos e não pequeis, e que o sol não se ponha sobre vossa cólera’. Feliz quem se lembrar disso. Acredito que é assim convosco”[1]

Onde encontramos a referência que Policarpo diz que era da Escritura?

Aqui:

“...Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira” (Efésios 4:26)

Policarpo precisou esperar até o concílio de Hipona (em 393) para então começar a citar algo do Novo Testamento como “Escritura”? Não. Ele já sabia que Efésios era, mesmo sem concílio nenhum ter se reunido para tratar a questão! Por que os apologistas católicos não condenam Policarpo, alertando que “não existia Escritura” naquela época? Por que Policarpo cita algo do Novo Testamento como Escritura, se nosso amigo católico garante que não era possível saber o que era Escritura até finais do século IV, quando de repente “surgiu” a Bíblia?

Eu não vou perder tempo mostrando todas as outras milhares de citações dos Pais da Igreja mencionando o Novo Testamento como Escritura muito antes do concílio de Hipona. Para não tornar este artigo demasiadamente longo, passarei aqui apenas a lista de Atanásio (296-373), que corresponde aos exatos 27 livros que temos hoje em nossas Bíblias. Atanásio declara:

Não é tedioso repetir os [livros] do Novo Testamento. São os quatro Evangelhos, segundo Mateus, Marcos, Lucas e João. Em seguida, o Atos dos Apóstolos e as sete Epístolas [chamadas ‘católicas’], ou seja: de Tiago, uma; de Pedro, duas; de João, três; de Judas, uma. Em adição, vêm as 14 Cartas de Paulo, escritas nessa ordem: a primeira, aos Romanos, as duas aos Coríntios, uma aos Gálatas, uma aos Efésios, uma aos Filipenses, uma aos Colossenses, duas aos Tessalonicenses, uma aos Hebreus, duas a Timóteo, uma a Tito e, por último, uma a Filemom. Além disso, o Livro da Revelação de João”[2]

Atanásio morreu décadas antes do concílio de Hipona se reunir, e já sabia perfeitamente bem quais eram os livros do Novo Testamento. O jeito que ele se expressa passa nitidamente a noção de que os cristãos já sabiam há muito tempo quais eram os livros do Novo Testamento, porque ele começa dizendo que “não é tedioso repetir os livros do Novo Testamento...”, passando claramente a ideia de que os cristãos daquela geração já sabiam perfeitamente bem quais eram os livros, tanto ao ponto de chegar a ser tedioso repetir a lista!

Não obstante, na cabeça dos zumbis tridentinos, foi somente em Hipona, décadas e décadas mais tarde, que de repente “surgiu” a Escritura, em um passe de mágica, ao maior estilo adbacadabra. Alguém precisa urgentemente ensinar história da Igreja a este povo, que os liberte do lixo superficial e mentiroso oferecido pelos “Paulos”.

Mas e quanto a Irineu? Embora Irineu claramente já admitisse a existência da Sagrada Escritura e muitos de seus livros, é perfeitamente razoável que alguns poucos livros canônicos fossem considerados “duvidosos” para ele, porque o Cânone de Muratori, na mesma época de Irineu, considerava canônicos quase todos os livros do Novo Testamento que temos hoje, com exceção da epístola aos Hebreus e de 3ª João, que não são mencionados. Supondo que Irineu também tivesse dúvidas quanto a Hebreus e a 3ª João, será que isso impugna a Sola Scriptura? Só se for no mundo de fantasia romanista.

Dizer que a Escritura não existia só porque naquela época alguns poucos livros do Novo Testamento ainda tinham canonicidade incerta seria o mesmo que dizer que a Igreja Católica Romana também não existia antes do século XIX, porque só dali em diante que surgiram dogmas como a infalibilidade papal, a imaculada conceição e a assunção de Maria. Mas nenhum católico romano admitiria uma conclusão dessas. Para eles, a Igreja Romana já existia mesmo antes destas três doutrinas serem tidas como dogmas na Igreja. Perceba então a “lógica” do papista: a Igreja Romana já existia antes destas três doutrinas serem tidas como dogmas, mas a Escritura “não existia” antes de Hebreus e 3ª João serem tidos como canônicos. Alguém antes do século XIX podia crer na Igreja Romana (mesmo sem os dogmas mais recentes), mas ninguém antes do século IV podia crer na Escritura.

Se isso ainda não ficou claro o suficiente, pensemos na analogia da casa. Eu já vivo nesta casa há doze anos, mas nos primeiros anos ela só tinha a parte inferior, e a parte superior só foi construída depois de uns cinco anos. Será que alguém que não fosse demente afirmaria que “não existia casa” nos primeiros cinco anos, e que eu não morava em “lugar nenhum” por causa disso? Será que alguém seria tão insano em supor que a minha casa só passou a existir depois que a parte de cima foi construída também? É lógico que não (a não ser que você seja um zumbi tridentino).

Eu morava somente na minha casa, mesmo antes dela se tornar “completa” como está hoje. Da mesma forma, os cristãos da época de Irineu criam somente na Escritura, mesmo antes dela se tornar “completa” como está hoje. A verdade é bastante simples para quem não está desesperado em corrompê-la a fim de seguir os “Paulos”.

Mas como ter certeza que Irineu cria mesmo na Sola Scriptura? Primeiro, ele disse que as Escrituras são o pilar e o fundamento da nossa fé:

"De nada mais temos aprendido o plano de nossa salvação, senão daqueles através de quem o evangelho nos chegou, o qual eles pregaram inicialmente em público, e, em tempos mais recentes, pela vontade de Deus, nos foi legado por eles nas Escrituras, para que sejam o fundamento e pilar de nossa fé[3]

Segundo, ele cria que a doutrina tinha que estar em diligente harmonia com as Escrituras, sem adição nem subtração:

"O verdadeiro conhecimento é a doutrina dos apóstolos, e a antiga constituição da Igreja em todo o mundo, e a manifestação distinta do Corpo de Cristo conforme as sucessões dos bispos, pelas quais eles transmitiram aquela Igreja que existe em todos os lugares, e chegou até nós, sendo guardada e preservada sem nenhuma falsificação nas Escrituras, por um sistema muito completo de doutrina, e sem receber adição nem subtração; e a leitura [da Palavra] sem falsificação, e uma exposição lícita e diligente em harmonia com as Escrituras, sem perigo nem blasfêmia, e o preeminente carisma do amor, o qual é mais precioso do que o conhecimento, mais glorioso do que a profecia, e que excede todos os outros dons"[4]

Terceiro, Irineu cria que na Escritura estava toda a doutrina que Jesus ensinou:

“Leia com maior diligência aquele evangelho que nos foi dado pelos apóstolos; e leia com maior diligência os profetas, e você encontrará cada ação e toda a doutrina de Nosso Senhor neles pregados[5]

Quarto, Irineu rejeitava as tradições orais dos gnósticos, porque elas não estavam de acordo com a Escritura:

Leem coisas que não foram escritas e, como se costuma dizer, trançando cordas com areia, procuram acrescentar às suas palavras outras dignas de fé, como as parábolas do Senhor ou os oráculos dos profetas ou as palavras dos apóstolos, para que as suas fantasias não se apresentem sem fundamento. Descuidam a ordem e o texto das Escrituras e enquanto lhes é possível dissolvem os membros da verdade. Transferem, transformam e fazendo de uma coisa outra seduzem a muitos com as palavras do Senhor atribuídas indevidamente a fantasias inventadas”[6]

Quinto, Irineu repudiava aqueles que acrescentavam algo que não estava no evangelho:

“São, pois, fúteis, ignorantes e presunçosos os que rejeitam a forma sob a qual se apresenta o evangelho, ou introduzem no evangelho um número de figuras maior ou menor do que o referido”[7]

Sexto, sempre quando Irineu falava da tradição ele se referia a uma tradição bíblica, e nuncaa uma tradição oral fantasmagórica que supostamente dá base a um monte de doutrina que não se encontra na Bíblia. Quem quiser conferir isso, é só ler este artigo:


E, por fim, todos os outros Pais da Igreja criam no mesmo conceito de Irineu: da Escritura como sendo a autoridade suprema e final, e da tradição como submetida à Bíblia e a ela condicionada. Embora eu saiba que será totalmente inútil eu passar o link do meu livro que nenhum zumbi tridentino irá ler (mas que irá criticar assim mesmo) já que a lavagem cerebral implica em só ler o material dos “Paulos”, ainda assim irei passar aqui para os evangélicos que se interessam pelo tema, e também para os católicos honestos (não-tridentinos):


O problema dos tridentinos é que eles se deixam doutrinar pelos “Paulos” errados. Se ao invés do Ricardo e do Leitão ouvissem mais o apóstolo com o mesmo nome, não estariam postando sandices aqui, mas se convertendo a Jesus Cristo.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.lucasbanzoli.com)


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[1] Policarpo aos Filipenses, 12:1.
[2]Epístola 39, c. 5.
[3] Contra as Heresias, Livro III, 1:1.
[4] Contra as Heresias, Livro IV, 33:8.
[5] Contra as Heresias, Livro IV, 66.
[6] Contra as Heresias, Livro I, 8:1.
[7] Contra as Heresias, Livro III, 11:9.

Olavo de Carvalho excomunga o papa Francisco

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(Papa Francisco, desesperado em saber via facebook que está excomungado)

Poucos meses após ter excomungado o cardeal Odilo Scherer (veja aqui), o Mestre da Virgínia não freou seu ímpeto e colocou o próprio papa Francisco no “rol dos heréticos”, e mediante sua interpretação pessoal do Código de Direito Canônico de João Paulo II descobriu aquilo que nenhum católico sabe, exceto os iluminados olavetes – “esse homem não é papa coisíssima nenhuma”:


Só quem acha que o papa Francisco é "papa mesmo"é essa maldita mídia anticatólica:



Já está dado o recado: se você católico pretende ser padre, bispo, cardeal ou papa, vai ter que passar primeiro pela aprovação do Mestre da Virgínia. Fique esperto.

Conclusão: os evangélicos não podem fazer interpretação pessoal da Bíblia e descobrir que o papado é herético, mas os olavetes podem fazer interpretação pessoal do Código de Direito Canônico e descobrir que o papa é herege.

Os olavetes creem ser católicos ortodoxos e leais a Roma, mas ainda não se deram conta de que estão usando o mesmo princípio técnico dos protestantes, dos veterocatólicos e dos sedevacantistas: que o papa é falível. A diferença entre um olavete e um sedevacantista é mínima: enquanto o sedevacantista crê que todos os últimos papas eram hereges, os olavetes creem que apenas este último que é. Mas se os próximos papas forem à la Francisco, a diferença se reduzirá a nada.

E mesmo excomungando o próprio papa(!), eles ainda querem ter moral pra acusar os protestantes de “divisão”. Quer dizer: se um evangélico considera um evangélico de outra denominação “herege”, é divisão. Mas se um católico considera o próprio papa um herege, não tem nada de divisão aí não. São só os seus olhos. Em termos simples: católicos podem brigar, berrar, espernear, crer em coisas diferentes, interpretar o Código de Direito Canônico de acordo com seu próprio ponto de vista e opinião, e até mesmo excomungar o papa, que isso se chama “unidade”. Mas se os evangélicos fizerem coisa parecida entre si, aí é “divisão satânica”.

Antes de terminar, um pequeno comentário sobre a mais nova polêmica olavete. O Mestre da Virgínia soltou seus zumbis adestrados pra cima dos líderes do MBL (Movimento Brasil Livre), tudo porque eles tiraram uma foto com FHC:


Por outro lado, o papa tirou foto com Hitler:


E João Paulo II se reunia com líderes islâmicos terroristas e beijava o Alcorão, livro que manda assassinar os cristãos e os judeus “onde quer que eles estejam”:


Conclusão do olavete: quando o papa se reúne com Hitler e tira foto com ele, é tudo mera diplomacia e pragmatismo. Quando João Paulo II se reúne com líderes islâmicos terroristas e tira foto beijando um livro que manda exterminar cristãos e judeus, é tudo mera diplomacia e pragmatismo. Mas se o Kim Kataguiri e o Fábio Ostermann se reúnem com tucanos e tiram foto com FHC, páááááááááááááára tudo que o mundo acabou!!! Traidores!!! Tucanos!!! Vagabundos!!! #OlavoTemRazao!!!

FATO
PODE
NÃO PODE
Papa tira foto com Hitler
X

Papa beija o Alcorão
X

MBL tira foto com FHC

X

E assim caminha a mediocridade...

- Leia mais artigos sobre o Mestre da Virgínia:

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.lucasbanzoli.com)


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Paulo e as tradições do catolicismo

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O TERCEIRO TIAGO
(Alon Franco)

Observem este discurso do apologista católico Rafael Rodrigues:

“Sendo a Sola Scriptura uma doutrina que já se torna auto-refutável por não haver na Bíblia nenhum versículo que a prove, seus adeptos hoje tentam usar-se de malabarismos exegéticos para poder explicá-la, negando assim a tradição oral, que é ensinada pela própria bíblia, colocando o valor desta como inútil para o Cristão. Também tentam fazer uma exegese barata das palavras de Paulo, (II Tes. 2,15; II Tes 3,6) dizendo que tal Tradição Oral que Paulo fala nada mais é que o próprio conteúdo da bíblia, ora Paulo fala claramente ‘tradições que aprendestes, ou por nossas palavras, ou por nossa carta’, será que é difícil entender? Paulo iria colocar o que falou e o que escreveu em pé de Igualdade? Não poderia ele simplesmente falar de um só já que são os mesmos, ele precisaria especificar diferenças?”

Você pode encontrar seu artigo aqui.

Ele acrescenta:

“… Paulo insiste a Timóteo em II Timóteo 1, 13 ‘Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido, na fé e no amor que há em Cristo Jesus’. É o que Timóteo ouviu de Paulo que é chamado de ‘bom depósito’, mostrando que a mera audição da palavra da boca de Paulo deixou uma marca indelével na consciência de Timóteo e serviu de base para a sua compreensão do evangelho e sua missão de ser um homem de Deus completo. Da mesma forma, em II Timóteo 2, 2, Paulo diz: ‘E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros’. Mais uma vez, mesmo que as Escrituras estivessem à sua disposição, Timóteo iria confiar tanto ou mais no que ele ‘ouviu’ de Paulo”

Esse outro artigo está aqui.


Minha refutação

Como fica evidente, e é tradição mesmo, e das piores, a apologética católica luta contra as Escrituras somente para promover a sua tão confusa “sagrada tradição”. Não encontrando na Bíblia apoio para seus inúmeros dogmas, então nada melhor do que negar a suficiência da própria em detrimento de palavras que jamais foram escritas em livro nenhum, mas posteriormente registradas pelos sucessores dos apóstolos. Por exemplo: Paulo jamais escreveu uma linha sobre a mediação dos santos falecidos, mas eles garantem que esse dogma, como muitos outros, estão inseridos dentro das tradições aludidas pelo apóstolo nos textos citados acima pelo apologista mariano, mas que ficaram apenas na forma oral entre os cristãos da Igreja Primitiva – nada foi registrado.

Vamos abrir aqui os textos que ele citou. E vou acrescentar mais um, pois este também é usado de apoio para a tradição católica romana. Falo de 1ª Coríntios 11:1-2, que diz:

“Sede meus imitadores, como também eu de Cristo; de fato, eu vos louvo, em tudo, porque vos lembrais de mim e retendes as tradições assim como vo-las entreguei”(1ª Coríntios 11:1-2)

“Mandamos-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o irmão que anda desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebeu” (2ª Tessalonicenses 3:6)

“Assim, pois, irmãos, permanecei firmes e guardai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra seja por epístola nossa” (2ª Tessalonicenses 2:15)

Sobre estes três versículos repousa todo o edifício da tradição do catolicismo. Porém, nem um deles se refere à tradição católica romana conforme ela tem se desenvolvido através dos séculos, desde os dias dos apóstolos. Isso fica claro quando examinamos o contexto, quase sempre ignorado pelos católicos e abandonado pelos protestantes porque acham difícil de refutar.

Vamos iniciar a refutação por 2ª Tessalonicenses 3:6:

“Mandamos-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o irmão que anda desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebeu”

No capítulo anterior de sua epístola, Paulo avisa sobre aqueles que estavam ensinando que a segunda vinda era iminente (2 Tess. 2:2), e estes tinham aparentemente anunciado alguns enganos à Igreja em Tessalônica, cessando sua labuta diária. Consideravam que o Senhor pudesse voltar a qualquer momento não havendo assim necessidade de trabalhar. Paulo deixou bem claro no capítulo 2 que este tipo de ensino foi um erro, e ele detalha eventos que primeiro deve ter lugar antes de Cristo retornar (2 Tess. 2:3-12).

Os que são mais conservadores no catolicismo até conseguem visualizar no texto uma forte permissão que os proteja dos evangélicos, expressa em rejeição “legítima” àqueles que não observarem as tradições católicas, quando são exortados a “…se apartar de todo o irmão que anda desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebeu”.

Pense você, caro evangélico, que eles tiveram a ousadia de interpretar essa passagem de uma forma completamente absurda: Àqueles entre os cristãos primitivos que não cressem na intercessão dos santos, na mediação de Maria, no purgatório, nas indulgências e no pontificado do Pedro romano, deviam os outros desviar-se deles.

O que realmente Paulo ensinou quando examinamos o contexto?

Imediatamente após exortar a Igreja a se apartar dos que andavam desordenadamente, dos que não andavam segundo a tradição que dele receberam, Paulo os lembra de como devem imitá-lo:

“Mandamos-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o irmão que anda desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebeu. Porque vós mesmos sabeis como convém imitar-nos, pois que não nos houvemos desordenadamente entre vós”, vv 6,7.

Note que ele salta de “vos aparteis de todo o irmão que anda desordenadamente para e não segundo a tradição que de nós recebeu”.

Observe também a palavra “porque” – ela é a junção para unir as tradições ao exemplo de Paulo. O detalhe é claro, pois mostra que ele não falava de doutrinas católicas romanas. Vamos descobrir que Paulo alude a outro tipo de tradição.

Paulo exorta a Igreja de Tessalônica que se lembre do contraste entre ele – que não andou desordenadamente – daqueles que andavam desordenadamente. E para isso deveriam observar as tradições deixadas por ele. Isso tem a ver com os exemplos de Paulo, sua disciplina entre os tessalonicenses. Por isso ele começa a discorrer nos versículos seguintes sobre essas tradições: 

“Não comemos de graça o pão de homem algum, mas com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós. Não porque não tivéssemos autoridade, mas para vos dar em nós mesmos exemplo, para nos imitardes”, vv 8,9.

Paulo lembra aos Tessalonicenses que quando estava com eles não quis viver ociosamente, aceitando doações de caridade de membros da igreja, mas pagou um preço justo, até mesmo por suas refeições. Ele fez isso apesar de ter direito ao sustento como pregador da Palavra. Ele queria que os ociosos seguissem essa tradição, a qual lhes havia passado quando estava no meio deles. E aqui ele as transforma em palavra escrita:

“Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto, que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também. Porquanto ouvimos que alguns entre vós andam desordenadamente, não trabalhando, antes fazendo coisas vãs. A esses tais, porém, mandamos, e exortamos por nosso Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando com sossego, comam o seu próprio pão. E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem”, vv 10-13.

Paulo retoma e amplia sobre o que ele disse no versículo 6:

“Mas, se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai o tal, e não vos mistureis com ele, para que se envergonhe. Todavia não o tenhais como inimigo, mas admoestai-o como irmão”, vv 14,15.

Caro leitor, observe o detalhe terrível para os militantes católicos: “…se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta”.

A tradição estava escrita na carta!

Paulo estava lembrando a forma como ele conduziu os Tessalonicenses quando estava com eles. Ele era auto-suficiente, trabalhando diligentemente para ser produtivo e ganhar uma renda e sustentar ele próprio e os que o acompanhavam no seu ministério. Está aí a tradição que Paulo fala no verso 6, que era um contraste com a ociosidade de muitos ali naquela Igreja:

“Mandamos-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o irmão que anda desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebeu”

Mais claro impossível!

Paulo nada alega sobre algum tipo de doutrina para a fé passada de forma oral, pois ele esclarece na carta o conteúdo dessas tradições. O motivo da exortação não significava que os que andavam desordenadamente estavam deixando de colocar em pratica algum dogma católico romano. Paulo mesmo esclarece que não se tratava disso ao usar seu próprio exemplo.

“Porque vós mesmos sabeis como convém imitar-nos, pois que não nos houvemos desordenadamente entre vós”, v 7.

A tradição de Paulo era que os irmãos andassem ordenadamente como ele ensinou na carta. Não era uma alusão a dogmas entregues em oculto, que seriam passados as futuras gerações de boca em boca.

“Não porque não tivéssemos autoridade, mas para vos dar em nós mesmos exemplo para nos imitardes”

O proceder de Paulo e o exemplo de vida. Essa era a tradição que deveria ser seguida!

Vou fazer aqui uma recapitulação, pois é muitíssimo  importante atentar para este contexto. É por demais sublime a riqueza de detalhes que nos revela o que eram essas tradições. Observe novamente como Paulo esclarece de maneira explícita o conteúdo das mesmas:

“Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto, que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também. Porquanto ouvimos que alguns entre vós andam desordenadamente, não trabalhando, antes fazendo coisas vãs”, vv 10,11.

Ele simplesmente escreve o que havia passado de forma oral quando estava entre os tessalonicenses: “…quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto…”.

Paulo escreveu aborrecido sobre aqueles que andavam desordenadamente “…Fazendo coisas vãs…”. Eram malandros boa vida, preguiçosos que comiam à custa dos outros. O problema destes não era que estavam deixando de praticar a oração pelos mortos, crer na intercessão dos santos ou mesmo negligenciando as novenas.

O que eram essas coisas vãs?

“A esses tais, porém, mandamos, e exortamos por nosso Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando com sossego, comam o seu próprio pão”, v 12.

As tradições aludidas por Paulo neste contexto não pode ser uma referência à verdade transmitida de geração em geração. Paulo está falando de uma “tradição” para a necessidade dos Tessalonicenses naquele momento recebida e passada em primeira mão. Trata-se do encerramento da epístola – Paulo está fazendo um resumo. E, uma vez mais, ressalta a importância do ensino que os tessalonicenses tinham recebido diretamente de sua boca. A “tradição” que ele passa aqui é uma doutrina decisiva, segundo a qual qualquer pessoa que se recusar a dar-lhe atenção e não viver de conformidade com ela, deverá ser rejeitada pela comunidade.

Agora vejam novamente que interessante no verso 14: Mas, se alguém não obedecer a nossa palavra por esta carta, notai o tal, e não vos mistureis com ele, para que se envergonhe.

“…Nossa palavra por esta carta”. Percebeu amigo católico como palavras podem se transformar em escritura?

Não é possível vislumbrar nem mesmo algum vestígio que faça referência à tradição católica romana na epístola.  Eles tinham que obedecer pela carta: “…se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai o tal…”.

Portanto, essas tradições se referem a disciplina que ele passa a Igreja. Neste contexto ele também tem algo para este povo específico, os Tessalonicenses. Havia problemas na Igreja e Paulo tentou corrigir, lhes dando o próprio exemplo (tradição) de como deveria se comportar um cristão nesta situação.

É por demais sério quando Paulo diz que os faltosos deveriam ser corrigidos segundo as palavras contidas na carta. Este aí um problema enorme para o catolicismo, que defende a tese de que aqui Paulo discorria sobre os dogmas católicos que foram passados aos Tessalonicenses por tradição oral. Muito pelo contrário; Paulo estava falando de doutrina simples e prática, sobre administração em geral, a responsabilidade de um homem de trabalhar e prover para sua família, e disciplina pessoal na vida diária. Essas verdades são agora parte da Escritura, em razão da inclusão de Paulo nessa epístola.

Assim, ele encoraja os crentes de Tessalônica, tão somente “para vos dar em nós mesmos exemplo, para nos imitardes…” (verso 9), e não que lhes havia ensinado em oculto algum dogma sobre Maria Imaculada, o purgatório, os sacramentos, missas de sétimo dia, missas para as almas do purgatório, hóstias e vinho, intercessão de santos falecidos ou qualquer outra doutrina anunciada hoje pela Igreja Católica que contradiz os ensinos escritos.

Com relação à tradição oral que permeou a Igreja por uns tempos, pode ser dito o seguinte: é óbvio que Paulo, como alguns escritores do Novo Testamento, registrava o que havia já transmitido oralmente para a Igreja. Ele, ou qualquer outro, não faziam referência às tradições que foram transmitidas pela Igreja Romana posteriormente. À luz de todo o contexto, fica impossível ser demonstrado que a tradição atual da Igreja Católica foi primeiramente ensinada pelos apóstolos.

É provado pelos próprios apóstolos que muito daquilo que ensinaram por via oral foi escrito por eles mesmos. Paulo, em 1ª Coríntios 11:23 afirma: “Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei“. Ainda em 2ª Tessalonicenses 2: 5, ele declara “Não vos recordais de que, ainda convosco, eu costumava dizer-vos estas coisas?” Ele estava passando a Igreja o que antes havia comunicado oralmente e ao mesmo tempo estava dando mais compreensão.

Semelhantemente, temos no contexto de Tessalonicenses aqui em discussão o mesmo método. Paulo lembra: “Quando ainda estava convosco, vos ordenamos (oralmente) isto…”, (verso 10). Pedro faz o mesmo: “Mas de minha parte esforçar-me-ei diligentemente por fazer que, a todo tempo mesmo depois da minha partida, conserveis lembrança de tudo” (2ª Pedro 1:15). O que fizeram foi registrar o que passaram por transmissão oral. Certamente isso foi feito para que não se corrompessem, ou mesmo esquecessem o que aprenderam.

Vamos agora para 2ª Tessalonicenses 2.15: “Assim, pois, irmãos, permanecei firmes e guardai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa”.

Há algo no texto que passa despercebido por muitos. Paulo fala de tradições orais e escritas. Veja: “guardai as tradições… seja por palavra, seja por epístola nossa”. Tradições nas epístolas! Quem esperava por essa? A propósito, por que não temos nenhuma tradição católica nas epístolas? Devemos crer que nenhuma delas jamais foi escrita em epístola nenhuma?

A palavra grega para tradições aqui é “paradosis”. Nitidamente, o apostolo está falando de doutrina, e não há como negar que a doutrina que ele tem em mente é a verdade autorizada e inspirada. Portanto, o que é essa tradição inspirada que os crentes receberam “por palavra”? Não está ela antes apoiando a posição católica? Não, não está. Outra vez, o contexto é essencial para uma compreensão clara do que Paulo está dizendo.

Vemos aqui que os tessalonicenses tinham sido claramente enganados por uma carta forjada, supostamente do apóstolo Paulo, dizendo-lhes que o Dia do Senhor já tinha chegado (2 Ts 2.2). Evidentemente, toda a igreja ficou desapontada com isso e o apóstolo estava ansioso por incentivá-la. Primeiro, ele desejava advertir os fiéis a não serem logrados por “verdade inspirada” mentirosa. E disse-lhes então claramente como reconhecer uma epístola genuína dele a qual seria assinada por ele mesmo: “A saudação é de próprio punho: Paulo. Este é o sinal em cada epístola; assim é que eu assino“.

Veja agora de que doutrina trata a epístola:

“Ora, irmãos, rogamos-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele, que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como se viesse de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto. Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição”, 2 Ts 3:1-3.

Paulo, além de proteger seu ensino oral dado anteriormente sobre isso, vem agora e o transforma em palavra escrita. Ele fecha a epístola dizendo:

“Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa”

Atente para o início do versículo: “Então, irmãos, estai firmes…”. Estar firme tendo base em que? O motivo tem que estar na carta! É muito importante o significado da palavrinha “então”. A expressão “então” entrega todo o contexto, concluindo o assunto em pauta, que é esclarecer erros sobre a Segunda Vinda do Senhor, e não que ele aludia aos tantos dogmas da Igreja Católica.

Caro leitor, insisto, o contexto trata da Vinda de Jesus. Não importa se Paulo fala sobre instruções dadas “por palavra ou por epístola nossa” que o assunto do contexto não muda para dogmas católicos romanos, mas permanece sobre as correções em relação ao retorno do Senhor.

A propósito, por que o apóstolo lembraria aos tessalonicenses sobre os tantos dogmas católicos romanos passados de forma oral justamente no meio de um assunto que envolve a volta de Jesus?

Observe novamente a terrível contradição. Como vimos, a epístola corrige erros sobre a parousia: “Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele, Que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis…”. Em seguida ele diz o que deve acontecer antes dessa Vinda. Mas, de repente – segundo a dogmática romana – aparece o Apóstolo e lembra aos tessalonicenses sobre os dogmas católicos romanos que lhes foi passado de forma oral:

“Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa”

A proposta católica não faz sentido!

Na verdade, Paulo queria assegurar-se de que os tessalonicenses não fossem ludibriados novamente por epístolas forjadas. Entretanto, mais importante ainda, ele queria que eles se apegassem ao aprendizado que haviam recebido dele. Ele já lhes havia dito, por exemplo, que o Dia do Senhor seria precedido da apostasia e da revelação do “homem da iniquidade, o filho da perdição“. “Não vos recordais de que, ainda convosco, eu costumava dizer-vos Estas coisas?”(2 Ts 2:5). Eles estavam agora recebendo por epístola o que haviam recebido por palavra. Ele estava ordenando-lhes que recebessem como verdade infalível somente o que tinham ouvido diretamente de seus lábios.

Desde o começo, os tessalonicenses não tinham aceitado a mensagem do evangelho tão nobremente como os crentes de Bereia, que “receberam a palavra com toda a avidez examinando as Escrituras todos os dias para ver se as cousas eram, de fato, assim” (At 17.11).

É altamente significativo que os crentes de Bereia fossem explicitamente apreciados por examinarem a mensagem apostólica à luz da Escritura. Eles tiveram a prioridade correta: a Escritura é a regra suprema de fé pela qual todas as demais coisas devem ser testadas. Inseguros a respeito de poderem confiar na mensagem apostólica que, a propósito, era tão inspirada, infalível e verdadeira como a própria Escritura os ouvintes de Bereia removeram todas as suas dúvidas por terem comparado a mensagem com a Escritura. Entretanto, os católicos romanos são proibidos por sua igreja de seguirem o mesmo caminho!

Portanto, qual é o apoio que estes versículos podem dar a Tradição Católica?

Nenhum!

Quando as passagens são analisadas no contexto a tese católica evapora-se diante dos nossos olhos!


Tradições na Igreja de Corinto

“Sede meus imitadores, como também eu de Cristo. De fato, eu vos louvo, em tudo, porque vos lembrais de mim e retendes as tradições assim como vo-las entreguei”, I Cor 11:1, 2.

Como em 2ª Tessalonicenses 3:6, também aqui aos coríntios, Paulo está se referindo a tradições transmitidas para disciplina na Igreja. Essa “tradição” não é outra senão parte da doutrina que os coríntios tinham ouvido diretamente dos lábios do próprio Paulo durante seu ministério naquela igreja. Os coríntios tiveram o privilégio de ouvi-lo por um ano e meio (At 18.11).

Observe que no versículo em discussão Paulo diz se alegrar porque a Igreja lembrou-se dele. Note também no texto, que após encorajar os coríntios a imitá-lo, ele diz: “…porque vos lembrais de mim e retendes as tradições assim como vo-las entreguei”. Os coríntios lembraram-se de Paulo porque este havia lhes passado a doutrina da confissão auricular? Ou a doutrina da intercessão dos santos? Quem sabe lembraram-se de Paulo porque ele lhes disse que Pedro era o príncipe dos apóstolos tendo sua cátedra em Roma? Faz sentido? Nenhum!

Conforme os textos anteriores e os posteriores a 1ª Coríntios 11:1, 2, descobriremos que as tradições que deveriam ser observadas não estavam ligadas a nenhum dogma católico.  Basta que se leia o contexto final do capítulo 10, três versículos antes do texto aqui em debate:

“Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus. Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus. Como também eu em tudo agrado a todos, não buscando o meu próprio proveito, mas o de muitos, para que assim se possam salvar”. 1 Cor 10:31-33

Paulo discorre sobre assuntos de comida sacrificada a ídolos, alertando como deve se comportar o cristão diante dessa situação. E alguns versículos depois do contexto de 1ª Coríntios 11:1,2, ele  começa a discorrer sobre ser o homem cabeça da mulher, que a mulher não deve tosquiar-se e nem orar com a cabeça descoberta.

Entre estas exortações, Paulo escreve:

“… porque vos lembrais de mim e retendes as tradições assim como vo-las entreguei”

Portanto, deve-se perguntar a dogmática católica romana onde foi que encontraram neste contexto, seja o anterior e o posterior, defesa para seus tantos dogmas. Este versículo está entre dois assuntos que nada tem em comum com dogmas católicos romanos.

Acho necessário repetir aqui os detalhes  que vem no final do capítulo 10 de 1 Coríntios quando  Paulo alerta os crentes sobre comidas sacrificadas a ídolos:

“Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus. Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus. Como também eu em tudo agrado a todos, não buscando o meu próprio proveito, mas o de muitos, para que assim se possam salvar”, vv 31-33.

Agora veja novamente o primeiro verso do capítulo 11:

 “Sede meus imitadores, como também eu de Cristo. De fato, eu vos louvo, em tudo, porque vos lembrais de mim e retendes as tradições assim como vo-las entreguei”

Veja agora os três versículos posteriores a este:

“Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo. Todo o homem que ora ou profetiza, tendo a cabeça coberta, desonra a sua própria cabeça.  Mas toda a mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta, desonra a sua própria cabeça, porque é como se estivesse rapada. Portanto, se a mulher não se cobre com véu, tosquie-se também. Mas, se para a mulher é coisa indecente tosquiar-se ou rapar-se, que ponha o véu. O homem, pois, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do homem.  Porque o homem não provém da mulher, mas a mulher do homem”

Algum vislumbre de doutrinas romanas? Aliás, por que acreditar que Paulo inclui doutrinas católicas romanas no texto central se os  textos anteriores e os posteriores tratam de assuntos completamente diferentes daqueles que o catolicismo propõe?

“Sede meus imitadores, como também eu de Cristo. De fato, eu vos louvo, em tudo, porque vos lembrais de mim e retendes as tradições assim como vo-las entreguei”

Observe bem, caro amigo leitor, o que Paulo tenta dizer aos coríntios. Ele os louva porque o  estavam imitando, guardando as tradições de como se comportar diante das comidas sacrificadas a ídolos e outras coisas. Note que Paulo não pode mesmo estar discursando sobre doutrinas e dogmas romanos, mas sim que escrevia para corrigir erros urgentes na congregação. O momento era aquele, e eles deveriam receber instruções para correção e disciplina, que tem como meta o contexto anterior e posterior.

Porém, o pior não é isso. O pior chama-se tradução bíblica. A Bíblia Ave Maria, uma tradução católica, omite a palavra tradições:

“Tornai-vos os meus imitadores, como eu o sou de Cristo. Eu vos felicito, porque em tudo vos lembrais de mim, e guardais as minhas instruções, tais como eu vo-las transmiti”

A Bíblia de Jerusalém em espanhol:

“Sed imitadores de mí, así como yo de Cristo. Os alabo, hermanos, porque en todo os acordáis de mí, y retenéis las instrucciones tal como os las entregué”

A Bíblia do Peregrino, que é católica, também omite a palavra tradições:

“Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo. Ora, eu vos louvo, porque em tudo vos lembrais de mim, e guardais os preceitos assim como vo-los entreguei”

A dogmática católica, além de ter um inimigo implacável que é o contexto bíblico, ainda tem que lidar com outros inimigos: suas próprias traduções.


Palavras de Paulo a Timóteo

2ª Timóteo 1:14, que diz: “…Mantém o padrão das sãs palavras que de mim ouviste com fé e com o amor que está em Cristo Jesus. Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo que habita em nós”e 2ª Timóteo 2:2, onde podemos ler: “E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros”.

Assim, para eles, as sãs palavras de Paulo passadas a Timóteo  deveriam ser guardadas num depósito, é claro, da tradição oral. Além disso, podemos ver no texto que aquilo que foi passado oralmente por Paulo foi feito diante de MUITAS testemunhas, mas o catolicismo afirma com veemência que mesmo assim, apesar de MUITOS terem recebido os tais dogmas, ninguém escreveu, ficou tudo em segredo nas masmorras da tradição oral.

Doutrinas como Pedro e seu pontificado em Roma, a posição exaltada de Maria na Igreja, a intercessão dos santos falecidos, penitência, celebrar missa para mortos do purgatório, adorar imagens, infalibilidade dos bispos romanos e outras, estão escondidas dentro das “sãs palavra” de Paulo. Isto é, nem Paulo, e muito menos Timóteo, juntamente com as MUITAS testemunhas somados aos outros que Timóteo deveria ensinar, jamais fizeram qualquer registro deste conteúdo. Acredite, amigo leitor, eles conseguiram, enquanto vivos, guardar tudo somente de forma oral.

Em outras palavras, as muitas testemunhas, mancomunadas com Paulo e Timóteo, fizeram com que nada fosse escrito e, até mesmo foram proibidos de registrar nas epístolas que a Igreja Primitiva acreditava e vivia o seu culto diário colocando em prática os dogmas católicos romanos.

Acham absurda minha colocação?

Vejam bem para onde levaram a  conclusão de suas argumentações  – a dogmática católica é a única culpada por isso. Eles responsabilizam os Apóstolos  originais  de manterem os dogmas apenas de boca em boca, como também os responsabilizam por não fazerem registros dos cristãos envolvidos com tais dogmas. Percebeu prezado leitor? Até a crença prática entre a igreja ficou na tradição oral – a situação é mais grave do que de pode imaginar. As “sãs palavras” foram tão bem escondidas nas masmorras da tradição que ficou  impossível  encontrar algum registro de cristãos primitivos mandando celebrar missas de sétimo dia para seus falecidos, fazendo intercessão ao São Moisés, venerando imagens, envolvidos com relíquias e vários outros.

A dogmática católica quer nos convencer que apesar de não haver registros de suas doutrinas – nem na vida da Igreja Primitiva (vide o livro de Atos), elas pelo menos existiam embutidas nestes textos citados. Elas estão escondidas dentro das palavras de Paulo para as muitas testemunhas. Nunca foram registradas.

Terrível o que eles tentam insinuar. As argumentações do católico, no fervor de defender sua doutrina, acabou mutilando a Bíblia de uma forma tão violenta que só os mais desavisados é que não percebem. Seu discurso demonstra total falta de conhecimento da revelação nas Escrituras Sagradas.


Uma análise sobre o depósito de Timóteo

Aqui está o texto completo: “Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido, na fé e no amor que há em Cristo Jesus. Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo que habita em nós”, II Tim 1:13,14.

Eles amam palavras como falar e ouvir – os remete para a tradição oral, não vivem sem ela. Porém, o problema é que tem que tirá-las de cartas escritas, e escritas por um homem que escreveu 14 epístolas. Perceberam os argumentos que nos dão para refutar a contradição? Eles procuram naquilo que está escrito defesa para aquilo que não ficou escrito. Se pudessem eles despareceriam com as Escrituras. Veja as palavras do apologista citadas no início: “…Mais uma vez, mesmo que as Escrituras estivessem à sua disposição, Timóteo iria confiar tanto ou mais no que ele ‘ouviu’ de Paulo”.

É o fim do mundo!

Pior do que isso é o contexto, inimigo número um dos apologistas católicos. Vamos ao contexto dessa passagem. Vou iniciar do verso 3 até o presente versículo. Observe se podemos notar algum vestígio de dogmas romanos como a causa das palavras finais de Paulo a Timóteo: “Conserva o modelo das sãs palavras… guarda o bom depósito…”.


2ª Timóteo 1:3-14:

“Dou graças a Deus, a quem desde os meus antepassados sirvo com uma consciência pura, de que sem cessar faço memória de ti nas minhas orações noite e dia; desejando muito ver-te, lembrando-me das tuas lágrimas, para me encher de gozo;
Trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti. Por cujo motivo te lembro que despertes o dom de Deus que existe em ti pela imposição das minhas mãos.
Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação. Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes participa das aflições do evangelho segundo o poder de Deus,
Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos; E que é manifesta agora pela aparição de nosso Salvador Jesus Cristo, o qual aboliu a morte, e trouxe à luz a vida e a incorrupção pelo evangelho;
Para o que fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios. Por cuja causa padeço também isto, mas não me envergonho; porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia.
Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido, na fé e no amor que há em Cristo Jesus. Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo que habita em nós”

Como pode ser observado, Paulo escreve de sua prisão em Roma. Isso é importante para entendermos todo o contexto. Note que encontramos duas vezes mencionado o vocábulo depósito. A primeira no verso 12, onde significa a confiança do Apóstolo em Deus, que não falta em suas promessas. Todos os seus trabalhos, seu ministério, todos os seus sofrimentos culminados agora em sua prisão em Roma nas vésperas de sua morte, se constituíram num riquíssimo depósito entregue nas mãos do Senhor.

A segunda menção da palavra depósito encontra-se no verso 14. Para qualquer leitor desprovido de preconceitos, esta passagem bíblica no panorama das relações de Paulo com Timóteo, salienta o cuidado especialíssimo do apóstolo em preservar o depósito  isento de macular-se com as fábulas e doutrinas vãs.

Quem é familiar com as Escrituras sabe muito bem das lutas de Paulo com falsos irmãos (Gal 2:4) e, como muitas vezes teve ele problemas com os judeus que contradiziam sua pregação, transtornando as almas dos crentes com suas palavras (Atos 13:45; 15:24) deturpando a pureza do Evangelho. Porém, Paulo não estava sozinho, ele contava com a cooperação de Timóteo, por isso instruía o jovem pregador da melhor forma possível. Motivo pelo qual ele escreve ao seu aluno Timóteo exortando-o  à fidelidade na guarda desse depósito  divino, que é a doutrina do Evangelho, não permitindo, em hipótese alguma, que fosse manchada com  retoques, desvios ou fábulas.

Certa ocasião, enquanto foi à Macedônia, Timóteo permaneceu em Éfeso para advertir alguns que não ensinem outra doutrina, nem se ocupem com fábulas e genealogias sem fim (1 Tim. 1:34).

Para preservar  o «bom depósito»,  competia a Timóteo atender aos apelos de Paulo, como segue: “…aplica-te à leitura, à exortação, ao ensino” (1 Tim. 4:13),  “tem cuidado de ti mesmo e da doutrina”  (1 Tim.4:16) e “procura apresentar-te a Deus aprovado, como operário que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Timóteo 2:15).

O depósito de Timóteo foi acumulado com muita leitura e estudo das Escrituras, e não apenas com instruções orais, pois o contexto não fala de tradição oral – nada tem em comum com doutrinas e dogmas católicos romanos. É o que Paulo confirma em outra exortação semelhante ao mesmo Timóteo:

“Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tem horror aos clamores vãos e profanos e às obrigações da falsamente chamada ciência; a qual professando-a alguns, se desviaram da fé” (1 Tim. 6:20 e 21).

Paulo também suplica-lhe que rejeite «as fábulas profanas e de velhinhas caducas»  (1 Tim. 4:7) e assemelha a “Janes e Jambres que resistiram a Moisés os que resistem à verdade, sendo homens de todo corrompidos na mente, réprobos quanto a fé” (2 Tim. 3:8).

E agora, nas vésperas de sua morte em Roma, donde remetera esta Carta a Timóteo, ele pede:

“Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste. E que desde a infância sabes as Sagradas Letras que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2 Tim 3:14-16).

Como podem ver está tudo escrito. Todas as instruções foram feitas em forma escrita. No entanto, depois de ver registrado a enorme preocupação do Apóstolo exortando Timóteo a aplicar-se a leitura e continuar meditando nas sagradas Escrituras, a apologética católica tem a ousadia de insinuar que Paulo entregou ao jovem, sem escrever uma só linha, as tantas doutrinas reclamadas hoje pelo catolicismo.

Todas as recomendações de Paulo visavam exatamente preservar a pureza do Evangelho, a genuinidade da doutrina, a fidelidade na guarda do «bom depósito» contra a intromissão de ensinamentos espúrios por parte dos judaizantes insubordinados e impostores, bem como de outros inovadores e corruptores.

Perceberam que Paulo não tinha necessidade alguma de  instruir Timóteo a preservar doutrinas católicas romanas de forma oral? Os judaizantes e os impostores não estavam em combate com Paulo e a Igreja por causa da intercessão de santos falecidos, veneração de imagens, novenas, purgatório ou qualquer outro dogma católico. Basta ler o Livro de Atos para perceber  porque eles  lutavam contra Paulo e a Igreja: Não havia vestígio nenhum  de doutrina católica romana!

Pelo contrário, os textos que a dogmática católica apoia para defender sua tradição não a favorece de forma alguma, mas apenas servem para corromper o bom depósito. Por esse motivo eles incorrem em anátema, segundo a  advertência de Paulo  aos falsos irmãos, quando escreveu aos gálatas: “…se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema” (Gál. 1:9).

É de pasmar quando vemos que toda a teologia católica romana esteja lastreada sobre essa base de areia movediça. E de pasmar mais ainda, é ver que através dos séculos a tradição tem se constituído na arma mais eficaz da apologética católica para desviar as almas da verdadeira revelação das Escrituras Sagradas.

Por: Alon Franco.


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O Evangelho de João Comentado

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O Evangelho de João Comentado é parte do projeto do “O Novo Testamento Comentado”, que é uma Bíblia de Estudos neotestamentária com meus comentários nas notas de rodapé dos versículos. Sempre quando termino de escrever um novo capítulo o publico em meu blog "O Cristianismo em Foco", e nos próximos dias disponibilizarei aqui um arquivo em pdf e uma versão impressa dos evangelhos já comentados.

Clique no capítulo desejado e boa leitura:


Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.lucasbanzoli.com)


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Todos os meus livros em um lugar só

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O e-mail do Yahoo só aceita anexos de até 25 megas, e com o meu livro mais recente esta marca limite foi ultrapassada, o que me impossibilita de enviar todos os e-books dos meus livros por anexo (embora possa mandar alguns especificamente). Foi por isso que decidi colocar todos os livros em um lugar só, tanto na versão em pdf quanto em word, onde qualquer um pode ter acesso e baixar. No link abaixo, você tem acesso ao acervo de livros e pode baixar todos eles sem sequer precisar fazer uma conta:


E o melhor é que à medida em que eu for terminando de escrever novos livros e postar ali, o link acima automaticamente irá atualizar para conter este novo livro também. Ou seja, se você estiver lendo este artigo em 2050, não estarão ali apenas os livros de 2015, mas todos os escritos até lá.

Nota 1: Todos os livros que na versão em impresso tem mais de um volume estão em volume único na versão digital.

Nota 2: O livro "A Verdade sobre o Inferno", na versão digital, é o capítulo 8 do livro "A Lenda da Imortalidade da Alma". Portanto, ao baixar o primeiro, você já tem o segundo.

Quanto aos livros em impresso, decidi facilitar também e montar a tabela abaixo, onde o leitor pode ter um acesso mais rápido e simples à página onde o livro está à venda.

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Título
Link
1
A Lenda da Imortalidade da Alma
2
A Verdade sobre o Inferno
3
O Enigma do Falso Profeta
4
A História não contada de Pedro
5
O Mistério do Castelo de Wartburg
6
Chamados para Crer e Sofrer
7
As Provas da Existência de Deus
8
A Igreja na Grande Tribulação
9
Calvinismo ou Arminianismo? - Vol. 1
10
Calvinismo ou Arminianismo? - Vol. 2
11
Em Defesa da Sola Scriptura - Vol. 1
12
Em Defesa da Sola Scriptura - Vol. 2
13
Deus é um Delírio? - Vol. 1
14
Deus é um Delírio? - Vol. 2
15
Deus é um Delírio? - Vol. 3
16
Os Pais da Igreja contra a Imortalidade da Alma
17
Exegese de Textos Difíceis da Bíblia
Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.lucasbanzoli.com)


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A tradição oral de Abraão e a Sola Scriptura

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Recentemente, um catoleigo postou nos comentários do artigo sobre "Paulo e as tradições do catolicismo" um argumento mega bombástico que fulminou de uma vez por todas com a Sola Scriptura:


Eu sei que muita gente deve ter pensado que eu inventei um fake católico para ridicularizar o catolicismo criando argumentos do tipo. Mas eu juro por tudo o que é mais sagrado que não. Para ridicularizar o catolicismo já basta o Paulo Leitão. Eu diariamente recebo emails tão ou mais aberrantes que isso, que mostram o nível da apologética católica tupiniquim. O print do comentário acima é somente mais um dentre tantos exemplos de uma apologética medíocre, falida e fracassada, que expressa bem a imagem dos principais proponentes da apologética papista no Brasil.

No mundo de fantasia dos zumbis tridentinos, Abraão na verdade guardava a tradição oral romanista e seguia à risca o magistério infalível da Igreja. Eis aí a resposta fatal que desmorona por completo com a Sola Scriptura.

Mas no fundo de todo o lixo argumentacional papista, há sempre algo que podemos aprender. O romanista ilustrou algo bastante interessante: de que forma que podemos saber hoje aquilo que Abraão cria? Note bem: não estou perguntando o que Abraão seguia ou não. É óbvio que Abraão não seguia a Escritura se a Escritura não existia ainda, assim como Adão não tinha a Bíblia como a "regra de fé e prática" (e nenhum dos dois tinha a tradição oral papista também, ou um magistério infalível). O que eu estou perguntando é bem específico: de que forma que nós, hoje em dia, podemos saber no que Abraão cria?

Ironicamente, a resposta tanto de católicos quanto de evangélicos é uma só: com a Escritura. Se não fosse pelo registro por escrito sobre Abraão, naquilo que hoje é conservado nas páginas da Sagrada Escritura, no Gênesis, não saberíamos nada sobre Abraão, ou no máximo teríamos apenas uma ideia bem vaga, duvidosa e obscura. Quantas fontes seguras fora da Bíblia nós temos sobre Abraão? Nada, exceto alguns livros apócrifos pouco confiáveis, de data muito posterior ao Gênesis. E quantas tradições orais seguras fora da Bíblia nós temos sobre Abraão? Nada, exceto tradições rabínicas igualmente muito pouco seguras, que nem a #ICAR segue nos dias de hoje.

É irônico pensar que na época de Jesus havia o mesmo confronto que existe hoje entre cristãos e católicos, mas entre Cristo e os fariseus. Enquanto Jesus tinha a Escritura como a regra de fé e prática, os fariseus observavam também várias tradições orais e ensinamentos que supostamente teriam sido conservados incorruptivelmente desde os tempos antigos até a época deles, e, assim, acrescentavam doutrinas além daquilo que estava na Escritura, e que mais tarde foram incluídas no Midrash. Veja como os judeus tratavam as tradições orais do Midrash e compare com o que é argumentado hoje em dia pelos papistas e suas próprias tradições orais:

"[O Midrash] foi uma forma narrativa criada por volta do século I a.e.c em Israel pelo povo judeu. Esta forma narrativa desenvolveu-se através da tradição oral até ter a sua primeira compilação apenas por volta do ano 500 e.c. no livro Midrash Rabbah. Segundo a tradição oral judaica Deus teria revelado a Moisés não somente as leis de seu povo Torá mas também uma série de conhecimentos complementares que deveriam ser passados de pai para filho, o que eles chamavam de Torá Oral"[1]

Parece católico falando, mas não é nada a menos que o pensamento dos fariseus na época de Cristo, que diziam exatamente a mesma coisa que os católicos romanos dizem nos dias de hoje em relação à tradição oral extra-bíblica. Mas note como Jesus lhes tratou:

Mateus 5:13 – E por que vocês transgridem o mandamento de Deus por causa da tradição de vocês?

Mateus 15:6 – Assim vocês anulam a palavra de Deus por causa da tradição de vocês.

Marcos 7:3 – Assim vocês anulam a palavra de Deus, por meio da tradição que vocês mesmos transmitiram. E fazem muitas coisas como essa.

Marcos 7:6,7 – Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim; em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.

Marcos 7:8 – Vocês negligenciam os mandamentos de Deus e se apegam às tradições dos homens.

Marcos 7:9 – Vocês estão sempre encontrando uma boa maneira para pôr de lado os mandamentos de Deus, a fim de obedecer às suas tradições!

Jesus aceitava as tradições orais doutrinárias extra-bíblicas, que supostamente teriam sido conservadas incorruptivelmente pelos fariseus? Claro que não. Ele só tomava como normativo o conteúdo da Sagrada Escritura. Ele obviamente não achava que as tradições orais sobre Abraão, Moisés, Davi ou quem quer que seja tivessem se preservado realmente. Isso significa que, para Jesus, apenas aquilo que foi transmitido por escrito, na Escritura, é que havia sido conservado incorruptivelmente. Esta é a razão pela qual é somente na Escritura que algum judeu da época de Cristo poderia conhecer as crenças e a história de Abraão, e é essa a razão pela qual a própria Igreja Católica não se apoia em nenhuma tradição oral rabínica em torno de Abraão, mas somente naquilo que foi conservado por escrito sobre ele.

Portanto, ironicamente, a Igreja Romana é Sola Scripturista em relação ao Antigo Testamento como um todo, descartando por completo as tradições orais rabínicas que foram rejeitadas pelo próprio Cristo, ainda que não haja nenhum versículo do Antigo Testamento que diga explicitamente que só a Escritura era a regra de fé e prática. Mas quando os protestantes aplicam o mesmo princípio e critério também ao Novo Testamento, os papistas se unem aos fariseus e a todos os grupos gnósticos e heréticos, propondo a existência de uma suposta tradição oral que serve de regra de fé paralela às Escrituras, fazendo exatamente o mesmo que os fariseus faziam. Hipócritas.

À luz de tudo isso, o argumento papista se volta como um bumerangue contra eles mesmos. Ele prova que é somente na Bíblia que hoje podemos ter acesso confiável sobre aquilo que Abraão fez e cria. Isso é Sola Scriptura, pura e simplesmente. Qualquer sofista e embusteiro que negue isso tem a obrigação moral de mostrar uma lista de tradições orais infalíveis sobre Abraão, e provar que estas tradições orais foram transmitidas incorruptivelmente de geração após geração, de boca em boca, sem passar por nenhum tipo de acréscimo ou modificação. Se o papista não pode fazer isso, admitindo que somente na Escritura podemos ter acesso à doutrina de Abraão, então que calem a boca da próxima vez que pensarem usar tal argumento sofista contra a Sola Scriptura, ou qualquer outro do tipo, que apele para a autoridade da "tradição".

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.lucasbanzoli.com)


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A tradição oral de Papias

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Em meu livro "Em Defesa da Sola Scriptura", que conta com mais de 400 citações patrísticas em favor da Sola Scriptura e de uma ampla refutação à tradição oral romana, eu mostro o que os Pais da Igreja entendiam pelo termo "tradição", que, obviamente, não tinha nada a ver com doutrinas extra-bíblicas papistas. O capítulo a isto referente eu postei neste artigo do meu outro site. Se havia mesmo uma tradição oral que legitimamente remetesse aos apóstolos, os primeiros que deveriam falar disso seriam os Pais do século I até meados do século II, ou seja, os que tinham mais contato com os apóstolos ou com sucessores diretos dos apóstolos. Contudo, o que vemos realmente é isso:

• Nas sete cartas de Inácio de Antioquia (305-107), a palavra "tradição" não aparece nenhuma vez.

• Nos livros de Teófilo de Antioquia (120-186), a palavra "tradição" não aparece nenhuma vez.

• Nos escritos de Aristides de Atenas (75-134), a palavra "tradição" não aparece nenhuma vez.

• Nos escritos de Hermas (70-155), a palavra "tradição" não aparece nenhuma vez.

• Nos escritos de Policarpo (69-155), a palavra "tradição" não aparece nenhuma vez.

• Nos escritos de Clemente (35-97), a palavra "tradição" só aparece uma única vez, em um contexto que não menciona nenhuma doutrina romana extra-bíblica.

• Nos escritos de Atenágoras de Atenas (133-190), a palavra "tradição" só aparece uma única vez, em um contexto onde ele chama as tradições do império romano de "ridículas"!

Sim, são esses mesmos que, na cabeça dos apologistas católicos, foram os guardiões da tão estimada e gloriosa "tradição apostólica", aquela mesma que foi transmitida oralmente pelos apóstolos sem nenhuma consonância com as Escrituras e que servia de base para as doutrinas romanistas particulares, como a imaculada conceição de Maria, o purgatório, o papado, etc. É rir pra não chorar.

Mas será que não tem ninguém nos primeiros cem anos de Igreja que mencionou tradições orais na Igreja primitiva? Sim, tem. E seu nome é Papias (70-155), o bispo de Hierápolis. Ele teria convivido com o apóstolo João e com muitos discípulos dos apóstolos. Portanto, se tem alguém que recebeu tradições orais, este alguém foi Papias. Ele foi o único que falou explicitamente em "tradição oral", em seus fragmentos preservados que podem ser conferidos clicando aqui. Eusébio de Cesareia expressa a seu respeito:

"O próprio Papias acrescenta outras coisas que teriam chegado a ele por meio da tradição oral, além de certas parábolas estranhas do Salvador, bem como o ensinamento dele e outras coisas que parecem ainda mais fabulosas. Entre essas coisas, diz que haverá mil anos após a ressurreição dos mortos e que então o reino de Cristo se estabelecerá fisicamente nesta nossa terra"[1]

Note que essa "tradição oral" de Papias consistia em:

a) Parábolas "estranhas" de Jesus.

b) Alguns outros ensinos esquisitos.

c) O milênio literal.

O que a Igreja Romana, essa mesma que tão espetacularmente guarda essa tão estimada tradição oral ao longo destes dois mil anos, faz a respeito da tradição oral guardada pelo único autor primitivo que mencionou uma tradição oral?

Resposta: não faz a mínima ideia de quais sejam essas parábolas, e crê no oposto ao que Papias cria no concernente ao milênio! Papias diz que o milênio futuro na terra tinha chegado a ele através de tradição oral, a Igreja Romana arroga guardar as tradições orais primitivas, mas paradoxalmente deixa de fora exatamente a única tradição oral que realmente remonta aos primeiros séculos, crendo no oposto a esta tradição, já que a #ICAR é amilenista em vez de pré-milenista. Pode isso, Arnaldo?

O próprio Eusébio, que menciona as três tradições orais de Papias, desdenha de todas elas. Ele chama as parábolas de estranhas, os ensinamentos de fantasiosos, e também descrê no milênio. E, mesmo assim, a Igreja Romana jura de pés juntos que a tradição oral é super ultra mega hiper confiável. Tão confiável que ela mesma crê no oposto do único caso concreto de uma tradição oral nos escritos dos primeiros Pais da Igreja, os que conviveram com os apóstolos. Em vez de crer na tradição oral de Papias, ela inventa um monte de tradição esdrúxula e tardia que nem de longe foi pregada por um apóstolo, e que só servem para enganar os trouxas.

E depois ainda são descarados o suficiente em atacar os evangélicos por seguirmos somente a Bíblia em questão de doutrina, porque nós ignoramos essa tão maravilhosamente confiável "tradição oral", que coloca todas as fantasias e invencionices romanistas para dentro do chapéu mágico da tradição "apostólica". Não, obrigado, prefiro ficar com a Bíblia.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.lucasbanzoli.com)


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[1] História Eclesiástica, Livro  III, c. 39, 8-11.

Meu novo livro - "Os Evangelhos Comentados"

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 Sinopse

Os Evangelhos Comentados é parte de uma Bíblia de Estudos com observações no rodapé sobre os versículos mais polêmicos do Novo Testamento, aqueles que geram debate, discussão e dividem doutrinas. Além disso, contém também alguns comentários de caráter devocional e sobre vida cristã. Neste volume, estão incluídos os livros de Mateus, Marcos, Lucas e João, com seus respectivos comentários. A versão bíblica aqui utilizada é a Bíblia Livre (BLIVRE), traduzida por Diego Santos e Mário Sérgio a partir dos textos originais do grego.

Este comentário aos evangelhos segue as linhas: (a) método gramático-histórico; (b) arminianismo clássico; (c) aniquilacionismo; (d) pentecostalismo moderado; (e) pós-tribulacionismo; (f) Cinco Solas: Sola Scriptura, Sola Fide, Sola Gratia, Solus Christus e Soli Deo gloria. Esta Bíblia de Estudos é ainda complementada pelo meu comentário às epístolas, dividido em dois volumes. Juntos, eles formam O Novo Testamento Comentado.


 Download do e-book gratuito

O download da versão digital completa tanto em formato de Word quanto em PDF pode ser feito através deste link do Mega, juntamente com meus demais livros:


Se alguém não conseguir baixar o arquivo, é só enviar um e-mail para mim (lucas_banzoli@yahoo.com.br) que eu mando por anexo.


 Compra do livro em impresso

Para quem quiser comprar o livro em impresso (que tem 423 páginas), poderá fazê-lo através do site Clube de Autores, comprando online neste link:


Após a compra, o livro chega por correio na casa de cada um, em aproximadamente duas semanas (é só seguir as orientações do site).

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.lucasbanzoli.com)


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A lenda do "cânon alexandrino"

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Diz o ditado popular: "Uma mentira, quando repetida mil vezes, se torna uma verdade". Nada se aplica melhor a isso do que a nefasta apologética católica, que inventa mentiras a todo momento e as repetem mil vezes, até alguém entre eles mesmos se convencer da mentira, e defender como "verdade". Um dos casos mais notáveis é do lendário "cânon alexandrino". Digite este termo no Google e você verá legiões e legiões de sites apologéticos católicos defendendo a existência deste suposto "cânon", incluindo o do Sr. Obsceno, o do Fakenando Nascimento, os vídeos do Paulo Porcão, do padre Gargamel e o Mentiratis. De todos os sites católicos que eu busquei, apenas um único diz que não existia um cânon alexandrino, mas como é blog de astronautas não conta. E o pior é que até alguns sites protestantes tem comprado esta mentira.

Vamos à verdade nua e crua: nunca existiu qualquer "cânon alexandrino". Eu fecho este blog imediatamente no momento em que algum católico me mostrar um único documento da era pré-cristã ou de até mil anos depois de Cristo onde alguém fala em "cânon alexandrino". Quem estiver lendo isso pode me cobrar depois. Basta mostrar qualquer indivíduo do planeta terra escrevendo em qualquer período desde antes de Cristo até mil anos depois de Cristo e falando abertamente em "cânon alexandrino", usando esta expressão, em contraposição a um suposto "cânon palestino". Aí está um jeito fácil para os zumbis tridentinos que querem me calar na força: me mostrem um só texto antigo onde qualquer criatura da face da terra falou em "cânon alexandrino", pode ser judeu, cristão, ateu, cientologista ou qualquer coisa, e eu fecho este blog no mesmo dia.

Isso que os catoleigos chamam de "cânon alexandrino" na verdade se trata da Septuaginta, que não era um "cânon" propriamente dito, mas uma coleção de livros que incluía os livros sagrados dos judeus. A estratégia rasteira que o apologista católico usa é transformar a Septuaginta em um "cânon", e como a Septuaginta foi escrita teoricamente em Alexandrina, então tiraram daí o tal do "cânon alexandrino". O papista embusteiro então tenta usar este fantasioso "cânon" imaginário para se contrapor ao verdadeiro cânon, o cânon judaico (ou "cânon dos hebreus"), que eles traiçoeiramente chamam de "cânon palestino", para tentar passar a ideia de que apenas os judeus da Palestina tinham o cânon protestante do Antigo Testamento.

Perceba então a estratégia do papista pérfido: como ele sabe que os judeus rejeitavam completamente a canonicidade dos sete livros apócrifos que eles adicionaram em suas Bíblias, ele tenta dividir o cânon judaico em dois, o da Palestina e o de Alexandria, para depois falsamente dizer que eles seguem o de Alexandria (que seria o certo, consistindo nos livros da Septuaginta) e nós o da Palestina (que seria o errado, produzido pelos malvados fariseus da época de Cristo). Para isso, ele inventa que a Septuaginta era um cânon próprio, diz que ele segue todos os livros da Septuaginta e o protestante não, e então conclui que o protestante é um "filho da serpente" e um "descendente do dragão". Parece coisa de louco. E é.

Como podemos ter certeza de que a Septuaginta não era um "cânon" da Bíblia, mas apenas uma coleção de livros que incluía os livros sagrados? É simples: pela evidência histórica e pelos próprios livros da Septuaginta. O papista mentiroso que usa o argumento da Septuaginta contra os protestantes é geralmente tão burro que não sabe nem quais livros faziam parte da Septuaginta. Na verdade, ele é tão desinformado que mal sabe que não existe um único códice da Septuaginta, mas três, e todos eles divergindo entre si na quantidade de livros. E para piorar: nenhum dos três códices contém o número de livros católicos certinho! Isso você nunca vai ouvir da boca de mentirosos como o padre Gargamel Paulo Ricardo, é claro.

Abaixo estão os códices da Septuaginta e alguns livros neles presentes:

Códice Alexandrino (A)
Códice Vaticano (B)
Códice Sinático (Alef)
Baruque, Tobias, Judite, 1 e 2 Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico, 1 Esdras3 e 4 Macabeus1 e 2 ClementeSalmos de Salomão
Sabedoria, Eclesiástico, Judite, Tobias, Baruque, 1 Esdras
Tobias, Judite, 1 Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico, 4 MacabeusEpístola de Barnabé, O Pastor de Hermas
Analisando:

1) No Códice Alexandrino, há a presença de muitos livros apócrifos que não estão presentes na Bíblia católica romana, tais como o apócrifo de Esdras (que não tem nada a ver com o Esdras canônico das Bíblias católicas e protestantes), mais dois livros de Macabeus além dos dois que os papistas já tem, e os Salmos de Salomão.

2) No Códice Vaticano, há novamente a presença do livro apócrifo de Esdras, e além disso faltam os dois livros dos Macabeus, que os católicos tem nas Bíblias deles.

3) No Códice Sinático, há a presença do quarto livro de Macabeus, e além disso faltam os livros de Baruque e de 2 Macabeus.

Tudo isso só quer dizer uma coisa: independentemente de qual códice da Septuaginta os católicos afirmarem que é o "certo", eles estão lascados de qualquer jeito. Só no mundo da lua é que a Septuaginta tinha todos os livros católicos certinho, sem faltar nenhum e sem sobrar nenhum. Mas você nunca vai ver um papista admitindo isso, seja por ignorância ou por desonestidade. Em vez disso, você verá multidões de embusteiros à la Fakenando Nascimento usando o ridículo "argumento da Septuaginta" para acusar os protestantes de "mutilar a Bíblia Sagrada". Se os evangélicos "mutilam" a Bíblia porque não consideram canônicos todos os livros da Septuaginta, então os romanistas também a mutilam pela mesma razão.

Não é à toa que a Igreja Ortodoxa, querendo ser mais coerente com o argumento da Septuaginta, considera canônicos todos os livros da LXX, diferente dos romanos, que mutilam livros nela presente. Mas os ortodoxos não concordam nem consigo mesmos sobre quais exatamente são estes livros, porque, como vimos, a Septuaginta não tem uma lista única ou fixa de livros, ou um único códice. É por isso que os ortodoxos em geral tem por canônicos os livros de 1 Esdras, a Oração de Manassés, o Salmo 151, o apócrifo de 2 Esdras e 4 Macabeus, mas a Igreja Ortodoxa Copta da Etiópia tem ainda os"Atos de Paulo", 1 Clemente e O Pastor de Hermas, e a Igreja Etíope tem ainda o Livro dos Jubileus, o Livro de Enoque e 4 Baruque. Para aumentar a confusão, a Igreja Ortodoxa Siríaca excluiu o livro de 2 Pedro, o de 2 João, o de 3 João, o de Judas e o Apocalipse, e a Igreja Ortodoxa Russa retirou alguns "deuterocanônicos" de suas Bíblias. Então já dá pra imaginar o quão concreto e forte é o argumento da Septuaginta.

A conclusão que qualquer pessoa honesta toma a partir destes dados é que a Septuaginta não era um "cânon bíblico", mas somente uma coleção de livros que reunia livros inspirados e também livros considerados importantes devocionalmente e/ou historicamente pelos setenta sábios, ainda que não canônicos. Nenhum judeu alexandrino intentava produzir qualquer tipo de cânon paralelo ou concorrente com o da Palestina, isto é, com o cânon já corrente entre os judeus, inclusive na época de Cristo, que citou diversas vezes as Escrituras do Antigo Testamento, muito antes que qualquer concílio judaico ou cristão tratasse a questão (o que mostra que já era possível distinguir o que era Escritura e o que não era).

Uma prova cabal de que uma coleção de livros numa versão da Bíblia não implica em considerar todos estes livros canônicos ou inspirados é a própria Vulgata Latina, de Jerônimo. É bastante conhecido que Jerônimo rejeitava categoricamente os apócrifos católicos, e que só decidiu incluí-los na Vulgata a contragosto e atendendo a pedidos de amigos que gostavam daqueles livros para finalidades devocionais. Mesmo assim, Jerônimo deixou claro na sua introdução a tais livros que eles não eram canônicos e nem tinham força suficiente para fundamentar doutrina. Ele escreveu:

"E assim da mesma maneira pela qual a igreja lê Judite, Tobias e Macabeus (no culto público) mas não os recebe entre as Escrituras canônicas, assim também sejam estes dois livros [Sabedoria e Eclesiástico] úteis para a edificação do povo, mas não para estabelecer as doutrinas da Igreja"[1]

"Este prólogo, como vanguarda (principium) com capacete das Escrituras, pode ser aplicado a todos os livros que traduzimos do hebraico para o latim, de forma que nós podemos garantir que o que não é encontrado em nossa lista deve ser colocado entre os escritos apócrifos. Portanto, a sabedoria comumente chamada de Salomão, o livro de Jesus, filho de Siraque [Eclesiástico], e Judite e Tobias e o Pastor [supõe-se que seja o Pastor de Hermas], não fazem parte do cânon. O primeiro livro dos Macabeus eu não encontrei em hebraico, o segundo é grego, como pode ser provado de seu próprio estilo"[2]

"Para os católicos, os apócrifos são certos livros antigos, semelhantes a livros bíblicos, quer do N.T, quer do V.T, o mais das vezes atribuídos a personagens bíblicos, mas não inspirados, como os livros canônicos, e nem escritos por pessoas fidedignas nem de doutrina segura"[3]

“Que [Paula] evite todos os escritos apócrifos, e se ela for levada a lê-los não pela verdade das doutrinas que contêm mas por respeito aos milagres contidos neles, que ela entenda que não são escritos por aqueles a quem são atribuídos, que muitos elementos defeituosos se introduziram neles, e que requer uma perícia infinita achar ouro no meio da sujeira”[4]

A mesma coisa aconteceu tempos mais tarde, com a Reforma Protestante, no século XVI. Os Reformadores, no desejo de levar a Bíblia ao povo na língua do povo, se empreenderam no trabalho de tradução das Escrituras e assim tiveram suas próprias versões da Bíblia. E embora eles não considerassem nenhum dos apócrifos católicos como canônicos, eles mesmo assim traduziram e colocaram em suas versões bíblicas, não porque os consideravam inspirados, mas porque julgavam que tinham algum conteúdo útil a ser lido. Até hoje algumas Bíblias possuem hinários no final, o que obviamente não significa que os hinários sejam "canônicos". Portanto, o fato de algum livro ou conteúdo em geral estar presente em uma versão da Bíblia não implica que todos os livros sejam considerados canônicos.

Outro dado que deita por terra com toda e qualquer lenda de "cânon alexandrino"é o fato de que o grande historiador judeu Flávio Josefo (37-100) nunca fez referência a este suposto "cânon alexandrino", mas fez menção ao cânon dos judeus como sendo um só, e formado por 22 livros[5], com precisamente o mesmo conteúdo presente na Bíblia dos evangélicos. Ele disse:

“Não há pois entre nós milhares de livros em desacordo e em mútua contradição, mas há sim, apenas vinte e dois livros que contêm a relação de todo o tempo e que com justiça são considerados divinos. Destes, cinco são de Moisés, e compreendem as leis e a tradição da criação do homem até a morte de Moisés. Este período abarca quase três mil anos. Desde a morte de Moisés até a de Artaxerxes, rei dos persas depois de Xerxes, os profetas posteriores a Moisés escreveram os fatos de suas épocas em treze livros. Os outros quatro contêm hinos em honra a Deus e regras de vida para os homens. Desde Artaxerxes (sucessor de Xerxes) até nossos dias, tudo tem sido registrado, mas não tem sido considerado digno de tanto crédito quanto aquilo que precedeu a esta época, visto que a sucessão dos profetas cessou. Mas a fé que depositamos em nossos próprios escritos é percebida através de nossa conduta; pois, apesar de ter-se passado tanto tempo, ninguém jamais ousou acrescentar coisa alguma a eles, nem tirar deles coisa alguma, nem alterar neles qualquer coisa que seja”[6]

Josefo não faz absolutamente nenhuma divisão de "dois cânones" entre os judeus, mostrando o "cânon palestino" e o fabuloso "cânon alexandrino", mas menciona um só, e diz que tudo aquilo que foi escrito no período que nós conhecemos como "intertestamentário" não foi considerado digno de crédito, porque a sucessão dos profetas (inspiração) havia cessado. E, para piorar, nem o famoso judeu Fílon (20 a.C - 50 d.C) jamais fez menção a qualquer livro apócrifo da Septuaginta como "Escritura Sagrada", e nunca fez menção de qualquer "cânon alexandrino". E ele era... alexandrino. E citava amplamente as Escrituras. A conclusão é óbvia: a Septuaginta nunca foi um "cânon". Era apenas uma coleção de livros, que os judeus sabiam bem quais eram canônicos e quais não eram.

Nos primeiros séculos, até mesmo aqueles que criam na canonicidade dos apócrifos jamais propuseram a hipótese de que os judeus tinham mais de um cânon, nem tentaram em momento algum dizer que eles estavam do lado do "cânon alexandrino" e contra o "cânon palestino". Nenhum Pai da Igreja foi suficientemente idiota para dizer uma aberração dessas. Agostinho, que cria na canonicidade dos apócrifos e que foi decisivo nas escolhas dos Concílio de Hipona e de Cartago, jamais alegou uma sandice dessas. Ao contrário, ele reconhecia explicitamente que os judeus rejeitavam tais livros:

“Desde este tempo, quando o templo foi reconstruído, até o tempo de Aristóbulo, os judeus não tiveram reis, mas príncipes, e cálculo de suas datas não é encontrado nas Sagradas Escrituras que são chamadas canônicas, mas em outros, entre os quais estão também os livros dos Macabeus. Estes são tidos como canônicos, não pelos judeus, mas pela Igreja, por conta dos sofrimentos extremos e maravilhosos de certos mártires, que, antes de Cristo vir em carne, sustentaram a lei de Deus até a morte, e suportaram males mais graves e horríveis”[7]

Em outra obra, ele diz que "o livro de Eclesiástico não está no cânon dos hebreus"[8].

Ao invés de Agostinho inventar a asneira de que os judeus tinham dois cânones divergentes e que ele estava do lado do "cânon alexandrino" e contra o "cânon farisaico de Jâmnia", ele foi honesto em reconhecer que os judeus como um todo rejeitavam os apócrifos, mas que a Igreja tinha uma opinião diferente. Essa era a posição dele, embora outros vários Pais da Igreja (anteriores a ele) em geral rejeitassem os apócrifos, como o leitor pode conferir clicando aqui e aqui.

Foi só em tempos recentes que os embusteiros virtuais conhecidos como apologistas católicos inventaram a lenda do "cânon alexandrino", para conseguirem levar adiante um debate sério com os protestantes sobre o cânon, já que bastaria ao protestante o argumento de que o cânon do Antigo Testamento é responsabilidade dos judeus (o que é óbvio) e pronto, fim de discussão. Por isso eles precisaram criar um pseudo-cânon judaico fantasioso, distorcer ridiculamente os fatos em torno da Septuaginta, e mentir, mentir, mentir. A apologética católica só se serve de mentiras, uma atrás da outra. Mentem mil vezes, até que se torne "verdade".

Então, meus irmãos, quando um catoleigo ou um tridentino obsceno chegar a você e disser que “na época de Jesus Cristo já existia um cânon alexandrino”, jogue esse artigo na cara dele e mande-o fornecer algum documento da época que prove a existência desse suposto cânon.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.lucasbanzoli.com)


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Fim da Fraude (Refutando as mentiras dos apologistas católicos)



[1] Prefácio dos Livros de Salomão.
[2] Prologus Galeatus.
[3] Introdução Geral a Vulgata Latina, p. 9.
[4] Epístola 107:12 - Nicene and Post-Nicene Fathers, 2nd Series, vol. 6, p. 194.
[5] O número vinte e dois é porque os judeus consideravam certos livros como sendo um único volume. Por exemplo, eles consideravam todos os doze profetas menores um único livro, chamado "Os Doze". Em geral, todos os livros que os cristãos dividiram em dois volumes são contabilizados como um só pelos judeus. Assim, 1 e 2 Crônicas são um livro só, assim como 1 e 2 Reis, 1 e 2 Samuel, etc. No fim, o cânon judaico de 22 livros é exatamente o mesmo conteúdo do cânon protestante de 39 livros, apenas mudando a forma de contar os livros.
[6] Josefo, Contra Apião. Citado em “História Eclesiástica” (Eusébio de Cesareia), Livro III, 10:1-6.
[7] Cidade de Deus, 18:36.
[8] On the Care of the Dead. Disponível em: http://www.newadvent.org/fathers/1316.htm

Hangout #1 - Reforma Protestante - 498 anos

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O hangout abaixo trata de temas relevantes sobre a Reforma Protestante e a história que a cerca, e conta com a participação de Cris CorrêaElisson FreireVitor Barreto e minha. Alguns dos temas tratados são:

• Início da Igreja
• Desenvolvimento do Papado
• Pré-Reforma
• Tradição
• Sola Scriptura

Segue o vídeo abaixo:


Eu republiquei o vídeo neste link do meu canal no YouTube. Peço a todos os que estiverem interessados que se inscrevam no canal Diário da Reforma e também no meu para acompanhar novos vídeos que estarão sendo produzidos, com temáticas relevantes para o contexto da Reforma. Em breve sairá novos vídeos.

*Nota: Decidi criar uma página pessoal no Facebook exclusivamente para divulgar os novos artigos que eu for publicando nos meus blogs, para quem tiver interesse em estar por dentro das atualizações. Quem quiser seguir, é só clicar em "curtir", logo abaixo:



Por razões óbvias, os tridentinos que entrarem para vandalizar serão bloqueados.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.lucasbanzoli.com)


-Meus livros:

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-Não deixe de acessar meus outros sites:

LucasBanzoli.Com (Um compêndio de todos os meus artigos já escritos)
Apologia Cristã (Artigos de apologética cristã sobre doutrina e moral)
O Cristianismo em Foco (Artigos devocionais e estudos bíblicos)
Desvendando a Lenda (Refutando a imortalidade da alma)
Ateísmo Refutado (Evidências da existência de Deus e veracidade da Bíblia)
Estudando Escatologia (Estudos sobre o Apocalipse)
Fim da Fraude (Refutando as mentiras dos apologistas católicos)

Lutero retirou sete livros da Bíblia?

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Se você costuma acompanhar os debates entre evangélicos e papistas, já deve ter se enjoado de ler o argumento mentiroso e repetido à exaustão pelos apologistas romanos, de que “Lutero mutilou a Bíblia”, porque ele “retirou sete livros dela”. Tais caluniadores, que nunca leram obra nenhuma de Lutero e muito menos de história da Igreja, geralmente argumentam com base em dois aspectos:

• Lutero mutilou a Bíblia porque ele retirou livros canônicos da Septuaginta.

• Lutero mutilou a Bíblia porque ele rejeitou as decisões do Concílio de Hipona (393) e do de Cartago (397).

A primeira acusação já foi completamente refutada em meu artigo recente sobre a lenda do "cânon alexandrino", onde eu provo que jamais existiu qualquer “cânon” alexandrino, e se não existia um cânon alexandrino então Lutero não retirou coisa nenhuma. O que os catoleigos inventaram sob o nome de “cânon alexandrino” na verdade se refere à Septuaginta (LXX), que não era um cânon próprio, mas apenas uma coleção de livros que incluía – mas não se limitava a – livros sagrados.

O que deita por terra de uma vez com o ridículo argumento papista em torno do argumento da Septuaginta é que a Septuaginta continha livros não-canônicos para a Igreja Romana, como mostrei em meu artigo anterior. Por mais que alguns sites católicos embusteiros administrados por fanfarrões sem caráter e totalmente obscenos escondam este fato, muitos sites católicos menos desonestos admitem isso, como por exemplo o site "A Bíblia", que afirma:

“A versão dos Setenta, todavia, contém também livros que não entraram nem no cânon da igreja [romana] nem naquele dos judeus. São eles: primeiro livro de Esdras, terceiro e quarto livro dos Macabeus, o salmo 151, odes e oração de Manassés e Salmos de Salomão”[1]

Até o site apologético católico Veritatis, muito acostumado a propagar mentiras, desta vez reconhece:

“É importante notar que o conjunto de livros da Septuaginta é bem maior do que qualquer versão do AT disponível nas Bíblias Católica, Ortodoxa e Protestante”[2]

No catálogo de livros da LXX disponibilizado pelo Veritatis, constam os livros apócrifos de 1ª Esdras (equivalente ao 3ª Esdras da Vulgata), 2ª Macabeus, 3ª Macabeus, Odes de Salomão e Salmos de Salomão. Eles omitem o Salmo 151 e a Oração de Manassés, mas pelo menos admitem que há vários livros presentes na LXX e que não estão no cânon da Igreja Romana. Portanto, se Lutero “mutilou” a Bíblia por não ter considerado canônicos certos livros presentes na LXX, então a Igreja Romana também “mutilou” a Bíblia, pela mesma razão.

Os papistas só se salvam da acusação de “mutilação” se eles passarem a atribuir canonicidade a todos os livros da LXX (o que eles nunca farão). De outra forma, estarão admitindo que o fato de um livro estar na LXX não implica que o mesmo seja canônico, ou seja, estarão colocando em prática o mesmo princípio óbvio que Lutero e os protestantes sempre souberam. Então para o lixo este argumento medíocre.

Mas e quanto ao segundo argumento?

O segundo parece menos idiota do que o primeiro, porque aparentemente a lista de Hipona e Cartago corresponde exatamente à lista do Concílio de Trento (1545-1563). Aparentemente. Isso porque, embora a lista de livros seja a mesma, os livros em si se diferem. Quando o Concílio de Trento declarou canônicos os livros de 1ª e 2ª Esdras, ele estava usando como padrão a Vulgata de Jerônimo, onde 1ª Esdras equivale ao Esdras da Bíblia protestante, e 2ª Esdras equivale ao Neemias. Mas quando esses dois concílios do norte da África declararam os livros de 1ª e 2ª Esdras canônicos, eles usavam como referência a Antiga Vulgata, na qual 1ª Esdras era um apócrifo equivalente ao 3ª Esdras da Vulgata de Jerônimo (livro não-canônico para os romanos), e 2ª Esdras era o equivalente aos livros canônicos de Esdras e Neemias.

Quando os concílios de Hipona e Cartago foram realizados, ainda no final do século IV, a Vulgata de Jerônimo sequer estava concluída. Ela só foi concluída no início do século V. Como aqueles dois concílios poderiam usar a Vulgata de Jerônimo, se a Vulgata nem existia? E mesmo se já existisse, nenhuma versão ganhava autoridade em toda a igreja de um dia para o outro. Isso era fruto de um processo que levava tempo, e até Agostinho chegou a discutir com Jerônimo sobre erros em sua tradução. As versões usadas na igreja da época eram a LXX e a Antiga Vulgata. Em ambas o livro de 1ª Esdras era um apócrifo, que Jerônimo chamou de 3ª Esdras na sua versão.

Dito em termos simples: Trento não reiterou coisa nenhuma. Ele retirou um livro considerado canônico nos concílios de Hipona e de Cartago, sem mais nem menos. Portanto, nenhum católico honesto pode usar estes dois concílios como base para o argumento de que Lutero retirou livros da Bíblia. Se retirar livros aprovados pelos concílios de Hipona e Cartago equivale a “mutilar a Bíblia”, então a Igreja Romana também mutilou a Bíblia, já que ela considera apócrifo o livro de 3ª Esdras (da Vulgata de Jerônimo), aprovado nos concílios de Hipona e Cartago sob o nome de 1ª Esdras. Mais uma vez, para o lixo este argumento.

Mas vamos além: mesmo se os livros ditos canônicos em Hipona e Cartago fossem rigorosamente os mesmos ditos canônicos em Trento, o que isso prova? Que a Igreja antiga como um todo cria que estes livros fossem mesmo canônicos por mais de um milênio, até que chegou o malvadão Lutero e mutilou a Bíblia? É claro que não. O que o catoleigo não vai avisar você é que esses dois concílios citados não eram concílios ecumênicos (universais), mas meramente regionais, no norte da África, que valiam apenas para aquelas regiões, e não para toda a Igreja universal (católica).

Eram como o Concílio de Laodiceia (350), anterior a estes dois, que colocou de fora praticamente todos os apócrifos católicos (veja aqui). Sua validade nem de longe era universal, senão apenas na cabeça do papista. É por isso que mesmo nos séculos que se seguiram ao concílio de Hipona e ao de Cartago os livros apócrifos eram em geral rejeitados no cânon da Igreja da época, principalmente porque eles consideravam o cânon de Jerônimo algo de muito mais autoridade do que dois concílios locais no norte da África. Como vimos, Jerônimo rejeitou vigorosamente a canonicidade dos apócrifos. Nos prefácios destes livros na Vulgata, ele escreveu:

"E assim da mesma maneira pela qual a igreja lê Judite, Tobias e Macabeus (no culto público) mas não os recebe entre as Escrituras canônicas, assim também sejam estes dois livros [Sabedoria e Eclesiástico] úteis para a edificação do povo, mas não para estabelecer as doutrinas da Igreja"[3]

"Este prólogo, como vanguarda (principium) com capacete das Escrituras, pode ser aplicado a todos os livros que traduzimos do hebraico para o latim, de forma que nós podemos garantir que o que não é encontrado em nossa lista deve ser colocado entre os escritos apócrifos. Portanto, a sabedoria comumente chamada de Salomão, o livro de Jesus, filho de Siraque [Eclesiástico], e Judite e Tobias e o Pastor [supõe-se que seja o Pastor de Hermas], não fazem parte do cânon. O primeiro livro dos Macabeus eu não encontrei em hebraico, o segundo é grego, como pode ser provado de seu próprio estilo"[4]

"Para os católicos, os apócrifos são certos livros antigos, semelhantes a livros bíblicos, quer do N.T, quer do V.T, o mais das vezes atribuídos a personagens bíblicos, mas não inspirados, como os livros canônicos, e nem escritos por pessoas fidedignas nem de doutrina segura"[5]

“Que [Paula] evite todos os escritos apócrifos, e se ela for levada a lê-los não pela verdade das doutrinas que contêm mas por respeito aos milagres contidos neles, que ela entenda que não são escritos por aqueles a quem são atribuídos, que muitos elementos defeituosos se introduziram neles, e que requer uma perícia infinita achar ouro no meio da sujeira”[6]

Seguindo o “cânon de Jerônimo”, que rejeitava todos os apócrifos e concebia o cânon judaico/protestante, os Pais e doutores da Igreja após Jerônimo (assim como muitos antes dele) rejeitaram todos os apócrifos adicionados em Trento. Como as citações dos Pais eu já passei amplamente neste e neste artigo, eu só passarei aqui as citações dos teólogos de época posterior.


• Radulfo Flavicêncio (Séc. XII)

“Nas Sagradas Escrituras, há quatro tipos de discurso: histórico, profético, proverbial e simples. História está relatando fatos passados, como nos cinco livros de Moisés. Nisto, apesar dos temas a respeito dos quais são escritos estarem cheios de figuras, não obstante o legislador declara estas coisas serem ordenadas pelo Senhor, ou cumpridas por ele mesmo ou seu povo. Da mesma forma, os livros de Josué, Juízes, Rute, Reis, Crônicas, Esdras, Ester, os quatro Evangelhos e os Atos dos Apóstolos pertencem à história sagrada. De Tobias, Judite e Macabeus, apesar deles serem lidos para a instrução da Igreja, no entanto não possuem completa autoridade[7]


• Hugo de São Vítor (1096-1141)

“Agora é apropriado mostrar em quais livros aquilo que é reconhecido no nome do julgamento divino ser Escrituras. Há dois Testamentos que incluem todas as divinas Escrituras em um corpo: O Velho e o Novo. Ambos estão divididos em três ordens. O Velho Testamento contém a Lei, os Profetas e os Hagiógrafos, que interpretado significa ou os escritores sagrados ou as coisas sagradas escritas. Há cinco volumes na Lei: que é Gênesis, Êxodo, Levítico, Número e Deuteronômio. Gênesis é assim chamado de geração, Êxodo vem de 'exit' - sair – Levítico vem de Levitas, o livro dos Números, porque nele os filhos de Israel foram numerados, Deuteronômio com base na Lei, e em hebraico, 'bresith', 'hellesmoth', 'vagetra', 'vegedaber', 'adabarim'. Há oito volumes na ordem dos Profetas. O primeiro no livro de Josué, que é também chamado Jesu Nave e Josue Bennun, que é filho de Nun; o segundo o livro dos Juízes, que é chamado Sophthim, o terceiro o livro de Samuel, que é o primeiro e segundo livro dos Reis, o quarto é Malaquias, que é entendido como o dos Reis, que é o terceiro e quarto dos Reis; o quinto é Isaías, o sexto Jeremias; o sétimo Ezequiel; o oitavo o livro dos doze profetas, que é chamado de 'thareasra'. Eles são chamados de proféticos porque eles são ‘dos profetas’, contudo, nem todos são profecias. Um profeta é assim chamado com relação a três coisas: o ofício, a graça e a missão. A palavra é também frequentemente encontrada em uso comum para indicar profetas que são profetas tanto em relação ao ofício do profeta ou em relação a ter sido claramente enviado como profeta, como no caso aqui. De acordo com esta definição, Davi e Daniel e vários outros não são ditos profetas, mas hagiógrafos. Há nove volumes na ordem dos Hagiógrafos: primeiro Jó, segundo o livro dos Salmos, terceiro os Provérbios de Salomão, que é chamado 'Parabolae' em grego e 'Masloth' em hebraico, o quarto Eclesiastes que é traduzido como 'coeleth' em hebraico e 'concionator' [lit.: o conferencista do povo, palestrante] em latim; o quinto, 'syra syrim', que é o Cântico dos cânticos; o sexto Daniel, o sétimo Paralipomenon, que em latim é chamado as Palavras dos Dias e em hebraico é chamado 'dabreniamin'; o oitavo é Esdras e o nono Ester. Estes são todos, que são cinco e oito e nove, fazendo vinte e dois, assim como o número das letras no alfabeto hebraico, assim que a vida do justo possa ser instruída no caminho da salvação por tantos livros quanto as letras educam as línguas do inteligente em eloquência. Há alguns outros livros além destes no Velho Testamento, que são algumas vezes lidos, mas eles não estão inscritos no corpo do texto ou no cânon autorizado, tais quais os livros de Tobias, Judite, e os Macabeus, e um chamado a Sabedoria de Salomão e Eclesiástico[8]

“A primeira subseção do Velho Testamento é a lei, que os hebreus chamam de thorath, contém o Pentateuco, que são os cinco livros de Moisés. Nesta subseção o primeiro é Beresith, que é Gênesis; segundo Hellesmoth, que é Êxodo; terceiro é Vagethra, que é Levítico; quarto Vagedaber, que é Números; quinto Elleaddaberim, que é Deuteronômio. A segunda subseção é a dos profetas e contém oito textos. O primeiro é Bennum, que é, Filho de Nun, que é chamado de Josué e Jesus e Jesus Nave.O Segundo é Sathim, que são os Juízes; terceiro Samuel, que é primeira e segunda Reis; quarto Malaquias, que é terceira e quarta Reis; quinto Isaías; sexto Jeremias; sétimo Ezequiel; oitavo Thereasra, que são os doze profetas. A terceira subseção tem nove livros. Primeiro é Jó, segundo Davi, terceiro Masloth, que em grego é Parabolae mas em latim é Provérios, isto é de Salomão; quarto Coeleth, que é Eclesiastes; quinto Sirasirim, que é o Cântico dos cânticos; sexto Daniel, sétimo Dabreiamin, que são as Crônicas; oitavo Esdras; nono Ester. Todos eles se somam vinte e dois. Além disto, há alguns outros livros, tais quais a Sabedoria de Salomão, o livro de Jesus filho de Siraque, e o livro de Judite, Tobias e o livro dos Macabeus que são lidos mas não são considerados no cânon. A estes vinte e dois livros do Velho Testamento (...) Então os escritos dos santos pais, que são Jerônimo, Agostinho, Ambrósio, Gregório, Isidório, Orígenes, Beda e os outros doutores, que são incontáveis. Estes escritos patrísticos não são contados no texto das Santas Escrituras, assim como no Velho Testamento, como temos dito, há certos escritos que não estão inscritos no cânon e ainda são lidos, como a Sabedoria de Salomão, etc. E assim o texto das Sagradas Escrituras, como um corpo inteiro, é principalmente contido em trinta livros, vinte e dois destes são reunidos no Velho e oito no Novo Testamento”[9]


• João de Salisbury (Séc. XII)

“E assim eu fico feliz de tomar para você as questões propostas, e respondê-las, com permissão feita para minhas presentes oportunidades e tarefas urgentes, não como eu deveria, mas tão bom quanto eu puder por enquanto. As questões foram: qual você acredita ser o número dos livros do Velho e Novo Testamento, e quem são seus autores... Sobre o número dos livros eu me encontrei lendo diversas e numerosas opiniões dadas pelos pais; e assim eu sigo Jerônimo, professor da Igreja Católica, de quem eu mantenho ser a testemunha mais segura em estabelecer a base da interpretação literal. Assim como é aceito que há vinte e duas letras no alfabeto hebraico, assim acredito sem sombra de dúvidas que há vinte e dois livros no Velho Testamento, divididos em três categorias[10]


• Antonino (Séc. XV)

“Os judeus,... de acordo com Jerônimo em seu prólogo Galeatus... criaram quatro divisões dos livros do Velho Testamento. A primeira eles chamam de Lei... a segunda de Profetas,... a terceira de Hagiografia,... a quarta (que os judeus não colocam no cânon das Escrituras Sagradas mas chamam de apócrifos) eles fazem com os outros cinco livros, a saber, Sabedoria, Eclesiástico, Judite, Tobias e Macabeus, que é dividido em dois livros; a respeito destes cinco livros Jerônimo diz em seu prólogo a Judite, que sua autoridade é julgada menos que apropriada para fortalecer aquelas coisas que vierem em disputa... E Tomás diz a mesma coisa na Secunda secundae, e Nicolas de Lyra em Tobias, a saber, que eles não possuem tal autoridade, que não se pode ser argumentado de suas palavras o que pertence à fé, como outros livros das Escrituras Sagradas. Daí, talvez, eles possuem tanta autoridade quanto as palavras dos sagrados Doutores aprovados pela Igreja[11]

Eu tenho muitas outras citações aqui de dezenas de outros teólogos que escreveram após os concílios de Hipona e Cartago e antes de Lutero, incluindo de Beda, Agobardo de Lion, Alcuin, Walafrid Strabo, Haymo de Halberstadt, Ambrósio de Antuérpia, Ricardo de São Vítor, Pedro Celêncio, Rupert de Deutz, Honório de Autun, Alonso Tostado, cardeal Ximenes e da Glossa Ordinária, todos rejeitando os livros apócrifos antes de Lutero, mas decidi não transcrever todos aqui para não tornar este artigo demasiadamente extenso. O que foi aqui elencado já é mais que suficiente para esmagar a calúnia de que “Lutero retirou livros da Bíblia”. 

Se grande parte dos teólogos católicos que viveram antes de Lutero não considerava os sete livros canônicos, mas os colocavam na parte de livros “eclesiásticos” ou “apócrifos”, então a acusação católica contra Lutero não passa de puro desespero de quem realmente não tem argumento nenhum, exceto a calúnia. Lutero apenas repetiu aquilo que a esmagadora maioria dos teólogos católicos admitia antes de Trento, quando os papistas precisaram acrescentar ao cânon os livros que fossem necessários para atacar os princípios da Reforma.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,


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[3] Prefácio dos Livros de Salomão.
[4] Prologus Galeatus.
[5] Introdução Geral a Vulgata Latina, p. 9.
[6] Epístola 107:12 - Nicene and Post-Nicene Fathers, 2nd Series, vol. 6, p. 194.
[7] Radulfo Falvicêncio, Comentário em Levítico, Prefácio ao livro XIV.
[8] Hugo de São Vítor, De sacramentis. Prólogo, Cap. VII.
[9] Hugo de São. Vítor, De Scripturis et Scriptoribus Sacris Praenotatiunculae, Cap. VI, De ordine, numero et auctoritate librorum sacrae Scripturae.
[10] Letters of John of Salisbury, W.J. Millor S.J. e C.N.L. Brooke, editores - Oxford: Clarendon, 1979 -, Carta 209, páginas 317, 319, 321, 323, 325.
[11] Sancti Antonini, Archiepiscopi Florentini, Summa Theologica, In Quattuor Partes Distributa, Pars Tertia, Tit xviii, Cap vi, Sect 2, De Dilatatione Praedicationis, Col 1043-1044.

O vitimismo católico e a síndrome da conspiração

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Se tem uma coisa que me enche a paciência na malfadada apologética católica não é nem os argumentos medíocres, nem as heresias, e nem mesmo as grosseiras distorções históricas e seu revisionismo patético. O que me irrita mesmo é o mimimi daqueles que se acham sempre os pobres coitadinhos oprimidos pelos protestantes malvados que estão “atacando a Igreja de Cristo”. É uma síndrome de teoria conspiratória para todos os cantos e um vitimismo descarado que enjoa. Eu não sei como os próprios leitores católicos destes sites suportam tanta dissimulação. Até hoje não encontrei um único site romanista que não use deste mesmo artifício do vitimismo, como se o mundo todo estivesse envolvido em uma gigantesca conspiração contra a pobrezinha e indefesa Igreja Católica.

O argumento geralmente utilizado é que a Igreja Católica é atacada por ateus e protestantes. Como se os evangélicos também não fossem atacados por católicos e ateus. E como se os ateus também não fossem atacados por católicos e evangélicos. Isso é guerra cultural, e geralmente quem se dá mal no embate ideológico irá mesmo apelar para o falso vitimismo, como se a culpa do fracasso cada vez mais constante do catolicismo no mundo não fosse da pobreza de argumentos do próprio catolicismo, mas sim de seus inimigos malvados que os vencem a todo o momento.

Embora os evangélicos sejam atacados por todo mundo, incluindo católicos e neo-ateus, eu nunca fiquei de vitimismo por causa disso, nunca apelei para teorias malucas de conspiração e nunca vi meus irmãos evangélicos fazendo o mesmo. A própria acusação de que os ateus estão empenhados em “destruir o catolicismo” é risível. Neo-ateus e esquerdistas em geral não querem destruir o catolicismo em particular, mas o Cristianismo como um todo, e o foco deles é muito mais os evangélicos do que os católicos. Só um animal de teta não percebe isso.

A coisa é tão óbvia que até os próprios ateus e esquerdistas admitem isso abertamente. Gilberto Carvalho, secretário-geral da presidanta Dilma, deixou escapar isso quando foi entrevistado sobre o principal inimigo do PT, e ele respondeu abertamente que eram as igrejas evangélicas:

“É preciso fazer uma disputa ideológica com os líderes evangélicos pelos setores emergentes! (...) Aí a necessidade importantíssima de uma disputa ideológica, de uma disputa de projeto frente a esse novo público que nos sabemos é um público homogenizado por setores conservadores. Lembro aqui, sem nenhum preconceito, o papel da hegemonia das igrejas evangélicas, das seitas pentecostais, que são a grande presença para o público que está emergindo”[1]

Ou seja: nossos próprios inimigos estão confessando abertamente que o alvo deles são as igrejas evangélicas e que o inimigo ideológico deles são os pentecostais, e o que os patifes travestidos de apologistas católicos afirmam? Que o inimigo dos esquerdistas e ateus é a “Igreja Católica”. Note como o católico fanático, obcecado por teorias de conspiração anticatólicas para se passar de coitadinho, inverte o principal alvo dos esquerdistas para poder se vitimizar. Os próprios esquerdistas afirmam que o alvo deles são os evangélicos, e eles insistem que é a Igreja Católica, para fazer jus às suas teorias conspiratórias.

Basta ler as revistas sensacionalistas neo-ateístas para perceber o quanto isso é óbvio. A “Superinteressante”, por exemplo, super preocupada com o avanço do protestantismo no Brasil, fez uma edição inteira apenas para atacar os evangélicos caluniosamente, com o título de “Extremismo Evangélico”. Nando Moura comentou isso nestes dois vídeos:



Se a Superinteressante tivesse feito uma edição inteira para falar de “Extremismo Católico”, os apologistas católicos de fundo de quintal estariam agora se vitimizando, dizendo que essa é a “prova” de que há toda uma super conspiração universal contra a “Igreja de Cristo”, numa liga satânica formada por protestantes e ateus. Mas como o alvo deles é claramente os evangélicos, eles fingem que nada aconteceu. E nem os próprios evangélicos dão ênfase a isso, porque nós não temos a praxe de vitimismo característico dos papistas.

Há uma regra de ouro que diz que se nós queremos saber com quem o inimigo realmente se preocupa, pergunte a ele. Ele sabe melhor do que ninguém. Ele não atira no vácuo. E indiscutivelmente o inimigo número um para os neo-ateus não é a Igreja Católica, mas os evangélicos. No vídeo abaixo, um neo-ateu que se auto-intitula “Clarion de Laffalot” faz um vídeo chamado “Eu tenho medo”, que é inteiramente dedicado a atacar os evangélicos, mesmo sem argumento nenhum:


Clarion finge não perceber que já existe um país majoritariamente protestante no mundo, e seu nome é Estados Unidos, um dos maiores berços da democracia moderna e a maior potência do planeta, milhões de vezes melhor que o nosso país católico. Mas, como vemos, o medo do ateu não é que a Igreja Católica volte a ter força, mas sim que os evangélicos continuem crescendo. Na perspectiva dos ateus e esquerdistas em geral, o principal obstáculo não é o catolicismo romano, mas o protestantismo evangélico. Só na cabeça do fanático católico é que o catolicismo é o alvo maior do secularismo anticristão. Enquanto os ateus atacam os evangélicos, são os católicos que se fazem de “perseguidos”.

Basta entrar em qualquer comunidade neo-ateísta ou grupo de debates para perceber claramente como os ateus tem um ódio aos evangélicos enormemente maior do que aquele que eles sentem pelos católicos. Eles sabem quem é o verdadeiro inimigo. Eles sabem quem é que ainda sustenta o conservadorismo cristão no Brasil e no mundo. Eles não são nada ingênuos.

Prova maior disso é que praticamente todo o embate neo-ateísta no mundo é com cristãos evangélicos. Se não fosse pelos apologistas cristãos evangélicos, os ateus já teriam dominado o mundo há muito, muito tempo. É graças ao trabalho fenomenal de apologistas crentes como William Lane Craig, Alvin Plantinga, Alister McGrath, Norman Geisler, Frank Turek, John Lennox, Michael Licona, Paul Copan, Ravi Zacharias, Gary Habermas e N. T. Wright que o Cristianismo não está totalmente acabado no mundo. Se eu estou me esquecendo de alguém, é de mais algum evangélico. O único católico de destaque que eu me lembre é Dinesh D’Souza, mas ele está enormemente longe do tipo de católico antiprotestante que administra esses sites desonestos (ele inclusive considera o protestantismo uma opção legitimamente cristã).

São em suma maioria os apologistas evangélicos que fazem o Cristianismo ainda estar vivo no mundo, frente aos argumentos neo-ateístas de Richard Dawkins, Christopher Hitchens, Sam Harris, Daniel Dennett, Lawrence Krauss e companhia limitada. Quando um católico quer estudar apologética para combater o ateísmo, é a literatura protestante que ele procura, porque a católica está praticamente ultrapassada e falida. Os católicos, com raras exceções, estão inteiramente dedicados a só atacar o protestantismo o tempo todo, 24h por dia, sem parar, custe o que custar. E, mesmo assim, ainda dizem que é com os católicos que os ateus estão preocupados!

Poucos sabem, mas quando eu decidi entrar para a apologética, em 2009, eu não estava nem aí com o catolicismo. Meu objetivo era exclusivamente refutar o neo-ateísmo (coisa que continuo fazendo até hoje). Eu fiquei meses debatendo apenas com ateus, até que fui descobrindo que os católicos tridentinos atacavam muito mais os evangélicos do que os ateus. Enquanto há um site ateu atacando os evangélicos, há pelo menos vinte sites católicos nos atacando na mesma medida, ou até pior. E para cada mil sites católicos nos atacando dia e noite, havia um ou dois sites evangélicos que se defendiam. Chegava a ser covardia.

Quando eu percebi que os católicos tridentinos eram maior ameaça ao Cristianismo do que o ateísmo, e que os evangélicos não faziam praticamente nada para se defender de tanta mentira, calúnia e difamação que era lançada diariamente contra nós, decidi começar a refutar o catolicismo também, como venho fazendo até hoje. Há milhares de sites apologéticos católicos atacando a fé evangélica todos os dias, e mesmo assim são eles que se vitimizam sem parar. Há três ou quatro sites apologéticos evangélicos que se defendem, e mesmo assim nós nunca ficamos de mimimi.

É aquela velha história: na cabeça do fanático católico, se um comunista mata um católico, um ortodoxo, um protestante e um judeu, os três últimos morreram por danos colaterais, mas o católico só morreu porque o comunista tem um plano secreto conspiracionista armado exclusivamente contra a “Igreja de Cristo”. É com esse tipo de gentalha ridícula que lidamos todos os dias, e é este tipo de fanatismo doentio que lunáticos como o astrólogo da Virgínia doutrinam a todo o instante, insuflando o conspiracionismo anticatólico para dentro deles. Na cabeça de um lunático deste nível, até mesmo filmes como “O Poderoso Chefão” e “O Código da Vinci” são ataques protestantes contra a Igreja Católica, e o simples fato da mídia chamar o papa Francisco de papa significa que ela está conspirando contra a ICAR (já que ele não considera Francisco papa mesmo):




É esse tipo de síndrome do vitimismo que invade os neurônios de legiões de seguidores fanáticos e zumbis adestrados que formam o tipo de católico tridentino que se resume a um ridículo sem fim; um misto de teórico da conspiração com pseudoapologista fanatizado, a quem chamamos carinhosamente de tridentinos.

Mas, afinal, o que esperar de um teórico da conspiração formado em coisa nenhuma, que dizia que o microchip seria obrigatório nos Estados Unidos até 2013?


Paz a todos vocês que estão em Cristo.


Por Cristo e por Seu Reino,


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A lista oficial de papas da Igreja Católica é confiável?

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A Igreja Católica tem uma lista oficial com todos os papas da história, inclusive com a data em que cada um começou a reinar. Os catoleigos geralmente costumam jogar essa lista super confiável na cara dos protestantes para “provar” que a Igreja Católica Romana não foi criada por Constantino. A bem da verdade, ela não foi criada por Constantino, realmente. Dizer que Constantino fundou a ICAR é fazer uma enorme concessão aos papistas, pois a ICAR é uma construção bem posterior a Constantino. Nos primeiros séculos, a Igreja não era “Católica Apostólica Romana”, mas simplesmente “católica”, isto é, universal, em oposição a particular (romana).

A Igreja apenas tinha bispos romanos em Roma, assim como todas as outras igrejas católicas da época, que também tinham seus próprios bispos. Inclusive o próprio nome “papa” não tinha nenhuma relação específica com o bispo romano em particular. Durante os dois primeiros séculos, nenhum bispo (nem o de Roma) era chamado de “papa”. A partir do terceiro, há a primeira menção ao “papa”:

“Logo, depois de dizer algumas coisas sobre todas as heresias, acrescenta: Eu recebi esta regra e este modelo de nosso bem-aventurado papa Heraclas[1]

Só tem um probleminha: esse “papa Heraclas” nunca foi bispo de Roma! Ele era bispo de Alexandria! E naquela mesma época o título “papa” era dado a Cipriano, o bispo de Cartago e arquirival do bispo romano da época, Estêvão, a quem chamou de “amigo de hereges e inimigo dos cristãos”[2], e que não tinha a mesma honra de ser chamado de “papa”! Só mais tarde é que o bispo romano seria chamado de “papa”, como os demais bispos da época.

Mas vamos desconsiderar esse “detalhe”, assim como o fato de três papas disputarem o poder numa mesma época com todos se excomungando mutuamente, e sem falar dos vários antipapas. Vamos falar de coisa boa e tratar exclusivamente da lista oficial de bispos de Roma, para ver se ela tem fundamento histórico consistente.


Em Inácio, Clemente e Hermas

Ironicamente, as primeiras evidências históricas que temos parecem indicar que nem mesmo havia bispo romano no primeiro século até meados do segundo. As cartas de Inácio (68-107) são uma prova viva disso. Em todas elas Inácio fazia questão de mencionar o bispo da região a qual ele escrevia, e fazia isso muitas vezes. Mas justamente na carta à igreja de Roma, que supostamente teria um dos bispos mais importantes no governo, ele não o menciona sequer uma única vez!

-O bispo de Éfeso é citado por ele na Carta aos Efésios treze vezes: 1:3 (duas vezes); 2:1; 2:2; 3:2; 4:1 (duas vezes); 5:1; 5:2 (duas vezes); 6:1 (duas vezes); 20:2.

-O bispo de Esmirna é citado por ele na Carta aos Erminiotas nove vezes: 8:1 (três vezes); 8:2 (duas vezes); 9:1 (três vezes); 12:2.

-O bispo de Filadélfia é citado por ele na Carta aos Filadelfienses oito vezes: 1:1; 3:2; 4:1; 7:1; 7:2; 8:1; 10:2; e mais uma vez na saudação.

-O bispo de Magnésia é citado por ele na Carta aos Magnésios doze vezes: 2:1 (duas vezes); 3:1 (duas vezes); 3:2; 4:1; 6:1; 6:2; 7:1; 13:1; 13:2; 15:1.

-O bispo de Trália é citado por ele na Carta aos Tralianos nove vezes: 1:1; 2:1; 2:2; 3:1; 3:2; 7:1; 7:2; 12:2; 13:2.

Como vemos, ele costumava citar muitas vezes os bispos locais de cada cidade para quem ele escrevia, dizendo que os membros daquela igreja lhe deviam submissão e reconhecendo a autoridade daquele bispo local. Isso aconteceu diversas vezes em todas as epístolas que Inácio escreveu às outras igrejas, mas quando escreve aos romanos, que teoricamente teriam o maior de todos os bispos, o Sumo Pontífice, o bispo dos bispos, o bispo universal, o chefe de toda a Igreja apostólica... ele não o menciona nem uma única vez em toda a carta!

A palavra “bispo” aparece duas vezes na epístola dele aos romanos, mas nunca para se referir ao próprio bispo de Roma. Em 2:2 ela é uma referência ao bispo da Síria, que era ele próprio, e novamente em 9:1 ela se refere a ele mesmo, falando de sua igreja local, onde humildemente diz que, “em meu lugar, tem somente Deus por pastor”[3]. De duas, uma: ou o bispo de Roma era completamente irrelevante e de uma insignificância singular, ou então não existia bispo de Roma naquela época. De um jeito ou de outro, é um golpe de morte na pretensa supremacia do bispo romano (se é que ele existia!).

A outra evidência antiga de que não havia bispo romano no primeiro até meados do segundo século é a antiga obra chamada “O Pastor de Hermas”, composta na metade do segundo século. Hermas (70-155) era um cristão da comunidade de Roma e irmão do bispo romano Pio I. Quando o anjo lhe pede para ler seu livro para as lideranças que dirigiam a igreja de Roma, somente presbíteros são mencionados, e no plural:

“Tu o lerás para esta cidade, na presença dos presbíteros que dirigem a Igreja”[4]

Tudo indica que a igreja de Roma em seus primórdios era governada por um coletivo de presbíteros, sem uma liderança central de um bispo em particular. Na própria carta de Clemente aos Coríntios (95 d.C) ele não se identifica como “bispo” (e muito menos como “papa”). É por isso que muitos historiadores católicos e protestantes têm concordado que não havia a figura de um bispo romano central nos primeiros 150 anos de Igreja. O renomado historiador católico Paul Johnson, por exemplo, escreveu:

“Com efeito, provavelmente o primeiro bispo romano, em algum sentido significativo, foi Sotero (166-174)”[5]

John O'Malley, por sua vez, declara:

“Roma era uma constelação de igrejas domésticas, independentes umas das outras, cada uma das quais era livremente governada por um ancião. As comunidades, portanto, basicamente seguiam o padrão das sinagogas judaicas das quais se desenvolveram”[6]

Se isso é verdade, então toda a fábula romana em cima dos seus primeiros “papas” cai por inteiro, tal como em um efeito dominó. Você tira a base, e todo o sistema despenca sem precisar fazer esforço.


Em Irineu e em Tertuliano

É só a partir de Irineu (130-202) que vemos a primeira lista de bispos de Roma. Ela é muito parecida com a lista fornecida hoje pelos apologistas católicos, com exceção de um detalhe que é a coisa mais fundamental de todas: para Irineu, Lino foi o primeiro bispo de Roma, em vez de Pedro! Ele escreve:

“Os bem-aventurados apóstolos que fundaram e edificaram a igreja transmitiram o governo episcopal a Lino, o Lino que Paulo lembra na carta a Timóteo. Lino teve como sucessor Anacleto. Depois dele, em terceiro lugar, depois dos apóstolos, coube o episcopado a Clemente”[7]

Note que Irineu não fala de Pedro em particular, mas “dos apóstolos”, se referindo a Paulo e a Pedro. Uma vez que nenhum católico coloca Paulo na lista de “papas”, é óbvio que ele não estava falando de bispado aqui, na parte que se refere à fundação da igreja de Roma. Logicamente, portanto, o primeiro bispo de Roma na consideração de Irineu é Lino. Os apóstolos não eram bispos de Roma antes de Lino, mas apenas tiveram o papel de “fundar” a igreja, isto é, de estabelecer suas bases.

Note ainda que, para Irineu, Lino se tornou bispo romano enquanto Pedro e Paulo ainda estavam vivos, pois eles que teriam passado o episcopado a Lino. Isso se difere gritantemente da teologia católica, onde um papa só substitui outro depois que o outro morre (a não ser que renuncie, o que não é mencionado por Irineu em parte alguma). Após a morte do papa, os cardeais se reúnem para decidir quem vai substituí-lo. Contudo, na descrição de Irineu, os próprios apóstolos é que transmitiram o episcopado a Lino, o que obviamente implica que eles ainda estavam vivos por esta ocasião.

Mas por que Irineu cria uma lista de bispos, se no início a igreja de Roma era governada por um coletivo de presbíteros? Há muitas causas possíveis. Pode ser que ele estivesse honestamente enganado (por alguém). É possível que ele tenha escolhido alguns dos presbíteros romanos para estabelecer uma sucessão como “bispos”, a fim de combater a heresia gnóstica com mais credibilidade. E é possível também que ele tenha simplesmente inventado a lista para se adaptar às demais comunidades cristãs em geral (que tinham sua própria sucessão de bispos).

Vale ressaltar que Irineu era bispo de Lyon, que dependia do metropólito de Roma. Ou seja, Irineu estava sujeito ao bispo de Roma por jurisdição, e por isso não seria muito improvável que ele estabelecesse uma linha sucessiva para Roma assim como as demais igrejas possuíam. Por bem ou por mal, o fato é que Irineu passa a ser uma figura crucial no surgimento do mito da sucessão episcopal romana, e sua muita credibilidade serviu para que muitos bispos depois dele tivessem a mesma opinião. Outrossim, fica evidente que ele nega que Pedro tenha sido o primeiro bispo de Roma, uma vez que ele menciona Lino como sendo o primeiro, e coloca Pedro ao lado de Paulo, não como “papa”, mas como um mero pregador, que estabeleceu as bases doutrinárias daquela comunidade local antes dela ter seu primeiro “bispo”.

Que a lista de Irineu era defeituosa, fica evidente a partir da leitura de seu contemporâneo Tertuliano (160-220), que viveu numa época em que a igreja de Roma já tinha bispos. Tertuliano não passou uma lista de sucessão, mas cita uma informação importante ao dizer que Clemente foi ordenado bispo por Pedro:

“A igreja de Esmirna registra que Policarpo foi posto ali por João, assim como a igreja de Roma diz que Clemente foi ordenado de modo semelhante por Pedro”[8]

Primeiro, é necessário esclarecer que o fato de Tertuliano dizer que Clemente foi ordenado bispo por Pedro não implica que ele cria que Pedro fosse o primeiro bispo de Roma, porque no mesmo contexto ele diz que Policarpo foi ordenado bispo de Esmirna por João, e João era bispo de Éfeso e não de Esmirna. Da mesma forma que Policarpo foi o primeiro bispo de Esmirna, Clemente foi o primeiro bispo de Roma (ao menos na visão de Tertuliano). Se assim não fosse, o “assim como” do verso ficaria sem sentido, pois estaria em um sentido distinto na comparação.

Note ainda que Tertuliano não estava dando uma opinião pessoal, mas estava citando aquilo que a igreja de Roma de sua época dizia naquela altura. Para a igreja de Roma de finais do século II, Clemente havia sido o primeiro bispo de Roma, ordenado por Pedro da mesma forma que Irineu havia dito que Paulo e Pedro haviam ordenado Lino. Os dados simplesmente não batem. Na visão católica atual, Pedro morreu na década de 60 d.C, e Clemente só foi ordenado bispo em 88 d.C, mais de vinte anos depois. No entanto, Tertuliano deixa implícito que Pedro estava vivo quando ordenou Clemente como bispo, porque ninguém ordena depois de morto.

Para piorar ainda mais as coisas, Tertuliano não diz que Pedro ordenou Lino, mas sim Clemente, como já vimos. Mas quem sucedeu Pedro na teologia católica foi Lino, e Clemente só veio depois de Lino. Tertuliano simplesmente ignora Lino, como se não existisse! A partir destes dados totalmente conflitantes do final do segundo século d.C podemos perceber como a lista católica é um remendo tardio e posterior, feito para mascarar a fragilidade do argumento.


Em Eusébio

Eusébio (265-339), o historiador eclesiástico do século III, foi fortemente influenciado por Irineu, razão pela qual as listas conferem. No entanto, mais uma vez, falta a presença de Pedro como o primeiro bispo de Roma. Para Eusébio, Lino foi o primeiro bispo de Roma, fato este que ocorreu após o martírio de Pedro e Paulo:

“Depois do martírio de Paulo e de Pedro, Lino foi designado como primeiro bispo de Roma. Ele é mencionado por Paulo quando escreve de Roma a Timóteo, na despedida ao final da carta”[9]

Observe ainda que, para Eusébio, Lino só foi designado “primeiro bispo de Roma” depois da morte de Paulo e Pedro, o que contradiz expressamente Irineu, que, como vimos, cria que Lino foi ordenado bispo de Roma enquanto Paulo e Pedro ainda viviam.

Ainda na visão de Eusébio, Clemente havia sido o terceiro (e não o quarto) bispo de Roma:

“Paulo também atesta que Clemente - instituído terceiro bispo da Igreja de Roma - foi seu colaborador e companheiro de luta”[10]

Portanto, para Eusébio:

 Lino
 Anacleto
 Clemente

Novamente, é Lino que é considerado o primeiro bispo de Roma, em vez de Pedro. Não é sem razão que o historiador Peter De Rosa afirmou:

“Pedro só chegou a Roma nos últimos anos da sua vida, e a sua função de bispo não passa de uma lenda. Prova disso é que seu nome não aparece nas listas mais antigas da sucessão episcopal”[11]

Não vou me alongar mais sobre Eusébio porque já escrevi muito sobre ele em meu artigo "Pedro nunca foi bispo de Roma", que conta com muitas outras refutações, especialmente com base na História Eclesiástica deste bispo de Cesareia.


No Catálogo Liberiano

O Catálogo Liberiano (354) é o primeiro documento da história da Igreja que coloca Pedro como sendo o primeiro bispo de Roma (isso quase trezentos anos depois da morte de Pedro!). No entanto, o volume gigantesco de contradições com os outros documentos da época e inclusive com a própria lista oficial de papas oferecida hoje pela Igreja Romana deveria ser o bastante para que qualquer católico tivesse vergonha em ter a cara de pau de citar o Catálogo Liberiano como qualquer tipo de “prova” ou evidência histórica.

O documento é tão risível que cita dois Anacletos, ou seja, duplica o indivíduo!

Ele diz:

Pedro - 25 anos, 1 mês, 9 dias. Ele esteve nos tempos de Tibério César e Caio e Tibério Cláudio e Nero, junto do consulado de Minucius e Longinus [30 d.C] ao de Nero e Verus [AD 55]. No entanto, ele morreu com Paulo no 3º dia antes das calendas de julho, como o Imperador Nero sendo cônsul.

Lino - 12 anos, 4 meses, 12 dias. Ele esteve na época de Nero, do consulado de Saturnino e Scipio [56] ao de Capito e Rufus [67].

Clemente - 9 anos, 11 meses, 12 dias. Ele estave nos tempos de Galba e Vespasiano, do consulado de Tracalus e Italicus [68] ao de Vespasiano pela 6ª vez e Tito [76].

Cleto - 6 anos, 2 meses, 10 dias. Ele estava nos tempos de Vespasiano e Tito e o início de Domiciano, do consulado de Vespasiano pela 8ª vez e Domiciano pela 5ª [77] ao de Domiciano pela 9ª vez e Rufus [83].

Anacleto - 12 anos, 10 meses e 3 dias. Ele estava no tempo de Domiciano, do consulado de Domiciano pela 10ª vez e Sabino [84] ao de Domiciano pela 17ª vez e Clemente [95].

Evaristo - 13 anos e 7 meses, 2 dias. Ele estava nos últimos tempos de Domiciano, e de Nerva e Trajano, do consulado de Valente e Vero [96] ao de Gallus e Bradua [108].

Note que ele cita um suposto “Cleto” que sucede Clemente, e depois deste tal “Cleto” aparece seu irmão siamês, o “Anacleto”. Já na lista da Igreja Romana consta apenas o Anacleto como sucedendo diretamente a Clemente. Ou seja: o Catálogo Liberiano simplesmente inventou um sujeito que não existe! Que crédito devemos dar a um catálogo que comete um erro dos mais crassos e esdrúxulos, como esse? Se esse catálogo chega ao ponto de inventar um suposto Cleto que nunca existiu, que crédito ele tem para dizer sem sombra de dúvida que Pedro foi o primeiro bispo de Roma? A resposta óbvia é: nada.

Mas os problemas não param por aqui. George Edmundson discorreu sobre os outros erros grosseiros do tal catálogo:

"As mortes de São Pedro e São Paulo foram apresentadas como tendo ocorrido em 55 d.C. Clemente sucedeu Lino em 67 d.C e Anacleto, o verdadeiro sucessor de Lino, está duplicado e segue Clemente, primeiro como Cleto e então como Anacleto. A morte de Clemente foi preservada como tendo ocorrido dezesseis anos antes de ele ter se tornado bispo de acordo com a data mais aceita que recebemos. E os erros não se restringiram aos pontificados do primeiro século. A fonte utilizada por Hipólito não é precisa sequer sobre o Papa Pio I que, nas palavras preservadas do Fragmento Muratori, ‘..viveu muito recentemente, em nosso próprio tempo’. Hegésipo e Irineu, ambos estando em Roma por algum tempo após a morte de Pio, apresentam a ordem de sucessão como sendo Pio, Aniceto, Sotero e Eleuterio. O Catálogo transforma Pio em sucessor de Aniceto ao invés de seu predecessor”[12]

E é com base em documentos fajutos desse tipo que os apologistas católicos fazem a festa em cima dos leigos em seus sites inescrupulosos...


Em Jerônimo e em Agostinho

Jerônimo (347-420), já no quinto século, quando a tese de que Pedro foi o primeiro bispo de Roma já estava popularizada, reconheceu que a igreja da época tinha divergências quanto a Clemente. Enquanto os orientais criam que Clemente havia sido o quarto bispo de Roma, os latinos achavam que ele era o segundo!

"Clemente, de quem o apóstolo Paulo escreve aos Filipenses diz: ‘Com Clemente e outros de meus companheiros de trabalho, cujos nomes estão escritos no livro da vida’ (cf. Fl 4:3), o quarto bispo de Roma depois de Pedro, se de fato o segundo foi Lino e o terceiro Anacleto, embora a maioria dos latinos pensam que Clemente foi o segundo depois do apóstolo”[13]

Convenhamos: para não saber se o cara foi o segundo ou o quarto bispo – o que também altera a ordem dos demais – a lista de bispos nesta época não era muito diferente de um chutão na prova do ENEM. E para chutar o balde de uma vez, na lista de Agostinho (354-420) vemos o extraordinário: Clemente é o terceiro bispo de Roma![14] Sim, eles não sabiam se Clemente era o segundo, o terceiro ou o quarto bispo... mas querem que você confie neles, obviamente!


Conclusão

Não há nada que seja mais fantasioso e questionável do que a lendária “lista de papas” oferecida pela Igreja Católica Romana. Em primeiro lugar, nenhum bispo romano dos primeiros séculos era propriamente um “papa” (no sentido romano atual do termo). Nos escritos do primeiro século até a metade do segundo, não há o menor indício da presença de um “bispo” de Roma. Ao contrário: Inácio, que costumava citar muito os bispos locais de cada igreja, ignora por completo o bispo de Roma na carta a Roma, e Hermas afirma explicitamente que havia uma pluralidade de presbíteros que presidiam a igreja de Roma, em vez de um único bispo no comando.

Quando a lenda dos bispos romanos do primeiro século começa a existir, só vemos contradições nas mais diversas listas fornecidas. Para Irineu, Paulo e Pedro ordenaram Lino como bispo de Roma enquanto ainda viviam. Para Eusébio, o primeiro bispo de Roma foi Lino, mas só foi ordenado depois que eles morreram. E para Tertuliano, Pedro na verdade ordenou Clemente para o episcopado! Para o Catálogo Liberiano, existia um tal de “Cleto” que supostamente antecedeu Anacleto e que ninguém ficou sabendo. Inventaram um bispo fantasma. Mataram Paulo e Pedro doze anos antes. E para piorar, não sabiam se Clemente era o segundo, o terceiro ou o quarto bispo de Roma!

Mesmo com tantas contradições e divergências, o apologista católico fanático vai continuar batendo na tecla quebrada e insistindo que existe uma lista muito concreta e confiável de bispos romanos, que de forma bonitinha e organizada vai de Pedro até o papa Francisco. E mesmo que você prove com a História que crer nisso é como crer em Papai Noel, ele continuará insistindo. Afinal, ele é apologista católico. Não tem mais o que fazer.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,


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[1] História Eclesiástica, Livro VII, 7:4.
[2] Epístola 74 de Cipriano.
[3] Inácio aos Romanos, 9:1.
[4] Visões 8.3.
[5] História do Cristianismo, p. 78.
[6] John O'Malley. A History of the PopesSheed & Ward, 2009, p. 11.
[7] Contra as Heresias, Livro III, 3, 2-3.
[8] Prescrição contra os Hereges, c. 32.
[9] História Eclesiástica, Livro III, 2:1.
[10] História Eclesiástica, Livro III, 4:9.
[11] Peter De Rosa, “Vicars of Christ”.
[12] George Edmundson. The Church in Rome in the First Century: Lecture VII, 1913.
[13] Dos Homens Ilustres, c. 15.
[14] Agostinho, Epístola 53.

Podemos chegar à verdade sem um magistério infalível?

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Uma das táticas mais comuns do romanista é tentar desmerecer o argumento protestante a priori. Funciona da seguinte maneira:

Evangélico – Seu argumento é inválido, por causa dos motivos x e y, e por causa deste e daquele versículo bíblico que diz isso e aquilo...

Papista [Sem refutar nada] – Mas essa é apenas a sua interpretação, seu maldito subjetivista! O que você pensa que é, um papa infalível? É porque cada um de vocês interpreta a Bíblia pessoalmente que existem duzentas e cinquenta trilhões de seis heréticas e ninguém concorda um com o outro e blá blá blá blá (...) Como eu posso saber que a sua interpretação é a certa, e não a do Fulano de Tal, seu filho da serpente?! Nós temos um magistério infalível, por acaso você é infalível, filhote de Lutero????

Em geral, o ataque do papista histérico é mais feio que isso, mas eu preferi suavizar para não precisar transcrever palavrões e obscenidades sem fim. Basicamente, a estratégia do picareta é tentar invalidar seu argumento, seja lá qual for, a priori, simplesmente porque seu argumento não pode ser verdadeiro, já que você não segue um extraordinário “magistério infalível”. Ele não vai refutar seu argumento em si, o que obviamente ele não é capaz de fazer. Ele também não vai provar que o magistério dele é mesmo infalível, uma vez que o argumento que ele usa é circular e autorefutante, do tipo: “O papa é infalível porque o papa diz que ele é infalível”.

Em geral eu costumo linkar com um “clique aqui”, mas como este outro artigo é muito importante para entender esse e tem tudo a ver com o tema, faço questão que o máximo número possível de pessoas possa pelo menos dar uma olhada nele antes de prosseguir a leitura:


Este é um jeito fácil para qualquer católico se safar em um debate sem precisar refutar uma argumentação protestante que ele não é capaz de responder. Já me deparei com algo assim milhares de vezes. Em três anos de blog, nunca um católico entrou na caixa de comentários para refutar o que foi exposto no artigo respectivo. Sempre quando alguém comenta, é para deslocar o alvo da discussão para a Sola Scriptura ou o livre exame. Por exemplo: eu refuto o dogma da imaculada conceição de Maria, e eles entram para perguntar “onde está a Sola Scriptura na Bíblia”. Mesmo eu tendo um livro inteiro a respeito do tema para responder a questão e outras dezenas de artigos publicados, eles não leem nada, nem o livro, nem os artigos e nem o próprio tópico sobre imaculada conceição, e tentam mudar o foco da discussão para um âmbito em que eles acham que se dão bem.

Depois da Sola Scriptura, o princípio mais atacado é o livre exame. Por exemplo: eu faço um artigo refutando o celibato obrigatório com provas bíblicas e históricas, então o papista entra e argumenta igualzinho aquilo que eu transcrevi no início do artigo. Nenhum argumento pode estar certo, porque eles são frutos de uma reflexão pessoal em vez de ser a repetição como um papagaio daquilo que um “magistério infalível” afirma. Qualquer conclusão que você chegue por conta própria após analisar os argumentos de ambos os lados é “subjetivismo”, e você só pode estar certo se virar um zumbi do papa e balançar a cabeça positivamente igual vaquinha de presépio. Em outras palavras: ou você é um escravo chinês, ou é um “maldito subjetivista”.

Mas será mesmo que precisamos de um magistério infalível para chegar à verdade?

Se você quiser desmascarar mais este embuste papista, a coisa é extremamente simples: basta perguntar ao fanático onde estava um “magistério infalível” na época do Antigo Testamento, ou seja, quando ainda não havia nenhum papa ou Igreja Romana. Você vai deixá-lo em apuros: ou ele irá dizer que não havia como chegar à verdade sobre nada no tempo do Antigo Testamento (já que não havia magistério infalível nenhum para direcionar as pessoas neste sentido), ou ele irá inventar um magistério infalível que simplesmente não existia na época (e que, na verdade, não existe até hoje).

Comecemos com a primeira possibilidade. Se o fanático admitir que de fato não existia magistério infalível nenhum naquele tempo, mas mesmo assim achar que era possível chegar à verdade, ele terá automaticamente que abrir mão da sua falácia de que não é possível chegar à verdade na ausência de um magistério infalível. Neste caso, o argumento se torna autorefutante. Se era possível chegar à verdade sem um magistério infalível, então o magistério infalível não é necessário, e o argumento católico vai para a lata do lixo em vinte segundos de conversa.

Por isso, é provável que ele não vá por este caminho.

Suponhamos, então, que ele responda que não existia magistério infalível, mas seguisse à risca sua lógica e dissesse que naquela época realmente não era possível se chegar à verdade. Quem é o relativista agora? Talvez o papista não saiba, mas eu vou contar um segredinho: o relativista é aquele cara que acha que não existe “verdade” e “mentira”, “certo” e “errado”, “bem” ou “mal”, ou seja, que pensa que não existe nada objetivo. Se o fanático pensa que realmente não existia magistério infalível no Antigo Testamento, é ele que é o supra-sumo do relativismo, pois por milhares de anos simplesmente não havia como se chegar à verdade, já que não existia nenhum magistério infalível! Logo, o argumento papista se desmorona em cima da sua própria cabeça, o atingindo como um efeito bumerangue.

Mas de fato apenas um insano diria que por milênios ninguém podia chegar à verdade, apenas pela ausência de um magistério infalível. É óbvio que isso era possível. É lógico que já existiam interpretações corretas da Escritura, pessoas que tinham comunhão com Deus, profetas e sacerdotes que ensinavam direito ao povo – e tudo isso na ausência de qualquer magistério infalível. Se a presença de um magistério infalível fosse necessária para se chegar à verdade, então ninguém na época poderia interpretar corretamente as Escrituras, e muito menos chegar a ter um relacionamento com Deus. Só existiriam interpretações erradas e pessoas ímpias.

Este certamente é um quadro incompatível com a realidade, e, por isso, é bem provável que o papista mude de ideia.

Então o fanático irá responder pelo outro lado da moeda, dizendo que sim, existia um magistério infalível no Antigo Testamento, porque, afinal, a existência de um magistério infalível é imprescindível para conhecer a verdade. Mas tem um problema: para sustentar esta afirmação, ele terá que inventar um magistério, uma vez que não há absolutamente nada no Antigo Testamento que nos assegure isso. Pelo contrário. Quando viramos as páginas do Novo Testamento, tudo o que vemos são facções judaicas falíveis, muitas vezes brigando entre si para saber quem está com a razão.

Comecemos com os fariseus, que Jesus chama de "raça de víboras" (Mt.23:33), "serpentes"(Mt.23:33) e "sepulcros caiados" (Mt.23:27). Era deste jeito que Cristo elogiava o "evangelismo" dos fariseus:

“Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas, porque percorrem terra e mar para fazer um convertido e, quando conseguem, vocês o tornam duas vezes mais filho do inferno do que vocês (Mateus 23:15)

Para piorar, os fariseus estavam cheios de tradições orais completamente corrompidas, acrescentando doutrinas que não constavam na Escritura da época. Contra isso, Jesus exclamou:

Mateus 5:13 – E por que vocês transgridem o mandamento de Deus por causa da tradição de vocês?

Mateus 15:6 – Assim vocês anulam a palavra de Deus por causa da tradição de vocês.

Marcos 7:3 – Assim vocês anulam a palavra de Deus, por meio da tradição que vocês mesmos transmitiram. E fazem muitas coisas como essa.

Marcos 7:6,7 – Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim; em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.

Marcos 7:8 – Vocês negligenciam os mandamentos de Deus e se apegam às tradições dos homens.

Marcos 7:9 – Vocês estão sempre encontrando uma boa maneira para pôr de lado os mandamentos de Deus, a fim de obedecer às suas tradições!

Não, certamente não eram os fariseus que tinham esse tal magistério infalível!

Quais outros grupos judaicos tínhamos? Havia ainda os saduceus, que em um só versículo percebemos que era totalmente impossível que sua doutrina fosse inerrante:

“Depois os saduceus, que dizem que não há ressurreição, aproximaram-se dele com a seguinte questão” (Marcos 12:18)

Vamos para o próximo. O que mais temos? Se é que podemos considerar, havia ainda o pequeno grupo de essênios, que pareciam não gostar muito de mulher...

Assim testemunha Josefo:

“O seu número é superior a quatro mil. Não têm mulheres nem criados, porque estão convencidos de que as mulheres não contribuem para o descanso da vida”[1]

Bom, vamos ao próximo...

A última facção judaica que temos são os zelotas, mas Josefo nos diz que eles estavam “em tudo de acordo com a seita dos fariseus”[2], que já vimos que estava enlamaçada de erros. A conclusão que qualquer pessoa honesta tira a partir dos dados é óbvia: não existia nenhum magistério infalível nos tempos do Antigo Testamento. Todos os grupos judaicos haviam se corrompido, em maior ou em menor grau. Nem mesmo os sumo sacerdotes se salvavam, pois basta uma folheada rápida nas páginas dos livros proféticos para perceber o quão facilmente eles se desviavam e caíam nos abismos da idolatria e do paganismo.

A verdade nua e crua é que simplesmente não existia magistério infalível. Havia profetas, mas não um magistério infalível que dissesse infalivelmente qual profeta era de Deus e qual não era. Havia sacerdotes, mas não um magistério infalível que dissesse infalivelmente qual sacerdote era de Deus e qual não era. Havia a Escritura, mas não um magistério infalível que dissesse infalivelmente qual a interpretação correta de cada parte da Tanakh.

Se houvesse, esperaríamos encontrar um grupo na época de Jesus que se mantivesse 100% puro e leal a Deus, com uma doutrina perfeitamente correta, e que por ser infalível se juntasse a Jesus em seu ministério e desse continuidade na era da Igreja. No entanto, Jesus precisou escolher doze discípulos, a maioria pescadores sem nenhuma formação teológica ou perspectiva de vida, justamente porque todas as facções judaicas estavam corrompidas. Não havia infalíveis. Não havia magistérios. No entanto, ainda era possível se chegar à verdade.

Em suma, por qualquer um dos caminhos que o romanista queira se safar, ele está perdido. Ele está perdido se responder que não existia magistério infalível nos tempos do Antigo Testamento, e está igualmente perdido se disser que existia. Ele é obrigado a reconhecer que não existia magistério infalível nos tempos do Antigo Testamento, e que mesmo assim era possível chegar à verdade. E se era possível chegar à verdade sem a necessidade de um magistério infalível, então todo o argumento católico em torno da necessidade do magistério infalível se desfaz como cinzas no chão.

O católico é obrigado a reconhecer que é sim possível chegar ao conhecimento da verdade sem ser por meio de um magistério infalível. Ao reconhecer isso, ele não tem mais qualquer moral para se esquivar de um argumento teológico sob a mera premissa de que o argumentador fez uma “interpretação pessoal” em vez de apenas repetir o que foi dito por um “magistério infalível”.

Se você quiser dar um bug mais legal ainda na cabeça do papista, basta perguntar a ele de que forma que podemos ter certeza que esse tal magistério que nunca erra é o católico-romano na pessoa do papa, em vez de ser, por exemplo, o ortodoxo na pessoa do patriarca grego. Dessa vez nem a porcaria do argumentum ad antiquitatem cabe, pois as igrejas ortodoxas foram fundadas mais cedo que a igreja de Roma. E nem o argumento de Mateus 16:18 vale também, pois a igreja ortodoxa antioquena também é descendente de Pedro por sucessão, como podem ver clicando aqui. O papista vai simplesmente esbravejar, chorar, espumar pelos dentes, pedir pelas cartas e pela ajuda dos universitários, e no final não chegará a lugar algum, pois lá no fundo até ele mesmo sabe o quanto é sofista.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,


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[1] História dos Hebreus, Livro X, c. 2.
[2] ibid.
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